Capítulo 1

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Os primeiros raios de sol daquela manhã já penetravam por entre as cortinas do meu quarto, iluminando a cama onde eu estava. Esse seria um bom modo de me fazer acordar, já que eu não conseguia dormir com muita luz sobre mim. Preferia a tranquilidade da escuridão, era calma e aconchegante. Bom, de todo modo, não fazia diferença, pois eu já estava acordada. Na verdade, mal havia conseguido pregar os olhos. Ultimamente estava tendo sonhos estranhos, o que também aconteceu naquela noite.

Era sempre a mesma coisa. Eu estava perdida em uma floresta densa e escura, e fugia de alguma coisa. O vestido branco esvoaçante que eu usava balançava com o vento enquanto eu corria, contrastando com meus cabelos negros. Estava com medo. Após ter corrido durante muito tempo, já sem fôlego e cansada, me encontro em uma clareira entre as árvores. Era uma área plana e cheia de flores brancas, que davam ao lugar um agradável perfume. A lua, grande e brilhante, pareceu decidir sair de seu esconderijo por entre as nuvens, e iluminar o lugar com sua luz. Ao olhar para o céu, eu paro. Sou hipnotizada pelo brilho prateado da lua e tudo ao redor parece desaparecer. E ali, era eu e ela. A lua e eu. Era estranho. Parecia que tínhamos uma ligação. Eu não conseguia desviar os olhos, muito menos me mover. A pedra azul que pendia do colar em meu pescoco, o colar que minha mãe deixou para mim, se iluminou em um brilho azul mágico. De repente, um barulho repentino me tira do transe, eu me viro, procurando a coisa escondida sobre a grossa camada de árvores. O que for que estivesse ali, estava se aproximando e vinha em minha direção. O barulho fica mais intenso, e de repente... Eu acordo.

Já de volta em meu quarto, minha respiração estava ofegante e o coração batia freneticamente em meu peito. Ao passar a mão sobre a testa, pude sentir o suor frio. Agarrei o colar em meu pescoço com a mão como se pudesse de alguma forma me transmitir algum alívio. O mesmo colar que se iluminou no sonho. Peguei meu celular sobre o criado mudo e pude ver que ainda era 02:45. Eu sabia que não conseguiria voltar a dormir. Talvez eu tivesse medo que o sonho continuasse. Mas o que havia de tão assustador naquilo? Era só um sonho, como qualquer outro. Mas algo nele me prendia, e eu sentia que havia algo de muito misterioso ali.

Fiquei horas com os olhos pregados no teto, relembrando cada detalhe daquele misterioso sonho, até que o alarme do meu celular toca. Eram 06:00, hora de me arrumar para a escola. Estavámos em agosto, início do ano letivo. Primeiro dia de aula. Reviro os olhos e me levanto. Vou até o banheiro e vejo meu reflexo no espelho. Estava com uma aparência péssima. Haviam profundas olheiras sob meus olhos cor de mel, que estavam vermelhos pela falta de sono. Lavo meu rosto com água fria antes de achar que um banho quente me faria bem. Saio do banheiro enrolada na toalha e abro as portas do meu guarda-roupa procurando algo para vestir. Escolho uma calça jeans, uma camiseta preta e meu all star surrado. Tento dar um jeito nos meus cabelos ainda úmidos pelo banho. Pego minha mochila e dou uma rápida conferida na minha aparência antes de descer para a cozinha.

- Bom dia, querida! - Meu pai estava sentado na mesa tomando sua xícara de café, enquanto lia seu jornal matinal.

- Bom dia, pai - Dou um beijinho em sua bochecha, e me sento junto a ele, enchendo minha caneca de café até a borda.

- Não exagere no café, querida! - Ele me alerta ao ver minha caneca cheia. Mas pude ver um lampejo de preocupação em seus olhos quando os mesmos repousaram sobre meu rosto. - Noite ruim?

- Não consegui dormir direito. Mas está tudo bem - Dou um sorriso esperando que transmitisse a ele confiança. - Não precisa se preocupar.

- Sabe que eu tô aqui se precisar conversar, não sabe? - Ele mantém os olhos fixos em mim.

- Eu sei pai. Mas eu estou bem. Mesmo.

Mesmo não estando totalmente convencido, ele não disse mas nada. Mas eu sei que ele queria.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora