Capítulo 28

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Apesar de tudo, fui obrigada a voltar com a minha rotina, que incluía ir à escola todos os dias. Mas um ponto positivo nisso tudo é que Will e eu estávamos nos dando bem de novo, e tê-lo ao meu lado fazia tudo parecer um pouco mais fácil.

Era sexta-feira e era o intervalo antes de começar as duas últimas aulas do dia. Parei no meu armário para pegar meu material antes de ir para a sala. Depois de já ter pego o que precisava fechei a porta e meu coração deu um salto ao ver Will parado do outro lado, me observando com um olhar divertido.

- Meu Deus, Will! - Coloquei uma mão sobre o peito como se aquilo fosse acalmar meu coração depois do susto. - Não pode aparecer assim do nada!

- Foi mal, lindinha - Pela sua cara, não achei que ele estivesse sendo totalmente sincero. - Queria descobrir se você consegue sentir meu cheiro com seu super olfato aguçado de lobo.

- Will! - O repreendi, baixando o tom de voz para que só ele pudesse ouvir. Depois me virei para ver o movimento no corredor, temendo que mais alguém o tivesse ouvido. Apesar de vários alunos passarem por ali, pareciam distraídos demais conversando uns com os outros para dividir sua atenção com nossa conversa. - Não pode ficar falando essas coisas alto assim.

- Me desculpe - Ele riu, o que me fez dar um soco de leve no seu ombro. - Enfim, como você está?

- Doida pra ir embora pra casa - Admiti. - Sei que tenho que estudar, mas não consigo focar em outra coisa senão... - Encarei o chão e o resto da frase morreu em minha boca. Eu não queria pronunciar aquilo em voz alta. - Você sabe - Sussurrei.

- Eu sei. Mas vamos dar um jeito nisso - Pela primeira vez desde que Will chegara ali, sua voz soou verdadeiramente séria e preocupada. Ele sorriu para mim, esperando que eu retribuísse. Eu tentei, mas sabia que não havia sido um sorriso muito sincero. - Ei! Não gosto de ver você assim. Olha... amanhã é sábado. Podemos fazer alguma coisa. Se você quiser.

Talvez aquilo me fizesse bem. Eu precisava ocupar meu tempo com alguma coisa normal de adolescente, senão ia acabar ficando mais louca ainda.

- Podemos ir à praia - A surpresa no rosto de Will devido à minha sugestão me fez sorrir.

- Tá falando sério? - Ele perguntou, incrédulo. Seus olhos brilharam e eu sabia que ele havia se animado com a ideia. Eu estava falando de irmos à praia. E praia e Will eram duas coisas impossíveis de serem pensadas separadamente.

- Tô.

- Sabe, lindinha? A cada dia que passa, só tenho certeza de que você é a pessoa mais incrível desse mundo.

- Tenho certeza de que você não diria isso se eu tivesse sugerido que ficássemos em casa - Cruzei os braços e ergui uma sobrancelha.

- Você seria uma pouquinho menos incrível - Ele fez uma careta e aproximou o indicador do dedão enfatizando o "pouquinho". Depois ele deu uma risada e me puxou para si em um abraço divertido. - Sabe que é brincadeira.

- Sei, sei - Me desvencilhei dele e ajeitei meus cabelos que haviam se bagunçado no abraço.

Foi então que senti. Aquela sensação indicando sua presença irradiou por todo o meu corpo. Ele ainda não estava ali, mas estava vindo em nossa direção e ele logo apareceria. Pude senti-lo se aproximando. Era coisa de lobo, e provavelmente ele também havia me sentido. Talvez estivesse ali por minha causa.

- Alex - Deixei escapar de meus lábios seu nome, tão baixo que achei que Will não havia ouvido. Mas estava enganada.

- Alex? - Will repetiu, confuso. Eu estava de costas para ele, e eu não precisei explicar, pois segundos depois, vimos Alex virando o corredor, indo até nós com passos decididos, ombros retos e as mãos nos bolsos da jaqueta de couro preto. Não pude conter o sorriso ao vê-lo.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora