Capítulo 5

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Mais tarde naquela noite, depois de ter me trancado no quarto escuro e ficado a tarde inteira vendo episódios da minha série favorita, acabei dormindo. Acordei chorando algum tempo depois devido ao sonho que eu havia tido. E o estranho é que não foi o mesmo sonho que vem acontecendo a dias. Dessa vez foi diferente. O sonho foi com minha mãe.

No sonho eu ainda era criança, devia ter uns 7 anos. Era um lindo dia de sol, com poucas nuvens no céu. Não estava tão quente, e uma leve brisa de primavera balançava os longos cabelos negros de minha mãe. Resolvemos aproveitar o dia para fazermos um piquenique na praia. Nós três: Minha mãe, meu pai e eu. Estendemos uma grande toalha azul sobre a areia fina e nos sentamos sobre ela. Havia bolos, tortas, pães, frutas e também o suco de pêssego favorito da minha mãe. Meu pai não parava de sorrir, e seus olhos brilhavam a cada vez que olhava para ela. Estávamos felizes.

Ao pôr do sol, minha mãe se aconchegou entre os fortes e calorosos braços do meu pai, enquanto ambos riam das estrelinhas desajeitadas que eu dava pela praia. Aquele estava sendo um dia feliz, até que ao dar minha última estrelinha e cair sentada na areia, volto meu olhar em direção aos meus pais. O sorriso em meu rosto desaparece ao ver as lágrimas que escorriam desesperadamente dos olhos de meu pai. Dou um grito de desespero ao ver minha mãe, antes com um grande sorriso em seu belo rosto e com os olhos azuis acinzentados cheios de vida, deitada assustadoramente imóvel sobre o colo de meu pai. Corro em sua direção o mais rápido que pude e me debruço sobre seu corpo, o enxarcando com as lágrimas que desciam de meus pequenos olhos.

- Mamãe! - Grito desesperada ao ver os cortes profundos que rasgavam sua pele sob o vestido branco esvoaçante que estava destruído e manchado com sangue na área da barriga.

Seu olhar estava fixo no céu enquanto seu peito subia e descia em uma respiração dolorosa. Seus olhos se desviaram lentamente para mim e uma única lágrima desceu por sua bochecha rosada. Ela se esforçou para levantar sua mão esquerda, e levemente tocou meu rosto.

- Eu te amo, minha pequena lua - Ela se esforçou para dizer. Sua voz estava fraca e tão baixa que quase não a ouvi.

Ela deslizou sua mão por minha bochecha e a depositou sobre a mão de meu pai, que acariciava seus cabelos. Ela a apertou fracamente e o olhou fixamente em seus olhos. O canto de seus lábios tentou se erguer em um sorriso, mas tudo o que ela conseguiu foi derramar mais uma lágrima.

- Rick - Minha mãe suspirou. Um suspiro de dor agoniante que quebrou meu pequeno coração. - Não deixe que a encontrem. Por favor... - Ela fechou os olhos por um instante tentando reprimir toda a dor que estava sentindo. - Proteja nossa filha.

- Eu prometo... - Ele limpou as lágrimas nos olhos azuis de minha mãe e fechou os seus e se afundou em uma nova onda de choro. - Não irão tocar nela.

- Ei - Dessa vez, minha mãe conseguiu sorrir. Sei que ela sentia dor, mas mesmo assim nos deixou um sorriso que dizia que não precisávamos ter medo, porque ela não tinha medo. Estava pronta pra ir. - Eu amo vocês - Ela tocou o canto esquerdo do peito do meu pai, sentindo as batidas de seu coração. - Vou estar sempre com vocês. Eu prometo.

E então, sua mão deslizou e caiu sobre seu colo. Ela deu um último suspiro e seus olhos perderam qualquer sinal de vida que antes havia ali.

- Mamãe? - As poucas lágrimas agora haviam se transformado em uma grande cachoeira em meu pequeno rosto, acompanhadas por grandes soluços. - Mamãe! Fala comigo, mamãe - Balanço seu corpo com meus pequenos braços esperando que ela me respondesse, mas ela continuou imóvel. Encarei meu pai com o rosto já vermelho devido às lágrimas, ele apenas fechou os olhos e balançou a cabeça negativamente enquanto se permitiu deixar as lágrimas rolaram soltas e descontroladamente por seu rosto. E eu fiz o mesmo.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora