Capítulo 66

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Choro. Medo. Insegurança. Terror. Dores e traumas. Uma pintura perfeita de um retrato do caos.

- ALFA! Você está bem? O que aconteceu?

- Senhor. O lugar era um ninho de sanguesugas, vários fugiram se misturando nas sombras. Há matilhas atrás de qualquer fugitivo.

- Lobisomens que se ajoelharam estão contidos na zona oeste, a maioria são adolescentes e uns precisam de amparo psicológico. Como proceder? Cadê o Supremo?

- O pessoal da inteligência já adentraram o local para capturar informações.

Ao sairmos, Patrick que me ajudava a andar foi confrontado pelo seu pessoal. Ele passou por todos pedindo para aguardarem e esperarem o Supremo se pronunciar. Nos afastando, ele me ajudou a sentar numa rocha e se apoiou nela acompanhando meu suspiro pesado.

Não dava para ver tudo, mas estava de frente para o portão principal que estava arregaçado. Vi Sexta sair carregando Segunda e Terceira um pouco depois segurando Quinta. Ambas se acolheram perto da porta encostando nossas irmãs na parede e se agachando exaustas e doloridas. Estavam arrasadas.

Meu espírito estava como a chama de uma última vela presente em um ambiente. Nos últimos dias e situações ela ameaçava apagar, pela cruel brisa fria que sempre a atacava, mas continuava se reerguendo. O calor dela destruía a vitalidade de meu corpo, da cera, me deixando pequena. Mas agora, nesse momento, vendo os cadáveres de minhas irmãs, ela havia apagado por completo.

Eu oficialmente estava devastada.

Eu cheguei até aqui perdendo tudo; Quarta, Betina, minha mãe Amália, Quinta, Segunda e praticamente Primeira, que nem tão cedo devo reencontrar. Eu quase perdi minha loba também nessa jornada.

Eu sai naquele dia do Instituto pensando encontrar paz e liberdade e eu só achei várias decepções.

- Alfa, algum problema? Está ferido? - Uma voz feminina se dirigiu ao Patrick, não fiz questão de saber.

- Estou bem, verifique ela. - Ele colocou a mão no meu ombro e eu a tirei, sem paciência para aquilo - Não, melhor esquecer. Ela precisa de um tempo.  Verifique os maiores necessitados, principalmente quem ainda está lá dentro. Só me dê um suplemento para a dar.

Eu ouvi passos se afastarem e Patrick estendeu uma barrinha estranha e uma garrafa de água.

- Precisa revitalizar suas fibras e se hidratar, está pálida. - Eu peguei concordando, abri os dois devagar e mordi o cereal para me recompor. Meu corpo precisava mesmo é de carne - Não é uma carne suculenta mas tem as fibras que um lobisomem precisa - Beijou o topo da minha cabeça - Eu tenho que ver como estão os outros, pode ficar aqui e dar apoio às suas irmãs. Quando eu saber que tudo está sendo encaminhado para a finalização, eu irei vim te buscar e te levar para casa. Poderá descansar como merece lá. Voltarei com roupas para você não ficar nua na frente de toda essa gente. - Alisou minhas costas antes de ir.

Eu não me deixei pensar em nada, deixarei para fazer isso quando eu puder descansar a mente sem nenhuma preocupação. Havia consumido um terço do que me deram e, suspirando, me levantei sentindo todo o meu corpo dolorido e indo até as garotas.

- O que acha que vão fazer com a gente? Onde vão nos colocar? Ninguém aqui parece bonzinho, e todos estão desconfiados. - Ouvi Terceira dizer - Acha que devemos aproveitar que estão ocupados com outras coisas e fugir?

Eu não consegui me aproximar o suficiente para dizer algo, nem tive tempo de me defender quando alguém atrás de mim puxou meu cabelo até o chão me derrubando. Grunhi ao atingir o chão sentindo lascas de pedras irritarem minha pele. Ainda estava desorientada pela queda inesperada quando senti uma pisada na minha barriga.

A Loba SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora