capitulo 15

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   era quase cinco da manhã quando eu voltava para casa com Gustavo ao meu lado. Eu tinha insistido para ele que podia vim sozinha, mas ele não deixou. E não é nada fácil convencer ele a mudar de ideia. Todos os comércios estavam fechados, a única coisa que a gente via era a rua iluminada pelos faróis de carro e postes. Uma neblina fria caia sobre a cidade, e o sereno da madrugada fazia o vidro do carro embaçar. Mesmo com o ar quente do carro, eu estava com muito frio. Apertei o sobre tudo no corpo e encolhi minhas pernas.
    olhei de relance para Gustavo, ele veio calado o caminho todo. Eu ja estou começando a achar que ele se arrependeu. Ele apertou a ponta do nariz como se quisesse esquecer o meu olhar sobre ele. Voltei a atenção para as ruas e percebi que ja estávamos chegando na minha casa. Suspirei duas vezes seguidas. Gustavo parou o carro uma esquina antes da minha casa.
— eu não quero complicar você, então é melhor descer aqui.
    ele estava certo, do jeito que aqueles vizinhos eram fofoqueiros e "amigos" da mamãe, se me vissem saindo do carro so Gustavo, eles iriam inventar horrores para a mamãe. Concordei com a cabeça e sai do carro, antes de terminar de descer. Gustavo segurou minha mão.
— eu não vou te deixar, eu prometo.
    eu me senti aliviada e confortada com suas palavras.
— acredito em você.
    terminei de sair do carro, aguentando a vontade que estava de beijar ele.
     olhei mais uma vez para rua e tive certeza que ninguém nos observava. Corri em passos largos até chegar em casa. Abri a porta tentando fazer o mínimo de barulho possível. Suspirei feliz ao ver que mamãe ainda dormia, caminhei ate o meu quarto e tirei o sobretudo, me jogando na cama. Olhei para o teto e sorri sozinha. Eu estava me sentindo completa e feliz.
     como era sábado, eu decidi ir tomar um banho, porque não iria conseguir voltar a dormir. Tirei a roupa, a colocando no cesto de roupa suja. Depois liguei o chuveiro entrando embaixo. Cada músculo do meu corpo relaxou ao sentir a água quente. Passei um bom tempo ali de baixo pensando em Gustavo e em como minha noite tinha sido perfeita.
     me enrolei em uma toalha e coloquei outra menor no cabelo, eu havia lavado meu cabelo ontem,
mas depois de tudo ele estava sujo novamente. Peguei um creme de erva doce que eu simplesmente amava e espalhei pelo corpo. Arrumei meu cabelo e coloquei uma roupa simples. Olhei para o relógio e marcava seis e meia, como o tempo passou tão rápido e eu não percebi?
    para me distrair um pouco, eu fui ler. Fiquei lendo durante um bom tempo, até mamãe entrar no quarto.
— bom dia querida.
    sua voz passou pelos meus ouvido me causando uma raiva tremenda. Fiz um aceno com a cabeça em forma de resposta.
— eu vou ao mercado, quer vir?
    por mim eu ficaria em casa o dia todo sem fazer absolutamente nada, mas, por que não aceitar o seu convite?
— ok.
     fechei o livro e o deixei sobre o travesseiro. Calcei minha sapatilha e a acompanhei para fora do quarto.
——————————————————————————-
    em menos de vinte minutos paramos em frente ao mercado. Mamãe estacionou o carro em uma vaga um pouco afastada dos outros veículos, depois descemos. Peguei um carrinho dos menores, porque não iriamos comprar muita coisa. Apenas para o almoço e jantar.
     mamãe caminhava um pouco a minha frente, e eu dava passos entediados por aqueles corredores.
— mãe.
     a chamei e ela me olhou sorrindo.
— pode olhar o carrinho agora? eu quero ver umas coisas.
— pode ir, nos encontramos daqui a pouco.
     assenti e fui para o corredor dos doces. Eu tenho certeza que esse meu vicio por chocolate é devido ao papai. Ele era confeiteiro e tinha uma padaria, e sempre que fazia trufas, bolos ou qualquer coisa que envolvia chocolate, ele me mandava provar. Acabei criando gosto pela coisa.
— olha quem eu encontrei por aqui.
     alguém disse atrás de min.
— desculpa esta falando....
    me virei dando de cara dom João.
— comigo.
— olá para você também YUMY.
    ele brincou. Até hoje não entendo porque ele começou a falar comigo, semanas antes eu era insignificante.
— parece que não esta feliz em me ver.
— e por que eu deveria estar ?
     perguntei sarcástica. Olhei para a cesta que ele tinha nas mãos, estava repleta de bebidas e energéticos, e se não me engano vi um pacotinho que camisinha la também.
— por que você me odeia tanto?
      ele parecia nervoso.
— não odeio você.
     falei a verdade. Eu não tinha nada contra o João, ate o achava legal. Mas isso não muda muito as coisas.
— então por que me trata dessa forma?
     ele deu dois passos e eu olhei para uma barra de hershey's.
— por que esta falando comigo sendo que semanas atrás nunca tinha me dado nem um oi?
    rebati.
— as coisas muda, eu comecei a te achar interessante.
— não acredito muito nisso.
     falei cruzando os braços. Ele mordeu os lábios e me encarou sério.
— como você é namorada do Gustavo, eu quis me aproximar de você.
     ele sorriu coçando a nuca.
— não sou namorada do Gustavo.
     como eu disse não tinha ideia de que tipo de relação a gente tem, pode se chamar de ficar?
— pelo jeito que a cama dele estava bagunçada hoje, creio que vocês sejam mais do que amigos.
      ele disse dando um passo mais para perto, minha boca se abriu em um O bem redondo.
— vou ignorar esse seu comentário.
     falei sem graça.
— vi você dançando aquele dia na boate, confesso que quase esqueci que o Gustavo era meu amigo e te pegava la mesmo.
    ele escorou a mão vazia na prateleira, já não bastava o Gustavo de safado, agora eu tinha que aturar o João, o galinha.
— essa piada não teve graça, lamento.
      revirei meus olhos e peguei uma caixa de bombom.
— tenho que ir, tchau.
— vamos ser bons amigos YUMY.
     o ouvi dizer, mas não me virei para responder algo. Depois de ter dado algumas voltar, eu encontrei a mamãe perto do açougue. coloquei os doces dentro do carrinho.
— ja peguei tudo que queria, podemos ir?
     perguntei.
— sim, vamos.
    passamos pelo caixa e depois fomos embora.
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     no final da tarde resolvi assistir uns filmes na Netflix. Preparei uma pipoca de microondas e me deitei no sofá. Coloquei o filme Marley e eu. Antes da metade do filme, a minha pipoca ja tinha acabado e estava morrendo de preguiça de fazer outra. Agora eu so queria ver o Gustavo e beijar ele, sentir sua pele em contato com a minha e aquele seu sorriso cafajeste. Fui tirada dos meus pensamentos quando mamãe se sentou na ponta do sofá onde eu estava.
— vamos ao culto amanhã, eu tenho uma surpresa para você.
     por que aquilo não me parecia coisa boa ? a olhei esperando o resto da sua fala.
— quero que conheça alguém, o nome dele é YOONGI, é filho da ELIZA.
— obrigada, mas não estou interessada.
     falei aumentando o volume da tv.
— e por que não?
— não quero conhecer outra pessoa, estou bem desse jeito.
     respondi e ela me olhou furiosa.
— não me diga que ainda é por causa do Gustavo.
     ela se levantou gritando.
— eu ja disse que não quero você com aquele garoto.
— eu não entendo isso, papai não era nenhum santo ou pastor quando se conheceram.
     tentei manter a calma, mas estava difícil.
— não tente comparar uma situação a outra. Há uma grande diferença.
— a é ? então me diga qual é, porque eu não sei.
    eu estava quase me descontrolando. Ela se calou e me olhou.
