capitulo 2

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      o pastor fez a ultima oração antes de pedir que todos se sentassem. a igreja estava em silêncio, apenas a voz do pastor era ouvida. eu não ligava muito de ir nos cultos, eu ia porque minha mãe me obrigava.
— yumy, arruma esse vestido.
   a mesma cochichou no meu ouvido.
— da próxima vez use um vestido descente.
   olhei para o meu vestido que tinha um dedo acima do joelho e balancei a cabeça. dei uma puxada no vestido pra baixo e depois voltei a prestar atenção no pastor. todos olhavam aquele homem como se fosse um deus, como se ele fosse salvar suas vidas, eu já pensava o contrário, eu acredito em deus, mas não è o pastor que ira nos salvar e nem mesmo a igreja.
     mamãe era muito religiosa, não faltava a nenhum culto e sempre que podia se confessava. para ela existe so duas coisas: igreja e trabalho. não que ela não se importe comigo ou me ame, mas as vezes me sinto sozinha. eu sempre tive e tenho medo de cometer algum erro, porque a mesma sempre dizia que papai do céu iria me castigar da pior forma. ela diz que o maior pecado que o ser humano pode cometer è ter relações antes do casamento, e que os homens só queriam as mulheres pra realizar seus desejos sexuais.
       fui tirada dos meus pensamentos quando a porta da igreja rangeu, o barulho alto fez todos da igreja olharem pra entrada da mesma. todos estavam com olhares surpresos e atentos ao ver o que acabava de passar pela porta, ou melhor, quem passava.
      era um garoto, o mesmo era loiro, alto e aparentava ter seus 20 anos. usava um jeans escuro rasgado e uma camiseta de mangas longas também escura, mas com um símbolo de rock. o cabelo penteado em um perfeito topete. ele se sentou em um banco mais no fundo da igreja e aos poucos os olhares se desviaram dele. o pastor tossiu e voltou o culto de onde parou.
        eu nunca tinha visto aquele garoto na igreja e em qualquer outro lugar da cidade. as garotas que estava sentadas mais afrente comentavam algo entre elas, mas eu não conseguia entender, apenas tinha certeza que era sobre o garoto novo. arrumei meu cabelo que estava caído no rosto, colocando atrás da orelha. eu não sei porque, mas em um gesto involuntário, eu me virei pra trás, afim de encara-lo. eu apenas não esperava que ele estivesse me olhando também.
       seus olhos fitaram os meus intensamente, e eu entrei em hipnose. ele estava sentado de modo largado, um dos braços estava escorado na cabeceira do banco e as pernas estiradas. retomei a consciência e voltei a me virar pro pastor. respirei fundo umas quatro vezes. seria mentira se eu dissesse que prestei atenção no resto do culto.
   o pastor deu a benção e todos os membros se levantaram e iam saindo da igreja aos poucos. aquele garoto deve ter sido o primeiro a sair, porque quando olhei, o mesmo já não estava mais la. do lado de fora as pessoas se cumprimentavam e desejavam um otimo final de domingo. rodei os olhos por todos os lugares e achei o mesmo um pouco distante dos membros da igreja. parado e com uma das mãos dentro do bolso da calça, a outra segurava o cigarro que o mesmo levava até a boca. foi quando o mesmo me olhou e soltou a fumaça. abracei a mim mesma, não so pelo vento frio que estava, mas também pelo calafrio que seus olhos me transmitiu. o vi jogar o cigarro no chão e tirar algo do bolso, ele deu mais alguns passos até chegar perto de um carro preto. ele abriu a porta e entrou, depois deu partida e sumiu do meu ponto de vista.
— vamos yumy ?
     mamãe me chamou e eu me despedi da mulher que antes conversava com ela, apenas por educação.
      entrei no carro e tentei me esquentar um pouco. não pensei que hoje pudesse fazer tanto frio. mamãe entrou colocando a bolsa no banco de trás e ligando o carro,
— foi um ótimo culto, nè?
      ela disse.
— foi sim.
      respondi baixo e encostei a cabeça no vidro.
— so fiquei com medo daquele garoto que entrou no final do culto.
      ela falou arrumando o retrovisor.
— por que ficou com medo?
— ele parecia um marginal, foi-se o tempo em que na igreja so entrava pessoas do bem.
       eu odiava quando ela falava assim, como se fosse melhor que os outros. mamãe tinha essa mania de julgar os outros sem conhecer. não respondi nada, apenas continuei olhando as ruas pela janela. voltei pensar naquele menino, sera que ele iria aparecer na  igreja novamente? estranhei meu interesse repentino nele. chegamos em casa, em poucos minutos. depois de sair do carro, subi pro meu quarto e fui tomar um banho.
        a água estava bem quente, do jeito que eu gostava. enrolei-me na toalha e fui procurar um pijama, o meu corpo estava tremendo de frio. coloquei as partes íntimas, depois um conjunto de moletom.
   me deitei na cama e fiquei olhando para o teto. amanhã eu tenho um teste de matemática na escola e preciso estudar um pouco,  mas cadê a vontade pra isso?. ouvi batidas na porta.
— entra.
    falei e minha mãe abriu a porta vindo até minha cama sorrindo.
— filha queria conversar com você sobre uma coisa importante.
    ela se sentou na beirada da cama e eu fiquei naquela famosa posição de índio.
— pode falar.
— bem, eu tenho um novo cliente em nova york e preciso viajar pra la semana que vem.
    ela disse calma.
— não posso viajar na semana que vem, as minhas aulas ainda não acabaram.
— è sobre isso que eu queria conversar, eu vou pagar uma empregada pra ficar os três dias com você durante o dia, eu acho que pode ficar sozinha a noite.
— como quiser mamãe.
    por dentro eu estava feliz, ter a casa so pra mim seria muito legal.
— ótimo, desça pra comer alguma coisa.
— tudo bem.
     assenti e ela saiu. me joguei novamente no colchão e fechei os olhos. a única coisa que rodava meus pensamentos era aquele garoto loiro. e a enorme vontade de velo novamente, encarar aqueles lindos olhos  azuis de perto. céus, que garoto gostoso era aquele?

between reason and emotionOnde histórias criam vida. Descubra agora