Capítulo 8

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E com os raios de sol batendo em meu rosto, eu acordo contemplando a incrível sensação de ser acordada assim. Essa incrível sensação de ser acolhida ao acordar pelo calor do sol e com o soar dos pássaros era indescritível para mim, não havia gritos ou choros ao meu redor, cores frias e apagadas me envolvendo e nem o medo e a insegurança se fazendo presente.

Era libertador. 

Sento no sofá onde havia dormido e respiro fundo apreciando o cheiro das flores que invadiam a sala e logo sinto outro cheiro delicioso.

- Bom dia. Venha, fiz o café. - Diz Betina atrás de mim. Me levanto e vou até ela - Gosta de café? - Empurra uma xícara em minha direção.

- Nunca bebi - Digo cheirando a bebida e era onde o cheiro delicioso vinha.

- Experimente então, acorda nosso cérebro. - Ela dá um gole em sua xícara e logo belisca um pão.

Eu encaro a xícara em minha mão e me determino a tomar.

Eu sabia o que era um café, os lacaios de Corfin bebiam no Instituto, só nunca tinha experimentado.

Bebo e sinto o gosto amargo, muito amargo, dele e faço uma careta ao engolir. Não minto, acordou uma parte de mim que ainda estava molenga.

- Tem açúcar, adoça o gosto. - Betina diz rindo e eu tento fazer isso - Beber com pão é maravilhoso.

Com o açúcar realmente melhorou o gosto mas não é algo que eu beberia em quantidade. Betina me encarava o tempo todo enquanto comia e fazia feições estranhas. O silencio me deixava desconfortável mas ela parecia nem notar.

- Então - Limpo a garganta - O que deseja ou procura para me manter aqui? - Digo apoiada na bancada e ela parece sair do transe.

- Como?

- Aprendi que tudo que os outros fazem é a troca ou a busca de algo. Qual é seu interesse em mim? - Levanto uma sobrancelha

- Já respondi isso ontem. - Diz arrumando a bancada.

- Não me convenceu. - Ela me dá as costas e leva os instrumentos até a pia.

- Vou melhorar a resposta então. - Ela começa a lavar as coisas - Vivo nessa cabana há muito tempo sozinha, desesperançosa e cabisbaixa, somente esperando o meu fim. Já não tenho uma idade e ou corpo bons... Confesso que ao te ver senti uma leve identificação comigo mesma, você estava perdida, sozinha e desesperançosa em meio daquela situação, além de precisar de ajuda. - Ela para a ação e encara a janela apoiando as mãos na pia - Ao entrar em contato com você senti outras coisas mais intensas. Mágoa, dor, sofrimento, tristeza, desorientação, raiva.  Os que mais me tocaram foi a desilusão e a ingenuidade presente. - Eu a analisava atentamente

O que ela quer dizer com isso tudo?

- A que importa isso? - Digo indiferente e ela se serve outra xícara de café

- Importância a alguém se relaciona com o tanto que o fato interfere em sua vida, tanto como a influência com a pessoa - Ela anda em direção a sala como se estivesse me ignorando - Interfere em mim? Não. Tem influência sobre mim? Não. A questão seria outra. - Se senta no sofá empurrando a coberta que havia me emprestado e eu me aproximo dele.

- Que questão?  Aonde quer chegar? - Digo séria apoiando as mãos no sofá

- A questão presente seria o interesse e a curiosidade envolvendo a senhorita.

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