Annie Collins-Montenegro
O clima na casa estava um pouco pesado. Já era a manhã de um novo dia e eu estava apreensiva e preocupada pensando se Dominic saiu ou não do escritório do alfa Bouvier. Eu estava tensa em num nível de apreensão incomum, provavelmente ele também está.
Compreensível, eu já sabia da delicadeza do assunto "Daniel Montenegro" para com a família. Eu sabia da frustração, mágoa e dor que Dominic sentia pelo irmão perdido junto a mãe. Esse amor contido pelo caçula dos irmãos inspirou a nomeação do nosso filho, Daniel II. Mesmo eu podendo participar da discussão e das estratégias, eu decidi dar esse espaço para ele, ele que estava ansioso e nervoso por seu aparecimento repentino e inesperado. Descobri que ele também é meu irmão há dias, quem sou eu na fila do pão?
Não seria falsa dizendo que estou ansiosa para o encontrar, encontrar meu meio-irmão. Ter conhecimento sobre nossa ligação sanguínea não faríamos de nós uma família, ou melhor dizendo, não iria brotar um sentimento atrativo afetuoso e totalmente acolhedor.
No máximo rolaria um clima pesado e desconfortável.
Sangue não significava família, só descendência. Família significava laços, conexão, apoio mútuo. Então sim, eu não estava nem um pouco confortável com meu meio-irmão e nem com esses meus primos. Não possuía laços, conexão e sem sentia esse apoio familiar. Todos eram conhecidos familiares, lobos que mereciam minha atenção como mãe dos lobos, a Luna.
Em todos esses anos eu aprendi duas coisas: eu realmente era boa em organização e administração de recursos e pessoas mas era péssima em desenvolvimento pessoal, me ligar emocionalmente com as pessoas para as ajudar. Dominic dizia que não era para eu me preocupar, que nenhum lobo ousaria me machucar e que mesmo assim a minha guarda pessoal tinha esse propósito de me proteger, não precisava ficar tão exclusa, tensa ou cética ao precisar lidar com algum lobisomem. Nunca considerei suas palavras, todos líderes tem algum opositor e cedo ou tarde eles apareceriam. Sempre haveria um percursor do ódio para causar discórdia e eu e minha família, sendo os principais alvos públicos, nunca estaríamos seguros para abaixar completamente a guarda.
Resumidamente, a Luna era responsável pelas questões culturais e sociais enquanto o Alfa é responsável pelas questões militares e políticas. De forma mais sucinta, eu tinha como dever principal cuidar dos lobos, dos indivíduos, como uma mãe zela os seus filhos. Até hoje não entendi o porquê de ser escolhida para esse cargo, qual era meu diferencial que me destacava entre tantas lobas para ser digna de tamanho patamar.
Mas quem sou eu para questionar o desejo da Deusa mãe? Ninguém, só sua filha.
Pensando eu tudo que está rolando, eu estava completamente errada quando pensei que estava mais confiante ao aceitar meu nome antigo, Antoniett. Apesar que só os íntimos me chamavam assim, mesmo Annie sendo quase um apelido, era como eu me apresentava aos lobos.
- Você está distante. Quer conversar? - Miley diz ao se colocar na minha frente com um sorriso meigo.
- Estou bem, só refletindo. Alias, você que está distante, alguns milhares de quilômetros. Quer conversar? Deveria estar com Rafaelo.
- Eu deveria estar servindo e protegendo minha luna, você, e eu estou aqui. Sou profissional, sei separar o trabalho da relação. - Responde dando descaso.
- Lobos treinados para matar me acompanharam até aqui, com Dominic ainda por cima. Estou muito bem segura. Gostaria que você estivesse com meus filhos, seus enteados. Além do mais, não quero de jeito nenhum te ver machucada de novo, você sabe que...
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A Loba Selvagem
WerewolfAlison, criada e educada em laboratórios de mutações genéticas, enfim consegue sentir a tão sonhada sensação de liberdade quando ocorre um acidente nas instalações Corfin's. Ao estar pela primeira vez no novo mundo, Alison se ver perdida em meio a s...