Arthur Leclerc tem medo de dar certo, porque o seu forte é dar errado.
Aos 20 anos, o monegasco nunca estivera em um relacionamento amoroso antes por medo de se machucar e de machucar a outra pessoa. Era um medo bobo, ele sabia disso. Entretanto, Arthur nem sequer tinha certeza se algum dia já tinha cruzado com alguém que o fizesse sentir as famosas borboletas no estômago, alguém que fizesse lhe faltar o ar e o coração disparar. Aquilo tudo parecia demais para ele.
Pelo menos até aquele momento.
O momento em que se viu nutrindo sentimentos muito mais fortes do que jamais experimentara antes, por sua melhor amiga, Valentina Vellardi, certamente fora um divisor de águas na vida de Leclerc.
Arthur e Valentina cresceram juntos em Mônaco. Seus pais eram amigos de infância, muito antes de cogitarem a possibilidade de terem filhos e formarem suas respectivas famílias, e, portanto, quando aconteceu, pelas idades próximas, Vale e Arthur já nasceram destinados a serem grandes amigos. Juntos, tinham compartilhado muitas primeiras vezes, mas nunca ultrapassado as barreiras da amizade. Eles zelavam por aquele laço que haviam criado mais do que qualquer outra coisa na vida. E enquanto Arthur trilhava o seu caminho no automobilismo como membro da academia de pilotos da Ferrari, Valentina se mudara para a França, para estudar letras na Université Sorbonne Nouvelle, em Paris 3.
A distância, no entanto, por menor que fosse, nunca fora um verdadeiro empecilho para os melhores amigos, já que eles sempre encontravam um jeito de driblar suas responsabilidades para matarem a saudade que sentiam de estarem juntos um do outro, como nos velhos tempos. E em toda oportunidade que tinha, Vale viajava para Maranello ou para qualquer outro lugar para ver Arthur correr pela Fórmula Regional Europeia.
Fora assim por algum tempo e tanto Valentina quanto Arthur pareciam confortáveis com as coisas como elas eram. Nas férias de verão, entretanto, uma viagem para a Sicília, pareceu dar uma nova perspectiva para os melhores amigos acerca de como se sentiam em relação um ao outro. Eles, obviamente, nunca externaram esses sentimentos, pois tinham medo de que qualquer passo em falso pudesse colocar em risco aquele que era o laço mais importante que possuíam. Dessa forma, quando as férias chegaram ao fim, eles se despediram e retornaram às suas respectivas rotinas como se aqueles dias juntos não tivessem significado nada de mais para eles. Como se aquele beijo não tivesse significado nada. Uma mentira aparentemente muito bem contada. Pelo menos o suficiente para enganarem a si mesmos.
Mas não por muito tempo.
A chegada das festividades de fim de ano trouxera junto de si todo aquele turbilhão de sentimentos que nem Vale e nem Leclerc sabiam como encarar de frente. A decisão do piloto, porém, fora precipitada e um tanto quanto dolorosa para os dois lados. Não havia possibilidade de alguém sair ileso daquilo, de forma alguma.
Arthur, assustado demais com sentimentos até então desconhecidos, ainda mais por alguém que conhecia a vida inteira, acabara se afastando de Valentina, fazendo a estudante se sentir culpada e reclusa por coisas que ela nem sequer sabia do que se tratava, mas que, ao mesmo tempo, não parecera disposta a descobrir. Se Leclerc se afastou, algum motivo para isso ele devia ter, pensou ela. E ainda que estivesse sentindo como se o seu coração tivesse sido quebrado em milhões de partículas, Vale escolheu seguir a vida e se concentrar em seus estudos.
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APEX
Fanfiction𝗔𝗣𝗘𝗫 → substantivo masculino; ápice. → na fórmula 1, apex é o ponto ideal de uma curva pela qual o carro deve passar. → Na Grécia Antiga, Aristóteles, postulava que, para uma obra ser considerada perfeita, a catarse precisaria agir no abrir de o...