Depois daquele dia, Alex e eu passamos a nos encontrar mais vezes. Quase todos os dias após a aula, íamos para algum lugar e ficávamos algum tempo juntos. Na maioria das vezes, íamos para aquele mesmo lugar à beira do penhasco. Nós dois o visitávamos tanto, que eu já estava começando a sentir que aquele era o nosso lugar.
Alex percebia o quanto eu estava me sentindo frustrada com tudo o que estava acontecendo, e com medo pelo que estava prestes a acontecer. Ele via isso. Então fazia o possível para me deixar um pouco melhor.
Ele também se preocupava em me ajudar com os detalhes importantes dessa minha "nova vida". Eu precisava saber, por mais que fosse difícil. Ele me contava tudo o que eu precisava saber sobre os lobisomens.
Em um dos nossos encontros perguntei sobre o mito de que a prata era letal para os lobisomens. Ele não se aguentou e soltou um gargalhada exagerada.
- Não, Selena - Ele disse. - Isso é só um mito tolo que as pessoas inventaram. A prata não tem esse tipo de efeito em nós. Bem, pode ser fatal se você for atingida bem no coração - Ele pôs uma mão sobre o peito esquerdo para enfatizar o que tinha dito - Independente do objeto utilizado para te atacar, uma ferida no coração é algo difícil de se curar. Até mesmo com o nosso processo de cura acelerado. Pode ser fatal.
Então era isso. Pelo menos a prata não me afetaria. Eu só teria que tomar cuidado para não ser atingida por uma estaca afiada bem no meio do meu coração, senão eu estaria morta. Literalmente. O que poderia acontecer com qualquer outra pessoa que fosse atingida assim. Mesmo isso sendo algo muito improvável de se acontecer, me deixou bastante apavorada.
🌙
Will e eu estávamos visivelmente um pouco mais distantes. Mas eu não poderia culpá-lo. O problema era eu. Eu estava tão preocupada com a chegada da lua cheia, que mal conseguia pensar em outra coisa. E quando por um segundo eu conseguia esquecer, algo vinha e me lembrava novamente. E eu ficava estranha. Eu percebia que não estava dando a devida atenção para a nossa amizade, mas eu não podia contar a ele o motivo de tudo aquilo. Alex me falara que a maioria dos seres sobrenaturais preferiam manter sua existência em segredo. Mas esse não era o problema. Will era meu melhor amigo, e eu poderia contar qualquer coisa a ele. Mas eu não me sentia pronta pra falar ainda, pois nem eu mesma compreendia tudo o que estava acontecendo. Mas eu contaria, em algum momento.
Na quinta-feira, depois de Alex ter me deixado em casa, mandei uma mensagem para o Will. Queria que fizéssemos algo juntos, apenas nós dois, o que não fazíamos a muito tempo. Não queria que ficássemos estranhos, e se passassemos algum tempo juntos, talvez melhorasse a nossa relação. Nossa amizade era importante para mim. Will era importante para mim. E eu não queria que nos afastássemos.
Selena: Will?
Will demorou bem mais que o normal para responder minha mensagem. Pensei que talvez estivesse ocupado no trabalho.
Will: Oi?
Selena: Vai estar ocupado mais tarde? Pensei que talvez pudéssemos fazer algo juntos. Ver um filme, que tal?
Will: Hmm
Selena: Sei que estamos meio distantes, e eu não gosto disso. Achei que seria bom se você viesse. Sinto falta disso
Will: Eu vou
Selena: Ótimo! Fico muito feliz
Will: Vou tentar sair mais cedo do trabalho, tá bom?
Selena: Tá bom! Eu espero você
Will: Mas por favor! Não vamos ver romance de novo
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Uivo da Lua
Teen FictionSelena é uma jovem de 17 anos que desde que perdeu a mãe quando criança, vive sozinha com seu pai. Sua vida podia ser considerada particularmente normal. Ela ia para a escola, às vezes saía com os poucos amigos que tinha e comia pizza com o pai todo...