Capítulo 39

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Eu estava com medo. E eu não conseguia ignorar a incômoda sensação de que algo estava muito errado. Eu sentia calafrios na espinha. Um mau pressentimento. Não consegui me envolver em nenhuma das aulas. Minha mente vagava até ele, fazendo minha preocupação aumentar cada vez mais. Esperei, inquieta, até o sinal tocar ao fim da aula e eu finalmente poder ir embora e tentar descobrir alguma coisa. Não queria deixar Agatha sozinha, ela estava desolada demais. Preocupada com o irmão. Então a convidei para ir à minha casa. Will precisou ir pro trabalho, mas insistiu que se precisássemos de alguma coisa, era só ligar. Disse que estaria com os olhos no celular o tempo todo. E eu não duvidava disso.

- Aqui é muito bonito - Agatha falou baixinho enquanto observava o jardim da minha casa. - É você quem cuida?

- É - Assenti enquanto girava a chave e abria a porta. - Minha mãe amava jardinagem, o jardim dela era... fantástico. Mas tudo murchou depois que ela morreu. Não só o jardim, mas... - Suspirei. - tudo ficou difícil depois.

- Sinto muito.

Agatha me encarou com uma sensibilidade sincera no olhar. Mas eu sabia que no fundo isso aumentara ainda mais a preocupação com o irmão. O medo de que algo assim acontecesse a ele. O medo de que as coisas murchassem para eles também.

- Ei - Manti a voz baixa, mas firme. Estendi a mão para que ela se aproximasse. Tentei passar confiança quando falei - Vamos encontrá-lo. Onde quer que ele esteja, sei que ele está bem. Tudo vai ficar bem.

Ela assentiu, sem muita convicção.

🌙

Meu pai estava no trabalho, então a casa estava vazia. Larguei minha mochila no corredor e fui até a cozinha, com Agatha logo atrás.

- Está com fome? Meu pai come na delegacia, mas posso preparar alguma coisa pra gente - Abri a geladeira e corri os olhos buscando algo para cozinhar. - Gosta de omelete? Posso preparar macarrão com molho também. Meu pai não reclama do meu macarrão, então não deve ser tão terrível assim - Sorri quando ouvi uma risada baixa vinda de Agatha. Qualquer coisa que a distraísse da atual situação me deixaria feliz.

- Tudo bem então - Ela disse, debruçada sobre o balcão. - Gosto de macarrão com molho.

- Ótimo! - Fechei a porta da geladeira equilibrando quatro ovos mas mãos. Agatha se adiantou e me ajudou antes que um deles caísse no chão. - Obrigada. Pode colocar aí em cima. Vou pegar uma tigela.

- Tudo bem.

Fiquei na ponta dos pés para alcançar a prateleira de cima e pegar uma tigela de vidro. Logo após, senti meu celular vibrar no bolso de trás da calça jeans. Larguei a tigela ao lado dos ovos e atendi o telefone. O nome piscando na tela.

- Alô? Alina?

- Oh céus. Graças aos deuses. Você está bem? - Sua voz estava ofegante, como se tivesse corrido uma maratona antes de ligar. Imaginei ela colocando a mão no peito acalmando as batidas do próprio coração. Ela parecia preocupada.

- Alina, está tudo bem? Aconteceu alguma coisa?

Agatha se aproximou.

- O que aconteceu? - Ela sussurou.

Fiz sinal para que ela esperasse.

- Alina?

- É a Rubi. Tem algo errado. Acho que ela está tramando alguma coisa.

- A Rubi? Por que acha isso?

Agatha, ao meu lado, fraziu o cenho, confusa.

- Ontem à noite ela estava agindo estranho. Mas estranho que o de costume. Parecia com pressa. Disse que finalmente as coisas seriam justas para nós. O que quer que isso signifique - Ela riu sem emoção. - Perguntei o que estava acontecendo, mas ela ficava falando coisas que não faziam sentido. Mas ela disse algo que me preocupou - Alina afinou a voz para imitar Rubi quando falou. - O amigo lobinho dela finalmente entendeu que não pode mais fugir disso. Aquela híbrida patética vais nos ajudar. De uma forma ou de outra. - Alina suspirou pesadamente. - Depois disso ela pegou algumas coisas da loja, colocou em uma bolsa e saiu, sem dizer mais nada. Saiu como se eu não tivesse o direito de saber onde ela estava indo. Mas eu senti. Havia uma escuridão nos olhos dela. Algo como... - Ela se interrompeu. - Selena... temo que eles estejam atrás de você.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora