Capítulo 52

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Quando Patrick recebeu a mensagem dizendo que o Supremo Alfa estava vindo, nos preparamos e fomos de encontro para ele, não sem antes eu cuidar da antiga cabana de Betina por uma última vez. O Patrick disse que estávamos mais perto do aeroporto do que do centro da alcateia então seguimos para lá.

Eu não resisti, não fiquei de teimosia ou neguei ir com ele. Eu ainda estava sentindo um vazio esmagador dentro de mim, estava atolada de dúvidas e inseguranças e a única coisa que eu tinha certeza era que meu corpo se atraía a ele. Era um tipo de instinto estar ao seu lado. Depois de tudo que passei, eu abaixei todas as minhas proteções para me entregar ao vazio da minha alma, queria estar só ali porque sabia que aquela imagem cinzenta iria me proteger de qualquer dor, mas aquele vínculo estava lá, não me deixando desabar e ficar sozinha para meu sofrimento interior.

Sabrina estava certa, um lobisomem não conseguia viver sozinho, era contra a natureza dele. Eu tinha entendido esse laço de companheirismo, era uma alavanca de emergência para não deixar nenhum lobo ruir. Quanto mais pessoas você tivesse, ou melhor, quanto mais vínculos e laços você tivesse, mais fraco esse laço de companheirismo ficaria. Ele estaria guardado, guardado dentro de uma caixinha transparente dentro de você, seria opcional você quebrar ou abrir essa caixinha. Você não precisaria dela, não estaria sozinha ou desprotegida. Então, você poderia rejeita-la ou nega-la.

Meu caso era crítico, era uma alma solta sem âncora nenhuma. Não tinha mais apegos ou pessoas queridas para me aninhar. Eu estava sozinha e apagada.

A chama de vida de um lobo nunca se pode apagar, e a minha estava por um fio. Eu não tive participação de escolha ao libertar aquele laço que me ligava ao Patrick.

Eu o sentia tão quente, com tanto calor. Ou ele era muito vívido ou eu estava muito perto do frio da escuridão.

Eu prometi nunca me entregar ao vazio, não deixar minha mente quebrar por causa daqueles imundos.

Minha nossa. Eu tinha deixado, descumpri outra palavra. Patrick tinha me salvado no último momento, me ligando a ele. Eu não tinha mais nada para fazer do que o acompanhar, junto com o grupo do Supremo, até sua casa.

Sinceramente, eu não sabia se era bom ou ruim me deixar ficar dependente de sua presença em minha vida. Por um lado, eu sabia que se ficasse eu sempre teria uma base, não iria sucumbir. Por outro, eu ficaria depende dele, perderia qualquer esperança de ser realmente livre e teria algo que seria meu ponto fraco, e ele seria exposto.

- Você está bem, que bom. - Levanto a cabeça percebendo a presença de Sabrina.

Sua feição estava diferente, tinha perdido um pouco daquela luz ingênua que continha antes, como se amadurecesse. Ela deu um sorriso de lado para mim e eu retribui vendo que seu olhar não era tão mais doce quanto era antes.

Tenho que lembrar que a dei as costas enquanto uma bruxa apagava ela para eu reencontrar minha mãe.

- É. E você?

- Fiquei com uma resseca no outro dia, já passou. - Assenti para ela com um pouco de vergonha.

- Onde está Daniel? Quero ver ele para confirmar. - O Supremo Dominic questiona o Patrick no primeiro passo que dá ao entrar na grande casa.

- Supremo. Que bom que o senhor decidiu vir, e que tenha interesse no ômega Daniel. - O tenente Aiko se pronuncia. 

Confusão perpassou em seu rosto por milissegundos antes de deixar sua cara impassível novamente.

- Em o que ele está metido?

- Qual sua relação com Daniel? - Pergunto com seriedade

A Loba SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora