Capítulo 32

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Durante boa parte da viagem de volta para casa, um silêncio pesado se instalou dentro do carro. Depois que eu não falei nada sobre o que Alina e eu havíamos conversado, deviam ter entendido que eu não queria dividir as minhas descobertas com ninguém, por enquanto, então não comentaram mais nada. Will vez ou outra tentava dar início a alguma conversa, tentando acabar com o clima tenso, mas recebia como reposta algumas poucas palavras minhas, e o silêncio de costume de Alex. Agatha, como o esperado, era bem mais simpática, e respondia Will com mais interesse. Ou talvez só estivesse sendo educada.

Eu estava perdida demais nos meus próprios pensamentos, tentando assimilar tudo o que acabara de descobrir, para conseguir focar com atenção naquilo que acontecia à minha volta.

Já de volta em Laguna, deixamos Will em sua casa primeiro, que se despediu de mim com um beijo suave na minha bochecha e disse que me ligaria depois. Depois disso fomos para minha casa.

- Obrigada, Agatha - Falei assim que o jipe parou na estrada.

- Não foi nada - Ela disse de forma amável, como sempre. - Espero que tenha conseguido o que procurava. Sei que é importante.

Forcei um sorriso para ela e saí do carro. Alex já estava ao meu lado quando bati a porta.

- Não precisa entrar comigo - Encarei o chão.

- Mas eu quero.

Sabia que era inútil insistir naquilo, então andamos juntos pela trilha de pedras que levava à minha casa.

- Como foi lá?

Fechei os olhos com força quando Alex fez a pergunta.

- Descobriu alguma coisa? - Ele insistiu.

- Descobri.

Alex esperou que eu continuasse, ansioso. Depois dos seus esforços para me ajudar, eu precisava dizer alguma coisa. Não podia deixá-lo sem respostas. Sabia que ele se preocupava comigo.

Suspirei, pronta para contar somente o necessário.

- Meu pai é um licantrope.

Alex não pareceu surpreso. Apenas balançou a cabeça, como se confirmasse algo que já sabia.

- E não é só isso - Dei um risada sem graça. - Minha mãe...

- O que tem sua mãe?

- Ela era uma bruxa.

Por um segundo, achei não ter visto em Alex nenhuma reação ao ouvir aquilo, como se não fosse surpresa alguma. Mas então ele franziu o cenho de uma forma estranha, parecendo refletir sobre aquilo por uns instantes. Então pareceu confuso e levemente surpreso. Até que seus olhos se arregalaram quando, aparentemente, se deu conta do que aquilo queria dizer. Ele engoliu em seco, reprimindo algum sentimento que eu não entendia.

- Selena... - Sua voz saiu como o vento, mas havia um leve temor nela.

Parei de andar, ficando de frente para ele. Já estávamos afastados a vários metros da estrada, e o jipe de Agatha já não estava mais visível para nós. Estávamos sozinhos ali, cercados apenas pelas árvores e o som de passarinhos cantando.

- Sabia que a união de meus pais era proibida? - Me lembrar daquilo me fez sentir um frio terrível na barriga.

- Você herdou os dons de sua mãe? - Alex parecia temer a resposta, como se quisesse ouvir, mas ao mesmo tempo, não quisesse. - Você também é...

Assenti.

- Sou uma híbrida, Alex - A palavra soou estranha em meus lábios. Admitir aquilo em voz alta era difícil. - Alina não tem certeza sobre o motivo de eu não ter me transformado naquela noite, mas aparentemente tem algo a ver com meu lado bruxa. O meu colar é...Alex, você está bem?

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora