caminhei lentamente para a sala de aula, antes eu tinha procurado João pela escola, mas não o encontrei. O procuraria depois novamente. Minha cabeça estava girando, ela parecia que ia explodir. Faz dois dias que não durmo bem, deve ser esse o motivo da dor de cabeça. Me sentei e joguei os braços e cabeça em cima da carteira.
— YUMY, esta tudo bem?
cat perguntou carinhosamente.
— só estou com dor de cabeça.
respondi manhosa, a mesma começou a fazer carinho no meu cabelo.
— não sei se você se importa, mas, o João estava te procurando.
no momento que ela terminou de falar, eu me levantei.
— quando ? onde ele estava?
— assim que eu cheguei. Eu estava na biblioteca e ele veio me perguntar se havia visto você e eu disse que não.
então esse tempo todo eu o estava procurando e ele me procurando também. Ótimo!
— tenho que falar com ele.
peguei a mochila e tirei de la de dentro uma folha com o nosso trabalho escrito nela.
— pode fazer isso agora, nossa primeira aula vai ser vaga e também estamos no final do ano, eles não estão ligando muito pra gente.
ela disse sorrindo.
— eu ja volto.
falei correndo em direção a porta da sala.
primeiro fui a biblioteca e infelizmente ele não estava, fiz um caminho passando pelos corredores, mas não o achei em nenhum lugar. Se ele não estava em nenhum canto da escola, ele só poderia estar em um lugar "fora" dela.
— no campo de futebol.
sussurrei para mim mesma.
corri ate o campo, corri tanto que podia sentir o meu coração acelerado dentro do peito. Para a minha felicidade ele estava lá, correndo atrás da bola. Com o seu colete vermelho que se contrastava com sua pele morena clarinha. Os cabelos levemente suados, fiquei ali parada, apenas o observando.
no momento que seu olhar cruzou com o meu, ele largou a bola e correu até mim.
— YUMY, onde foi parar aquele dia ? eu pensei que haviam te sequestrado.
sem que eu esperasse, ele me abraçou tirando o meu corpo do chão e me girando no ar. Eu não tive outra opção, a não ser corresponder o abraço apertado.
— é uma longa história.
respondi sem ânimo.
— até imagino.
ele revirou os olhos e depois sorriu.
— então em que posso ser útil? veio me perguntar quando será o próximo racha?
— não.
foi a minha vez de rir.
— eu queria te dar isso, é o nosso trabalho.
— que eu me lembre, você aceitou ir no racha comigo, então não somos mais uma dupla, não é?
sua voz estava triste e por alguns segundos, eu também fiquei.
— aquela noite está entre as melhores que eu ja tive e eu não vou te deixar com uma nota baixa.
ele pegou o papel.
— mas, e você? o que vai escrever sobre mim?
— não se preocupe com isso. Eu fiquei poucos dias com você, mas, ja sei o suficiente.
coloquei as mãos dentro do bolso da calça.
— te vejo depois, João.
ele assentiu e eu dei meia volta. Enquanto, caminhava de volta para a sala, eu refleti um pouco. Eu iria sentir falta do João- mesmo que no início, eu meio que o odiava, mas agora mudei de opinião, ele não era um idiota/safado, ta bom...talvez um pouco, mas, apesar disso, ele era uma pessoa legal e divertida- Eu brigo com a mamãe por ela julgar o Gustavo, mas, eu fiz a mesma coisa com o João. Talvez, todos tenham isso dentro de si, mesmo não querendo, todos nós julgamos sem conhecer.
eu também iria sentir falta da cat, ela sempre foi minha amiga, Desde quando entrei na escola (colégio), aquela ruiva estava comigo.
Passei bons momentos naquele lugar (cidade), com o papai e a mamãe. Eu me lembro dos dias de domingo de manhã, quando ele me levava ao parque e eu choramingava, porque queria ir em todos os brinquedos e ele com o seu jeito brincalhão e carinhoso me explicava que eu não tinha tamanho para ir em todos.
deixar tudo isso para trás, com certeza, não era uma escolha fácil. Era a minha vida e as minhas lembranças que estava em jogo, para Gustavo deve ser mais fácil, ele não se apegava as pessoas e aos momentos como eu. Eu o amava, mas, não poderíamos ficar ali? no nosso cantinho e ser felizes.
se eu fosse para a Irlanda, poderia convencer o papai, a me deixar voltar e viver com o Gustavo. Porém, isso iria demorar um pouco. E não é fácil para mim ficar longe do Gustavo. Por que, as coisas tem que ser tão complicadas?
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o sinal da ultima aula soou, terminei de guardar o meu material e sai da sala acompanhada da cat.
— o que vai fazer esse final de semana, YUMY? poderíamos ir ao shopping, eu estou precisando comprar umas coisas.
ela disse animada.
— eu não sei, eu vou pensar e te dou a resposta depois.
eu ainda não havia contado que talvez, eu iria para a Irlanda. Eu ainda não queria falar para ela e nem para o João sobre isso.
despedia-mos no portão da escola e eu segui até o ponto de ônibus. O meu voo seria amanhã, as duas da tarde. Se eu fosse fugir, teria que ser essa madrugada. Mas, uma pergunta ainda paira na minha cabeça: era isso mesmo que eu queria?
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joguei a mochila em cima da cama e fitei as minhas malas já prontas. A minha cabeça ainda estava latejando, um frio corria pela minha barriga, meu peito estava apertado e minha vontade era de sumir. Eu queria fugir, mas, estava doendo em ter que deixar tudo para trás. Porém, eu o amo e quero ficar com ele.
ouvi umas batidinhas na porta e fui atender. Não estava esperando ninguém e tinha certeza que não era nenhum entregador. Abri a porta dando de cara com aquele loiro. O meu loiro lindo.
— precisava te ver e saber da sua resposta.
ele disse e me deu um beijo um beijo na testa.
— a gente precisa mesmo conversar.
era horrível dizer aquela frase. Dei espaço para ele entrar.
— o que foi?
— Gustavo, eu estou com medo.
respondi sentindo uma enorme vontade de chorar.
— medo do que, amor?
amor? era a primeira vez que ele me chamava assim, nem eu mesma tinha o chamado assim.
aquilo mexeu tanto comigo que por alguns segundos esqueci do que ia falar. Balancei a cabeça e voltei ao meu consciente.
— eu quero ir embora com você, mas, eu não queria ter que fazer isso escondido.
respondi sem encara-lo.
— lógico que eu quero ficar com você, mas, por que tem que ser desse jeito?
— se você for para a Irlanda também tera que dizer adeus a tudo isso. Olha...eu também não quero ir embora, mas, se for pra ficamos juntos...
ele contornou os meus lábios com o polegar.
— outra coisa, a gente pode voltar quando quisermos e ninguém poderá nos impedir.
dessa vez ele me beijou delicadamente.
— três horas da manhã, eu venho te buscar e não se esqueça de uma coisa.
eu fiquei quieta esperando ele falar.
— eu amo você.
aos poucos o medo foi embora.
"quem não arrisca, não petisca". E se um dia nós não estivermos mais juntos ? E dai? Pelo menos, eu posso estufar o peito e dizer: Pelo menos, eu tentei. Eu iria viver a minha vida, iria ser feliz.
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between reason and emotion
RomanceEla era a menina certa da mamãe, ia a igreja duas vezes na semana e chegava na hora certa. Mas isso mudou até ele chegar. Aquele bad boy de óculos escuros e jaqueta de couro, os cabelos castanhos claros e o corpo de um deus...