capitulo 4- eu não mordo, só se você pedir

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     prendi meu cabelo em um coque e coloquei a blusa da escola. desci as escadas correndo com a mochila nas costas e mamãe estava preparado o café da manhã.
— pensei que fosse trabalhar hoje.
      falei abrindo a geladeira e pegando uma garrafinha de coca, sim eu tomo coca de manhã cedo.
— resolvi mudar, eu preciso arrumar minhas malas pra domingo.
      ela falou sorrindo.
— que bom, então pode fazer um bolo de brigadeiro hoje a tarde.
      falei me escorando na mesa e abri a coca bebendo. ela me olhou com uma cara engraçada.
— o que foi? você disse que iria ficar em casa o dia todo.
— e você precisa comer rápido, senão vai se atrasar.
      ela falou me apontando o relógio pendurado perto da porta.
— você nunca foi de se atrasar, por que isso agora?
— não sei, estou demorando pra dormir a noite.
     respondi sem nem prestar atenção na burrada que tinha acabado de fazer, mamãe era obsecada com meu bem estar. quando eu dizia que estava com dor de cabeça, ela ja queria me levar no pronto-socorro fazer raio X.
— não deve ser nada demais.
— como assim nada demais ? por que não anda conseguindo dormir ? algo esta te incomodando ?
       a não ser um loiro chamado Gustavo, e que eu não consigo tirar da cabeça, nada me incomoda.
— YUMY, esta me ouvindo?
— e-eu tenho que ir, até mais tarde mamãe.
       peguei a mochila, uma torrada e sai correndo de casa. falando em Gustavo faz quatro dias que eu não o vejo. eu sei que não o conheço bem, mas minha vontade era de ver e falar com ele. cheguei rápido na escola e graças a deus não estava atrasada. me
misturei aos outros alunos quando o sinal bateu e fomos pra sala. sentei-me como de costume perto da janela e fiquei observando o campo la fora.
        a primeira aula era de literatura, a matéria era legal, mas a professora era extremamente chata. me arrumei na cadeira e tentei prestar atenção na aula.
        apoiei minha cabeça na mão e comecei a copiar o que a professora passava na lousa. quando ela finalmente parou de escrever, começou a explicar a matéria.
         comecei a ficar entediada. a caneta batendo em cima da mesa e a boca a cada 20 segundos se abrindo em um bocejo, era assim que eu me encontrava agora.
          outra vez me lembrei de Gustavo e imaginei o que ele poderia estar fazendo agora, com certeza è melhor que estar na escola.
          o sinal anunciando que a aula havia terminado soou alto pela escola e eu dei graças a deus por isso. sai da sala pra troca de aulas, passei no meu armário e peguei o livro de biologia.
— não percam o jogo dos tiger's no sábado.
       um garoto passou gritando e entregando folhetos do jogo pra todos. tiger's era o time de futebol da escola.
— vai no jogo yumy?
        cat chegou do meu lado perguntando. a mesma era uma garota ruiva e baixinha, a gente conversava as vezes durante as aulas de física.
— não sei, você vai? 
     fomos caminhando juntas e conversando.
— eu quero muito ir, vamos vai ser legal.
     ela falou animada e me balançando pelos ombros.
— tudo bem, eu vou.
     respondi, acho que não teria nada de mau em um jogo de futebol.
— ótimo ate daqui a pouco.
     as outras aulas foram piores do que a primeira. quando estava saindo da escola, cat me chamou.
— yumy, eu estarei aqui  amanhã as 16:00. vou te esperar nas arquibancadas.
     ela sorriu animadamente.
— certo, até amanhã.
      sorri de volta. provavelmente a escola estará cheia amanhã por conta do jogo.
— até.
    ela acenou e fez o caminho até o carro do seu irmão.
    atravessei a rua, mas acho que estava tão distraída com meus pensamentos que não vi a droga do semáforo aberto. a única coisa que vi foi uma buzina, luz forte e logo depois senti meu corpo cair no chão. foi uma pancada tão forte que eu estava sentindo muita dor na cabeça.
— ai minha cabeça.
    murmurei com a mãe na testa.
— você está bem?
     a voz grossa me despertou me fazendo olhar em sua direção. fitei aqueles lindos olhos azuis, eu estava no céu? não era possível que ele estivesse ali, não mesmo.
— estou sim, apenas um pouco tonta.
     respondi, notando várias pessoas amontoadas tentando saber o que tinha acontecido. ele me ajudou a levantar e me colocou de pé. minha cabeça estava doendo e não era pouco. meu tornozelo também doía bastante.
— foi mal, eu não te vi atravessando.
    ele me segurou pra não cair.
— mas você deveriam ter prestado atenção também. quer ir pro hospital?
— não, não precisa.
      E era verdade, por incrível que pareça eu estou bem.
— quer uma carona até em casa?
— também não, obrigada.
      agradeci e dei as costas pra ele voltando a andar. droga, eu queria tanto ve-lo, mas sempre que o vejo, eu saio correndo. continuei meu caminho mancando um pouco. outra vez vi aquele carro preto do meu lado. o vidro abaixou.
— entre logo ai, garota. para de ser teimosa.
     sua voz saiu em um tom de ordem. eu não tinha escolha, estava com dores no corpo e minha cabeça estava preste a explodir. abri a porta do quarto e entrei.
— vai me falando o caminho, okay?
— aham.
     foi a única coisa que consegui responder. fiz de tudo para não olha-lo, mas foi impossível. ele era tão lindo e aqueles olhos...meus deus sem comentários. balancei a cabeça e voltei meus olhos pra estrada.
— estou começando a achar que você tem medo de mim, yumy.
     Ele disse sem me encarar.
—não tenho medo de você.
      respondi tremendo um pouco.
— e o que foi fazer la na escola?
— meu amigo estuda la e hoje eu fui busca-lo pra gente dar umas voltas.
    minhas mãos suavam como todas as vezes que estava com ele. as limpei na calça.
— entendi.
    senti uma leve pontada na cabeça e uma enorme tontura.
— tem certeza que não quer ir ao hospital ?
      ele perguntou serio.
— tenho, eu estou bem e não quero ir pra la.
     falei passando a mão pela minha testa.
— não quer ir pra la ou esta com medo de ir comigo?
     ele tornou fazer a pergunta sobre o medo.
— ja disse que não tenho medo de você, è difícil a acreditar nisso?
— na verdade sim, por que não olha nos meus olhos enquanto falo com você?
     ele perguntou com a voz de quase em um sussurro e a voz mais rouca. senti um arrepio me percorrer. o encarei e abri a boca pra responder, mas nada saiu.
— eu não mordo yumy.
    ele disse e juro que vi seu olhar percorrer meu corpo.
— só se você pedir.
    senti meu rosto esquentar e pra piorar a situação, ele mordeu os lábios. soltei um suspiro longo e desejei chegar logo em casa.

between reason and emotionOnde histórias criam vida. Descubra agora