capitulo 20- vanessa

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    caminhei vagarosamente após ouvir o sinal, cat disse que eu precisava ter calma e eu iria tentar. Entrei na biblioteca vendo o local plenamente vazio, apenas duas pessoas além de mim estavam lá, e uma delas era João. Com certeza não iríamos demorar mais do que vinte minutos naquele trabalho, depois eu iria aproveitar o resto do dia com o Gustavo.
— vamos acabar logo com isso.
     falei me sentando ao seu lado.
— tudo bem.
    ele escorou os braços na mesa. Peguei uma folha de sulfite que estava na mochila e João me emprestou a caneta.
— comece você.
— por que eu ?
— porque sim, para de ser chata e vamos começar logo.
    revirei os olhos e ele continuou.
— o que gosta de fazer?
— gosto de ler, ouvir música, dormir e fazer bolos de chocolate.
     respondi e ele me olhou mordendo os lábios.
— n-não vai anotar isso no papel?
— não preciso. Eu sou muito bom em lembrar-me das coisas.
     ele sorriu e continuou.
— com que tipo de roupa você dorme?
— mas que raios de tipo de pergunta è essa?
    perguntei incrédula.
— uma pergunta normal. Quer dizer que você dorme nua? bom saber.
     ele analisou as minhas pernas cobertas pela legging preta, revirei os olhos.
— adoraria entrar em seu quarto a noite e te encontrar sem roupa.
     ele disse as últimas palavras em sussurro. Senti um arrepio em minha espinha, e o pior que não sei se foi repugnância ou porque gostei de ouvir aquilo.
— continuando...
    pigarreei.
— você bebe?
— não.
    respondi logo.
— posso fazer algumas perguntas agora ? preciso sair logo daqui.
    ele assentiu.
— certo. O que faz nas horas vagas?
     ele se apoiou na cadeira com as mãos caídas para o lado do seu corpo, suspirou fundo e depois voltou a me encarar.
— por que me escolheu como sua parceira?
    fiz outra pergunta, não sei porque, mas aquilo me intrigava.
— porque gosto de você.
    dessa vez ele sorriu exibindo as covinhas. Se ele disse aquilo para surtir algum efeito, não conseguiu. Por um instante os meus instintos falaram mais altos e fizeram meus olhos percorrer seu corpo. Ele estava vestindo uma camiseta preta, uma calça jeans escura e um tênis preto. Nem de longe João era feio.
— tem certeza que não sente nenhuma atração por mim?
— o que ?
     falei sentindo o meu rosto esquentar.
— mas è claro que tenho.
— sabe YUMY, você è uma das poucas garotas que eu amaria ter.
— oh estou emocionada.
     falei irônica.
— você è um sem vergonha, eu sou namorada do seu melhor amigo e você sabe disso.
— mas ai que esta a graça da brincadeira...
    o cortei.
— eu não estou achando graça nenhuma.
— teremos a semana inteira para nos divertir.
    ele piscou.
— você não ve graça, porque não quer ver a graça.
— eu achei que Gustavo fosse louco, mas você o superou.
— obrigado.
     ele riu.
— Gustavo e eu somos amigos a um bom tempo, e ele nunca gostou de uma garota como gosta de você. O que sera que você tem de diferente das outras garotas?
    o olhei sem saber o que falar.
— podemos voltar ao trabalho?
— claro.
— o que gosta de fazer nos fins de semana?
— jogar futebol e sair com os amigos.
— legal.
    falei anotando. Fiz mais umas cinco perguntas e tínhamos terminado o primeiro dia de trabalho.
— te acompanho até a saida.
    dei de ombros pegando a mochila. Caminhamos em silêncio até a saida da escola. Demos de cara com o Gustavo, ele nos olhou com a sobrancelha arqueada, provavelmente esperando uma explicação para o meu atraso e por estar junto ao João.
— ele è o meu parceiro no trabalho da escola.
    falei caminhando até ele.
      ele assentiu sorrindo e me puxou dando um beijo. Retribui com a mesma intensidade, esquecendo completamente que o João estava ali.
— vamos dar uma volta?
    ele disse animado.
— quer vir também João?
— claro, vou pegar o meu carro.
     ele foi em direção ao estacionamento da escola.
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      Gustavo parou o carro em frente a um bar pequeno, suspeitei que o João e o Gustavo ja se reuniram ali varias vezes, pois, todos se conheciam.
— Gustavo, meu Deus.
    ouvi uma voz feminina e me virei para ver a quem pertencia. Era uma garota loira de olhos claros. Bem bonita. Ela veio em nossa direção e abraçou o Gustavo.
— quanto tempo garoto.
    olhei para o uniforme que ela vestia. Um short jeans desfiado, uma camisa branca con o nome do bar bordado em verde. Deveria trabalhar ali.
— não ando com muito tempo disponível.
    ele respondeu.
— oi João.
    ela disse sorrindo.
— fala Vanessa.
    ele falou me fazendo ter uma lembrança. Eu ja tinha ouvido aquele nome algumas vezes.
— essa è a YUMY.
    ele apontou para mim.
— prazer.
    ela me estendeu a mão.
— como vai?
    perguntei a cumprimentando.
— vou pedir alguma coisa para a gente.
     Gustavo falou e a loira circulou o balcão, João me puxou pelo braço e eu o olhei sem entender.
— vamos procurar uma mesa.
     ele disse. Havia alguns homens jogando sinuca e bebendo, todos me olharam analisando o meu corpo. Me sentei ao lado do João apenas por segurança.
— conhece ela?
    perguntei me referindo a Vanessa.
— è uma velha amiga de Gustavo.
    Gustavo ainda estava no balcão conversando com ela, os dois riam animadamente. Senti uma pitada de ciúmes.
— não se preocupe, eu ainda prefiro você.
     tive que rir desse comentário dele.
— você definidamente não presta.
    falei dando um soco de leve em seu braço.
— e você definidamente gosta disso.
    ele disse rindo.
— eu não falo mais nada sobre isso, eu ja te pedi para parar.
    falei seria. Gustavo veio para a mesa e junto trazia refrigerante e fritas.
— então sobre o que è o trabalho de vocês?
    ele perguntou comendo uma batatinha.
— temos que fazer uma ficha de perfil e entregar no fim de semana.
    respondi.
— è isso ai.
   João concordou.
— temos uma festa para ir no sábado.
— festa? onde?
    João perguntou animado.
— na casa do Coutinho.
    ele respondeu.
— vamos?
— to dentro.
    João respondeu e os dois me olhou esperando minha resposta.
— tudo bem, eu vou.
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    senti o carro parar e uma dor de cabeça aguda se iniciar. Olhei para o Gustavo ao meu lado e ele tinha uma expressão séria no rosto.
— o que foi?
    perguntei.
— acho bom esse lance entre você e o João seja mesmo trabalho.
    ele disse olhando para o painel do carro.
— não confia em mim?
     perguntei meio triste.
— em você sim. Eu não confio no João.
     ele soltou um risinho.
— não se preocupe, a gente nem amigos è direito.
— assim espero, ao contrário, eu juro que quebro a mandíbula dele em quatro partes.
     percebi o tom furioso em sua voz, dessa vez ele não estava brincando.
— venho te buscar amanhã, tudo bem para você?
    sorri largo.
— claro que sim, até amanhã Gustavo.
    dei um beijo em sua bochecha.
    sai do carro e fui direto para casa, aquele dia tinha sido estranho demais. Primeiro o meu parceiro de trabalho estava sendo o João e comprovei que ele era mais safado que se podia imaginar, em segundo, eu tinha conhecido a Vanessa, que em meu ponto de vista ja tinha sido mais do que amiga do Gustavo, e en terceiro o Gustavo era um ciumento obsessivo.
   terminei de beber água e guardei a garrafa na geladeira. Subi para o meu quarto. Estava cansada e não fisicamente e sim mentalmente. Precisava de férias e talvez um tempo só para mim.
     voltando ao assunto Vanessa...ainda estou com ciúmes daquele momento dela com o Gustavo no bar, ele parecia se importa mais com ela naquele momento. Notei isso quando ele nem ao menos virou para me apresentar, como se eu fosse uma qualquer.
    acho que a ciumenta obsessiva sou eu.

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