— olha so como esta falando, esta igualzinha a ele. Não percebe o mal que esse garoto lhe faz?
— ao contrário mãe, ele me faz bem. Muito bem.
     disse firme e sem temer o que viria depois.
— vai terminar com ele.
     ela disse respirando fundo, estava tentando manter a calma também.
— não, eu não vou.
— YUMY, você vai agora terminar tudo com esse garoto ou pode ir arrumando suas malas.
     ela apontou para a porta.
— e eu não estou brincando.
— não pode me obrigar, não pode.
      as lágrimas ja corriam pelo meu rosto, agora me obrigando a gritar.
— eu te levo ate a casa dele.
     ela saiu procurando as chaves do carro e eu me desesperei, sento no sofá com as mãos no rosto.
     sera que ela não tinha coração? sera que ela não percebia que eu não queria conhecer ninguém, não queria ninguém alem do Gustavo. Era so ele, apenas ele.
— vamos YUMY.
    quando ela foi tocar meu braço para me levantar, eu puxei com força e a olhei furiosa.
— um dia você vai se arrepender disso, guarde minhas palavras.
     sai de casa pisando firme até o carro. Logo atrás vinha mamãe sem um pingo de piedade.
     ditei a ela o caminho da casa do Gustavo que não era muito longe. Quando chegamos em frente a sua casa, eu desci do carro correndo. Toquei a campainha e ele não demorou a atender.
— Gustavo me ajude, por favor.
     o abracei com toda a minha força.
— o que foi ? o que aconteceu?
     ele perguntou preocupado, mas tive certeza que sabia do que se tratava quando olhou para trás de mim e viu minha mãe.
— ela quer me mandar para a Irlanda.
    falei em prantos, nem eu mesma sabia o porque daquele escândalo todo. Eu não estava apaixonada por ele, estava? provavelmente sim, percebi isso no momento que eu sentia falta ate do seu cheiro.
— a senhora não pode fazer isso.
— claro que posso, eu sou a mãe dela e sei o que é melhor...
— não venha com esse papo novamente.
    a cortei.
— solte-a. Você não a merece e nunca vai poder dar o que ela merece. Você é um demônio.
    ela me puxou de seus braços e Gustavo sorriu.
— demônio?
    ele repetiu com o sorriso ainda nos lábios.
— por que não deixa sua filha ser feliz?
— ela pode ser feliz sem você.
    ela ainda tinha fogo nos olhos, parecia um leão quando estava frente a frente com sua presa.
— prometa que vau ficar longe da minha filha ou eu a mando para a Irlanda, e vocês nunca mais vão se ver.
— mamãe...
    tentei falar algo, mas não consegui.
— eu prometo.
    ouvi a voz de Gustavo e senti meu coração se despedaçar.
— o que ?
   perguntei incrédula.
— eu prometo ficar longe da YUMY.
    ele disse serio.
— posso pelo menos conversar pela última vez a sós com ela?
    ela assentiu e foi para o carro. Gustavo me deu espaço para entrar em sua casa e fechou a porta.
— você prome....
    comecei a falar antes de seus lábios encostarem nos meus, unindo-os em um pequeno selinho.
— pensei que tinha dito que ia ficar longe de mim.
— você acha mesmo que eu sigo alguma regra ? sou Gustavo foganoli, ninguém manda em mim.
     ele disse convencido. O meu coração deu uma cambalhota de alegria. Passei as mãos pela sua nuca e o puxei para im beijo de verdade. Quando poderíamos repetir a dose da noite passada?
— eu odeio você.
     falei pousando as mãos em seu peito.
— seria muito bom se isso fosse verdade.
     ele sorriu de canto.
— preciso que saia dessa porta fingindo estar a pior possível de tristeza.
     sua testa colou na minha.
— prometo dar um jeito de ver você, o jeito Foganoli.
     ele sussurrou antes de me dar o último beijo.
— va logo.
    separei-me dele mesmo não querendo e abri a porta, dei uma última olhada antes de ir para o carro. Só espero que esse plano do Gustavo de certo e no final fiquemos juntos.

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