Capítulo 22

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Corredores é a forma física do suspense e do nervosismo, do terror. Você não sabe o que vem a seguir.

Eu estava em um, presa a uma maca sendo levada para um lugar que seria meu novo pesadelo. Com certeza.

- Me soltem. Me deixem ir - Digo baixo como se usasse meu último fôlego.

- Ela ainda está consciente? Precisa aumentar a dose do sonífero para esta. - Diz um dos dois lacaios que me conduziam

As paredes acimentadas com rachaduras e algumas portas passavam como vultos em minha volta, me deixavam desorientada. As rachaduras e as portas serviam como um fator da hipnose que eu estava sentindo.

Era um corredor longo e cinza, eu sabia que no final haveria uma porta negra que seria o convite para uma nova sessão de dor e sofrimento.

- Me soltem! - Puxo meus pulsos que estão presos e não consigo sair - Por favor - Suplico - Parem com isso.

- Quantos ml deram para essa?

- 15ml, sabe que elas não devem entrar em sono profundo, precisa estar com um mínimo de consciência para vermos os estímulos.

- Ela está acordada e falando, o doutor que vai mexer em sua dose então.

Os vultos aos meus lados não paravam de passar. Acredito ter visto uma sombra me encarando triste.

- Parem! Não quero ir. Me soltem. Por favor moço - Minhas lágrimas já desciam dos meus olhos.

- Calma garotinha, tudo vai acabar bem. Ouviu? Se for obediente e uma boa garota irá ganhar um pirulito amanhã.

- Sim, é só acordar amanhã que receberá.

A porta negra já estava ali, me aguardando.

- Não! - Me remexo - Eu quero viver, eu quero viver, eu quero viver. Me deixem viver, me soltem - Me contorço na maca e como um piscar de olhos eu já tinha entrado pela porta negra

- A dose inicial está fraca para esta, precisa ser regulada. - Sinto minha cabeça ser acariciada.

- Isso é uma coisa boa. Quem é a garotinha de ouro? - Aquele rosto, era ele que amaldiçoava cada parte do meu corpo - Ganhará doces no fim se ficar quietinha. - Fecho os outros e me concentro em cantarolar uma  música mentalmente.

Minhas lágrimas já corriam soltas mas todo o meu corpo congelou quando eu abri os olhos.

Não, não, não. 

- Sétima! Por favor, não - Ela estava chorando. - Por favor, por favor, por favor. Não faça isso. - Ela vai para trás com as mãos em frente ao seu corpo

Era fútil essa ação, nossas mãos nunca conseguem manter nossos medos afastados.

- Seu progresso sobre elas está sendo lento, precisamos aumentar as motivações senão o cronograma vai ser atrasado novamente. - Uma sombra diz.

- Faça isso, faça. Adiar não vai melhorar em nada. Vamos - Dizia a voz na minha cabeça

- Sétima, não, por favor - Me abaixo no chão e pego uma adaga - Pare, pare com isso! - Ando até ela que estava encurralada na parede - Eu não fiz nada, nada de errado, nada - Seus soluços já estavam altos. - Eu quero viver, eu só quero viver - Paro na frente dela encarando seus olhos com pena.

Isso não pode ser evitado.

Quando menciono me mexer ela chuta minha barriga e me soca correndo para o lado.

A Loba SelvagemOnde histórias criam vida. Descubra agora