Will estava certo. Depois que chegamos na rodoviária, não demorou muito até que o próximo ônibus para Riverside saísse de Laguna. Me sentei perto da janela, com Will ao meu lado. Enquanto o ônibus seguia pela estrada, a paisagem exterior se tornava um borrão aos meus olhos. Me senti um pouco zonza. Vez ou outra eu checava o celular, esperando ter alguma notícia de Alex.
- Está tudo bem?
Ergui os olhos quando Will colocou sua mão sobre a minha.
- Você não para de olhar para o celular - Ele completou, apontando para o aparelho em minhas mãos.
- Ah! Não consegui falar com meu pai antes de vir. Talvez ele me ligue ou mande mensagem.
- Ele vai ficar muito bravo com você - Ele deu um sorriso brincalhão.
- Obrigada, Will! - Revirei os olhos. - Ajuda muito.
- É brincadeira, lindinha - Ele me puxou para mais perto de si. Deitei a cabeça em seu ombro e fechei os olhos. - Ele vai entender.
- Espero que tenha razão.
Não demorou muito até que chegamos na cidade. O sol brilhava alto no céu, fazendo sombras sob as construções. Pegamos um táxi, então foi fácil encontrar a loja de Alina. Não nos perdemos como da outra vez. Pedi o motorista para parar a uma rua de distância da loja. Não queria envolver mais ninguém nisso, e ainda tinha medo em relação ao que Alina havia me dito, sobre eu não poder confiar em ninguém. Então seguimos o resto do caminho andando e sozinhos. Enquanto Will e eu caminhávamos pela rua vagamente familiar, ele me cutucou com o ombro.
- O que espera descobrir?
Suspirei, cansada.
- Sinceramente? Eu não sei. Seja o que for, espero que responda a mais algumas perguntas.
- Mas você está preparada?
- Preciso estar, não é mesmo? - Forcei um sorriso.
Paramos ao nos depararmos com a frente de vidro da loja, envolta em uma cortina de veludo roxa meio aberta, exibindo amuletos e pedras estranhas na vitrine. Esfreguei as mãos, e percebi que estavam suadas.
- Está pronta?
Assenti.
Um som agudo de um sino ecoou pela loja quando Will e eu passamos pela porta. Assim que entramos, o cheiro de incenso e ervas inundou minhas narinas. Ouvi o som de um miado no chão. Vênus estava parado aos meus pés, o pelo negro brilhando sob a pouca luz.
- Oi, gatinho - O gato ergueu a cabeça quando me inclinei para acariciá-lo. - Onde está Alina? - Perguntei, não esperando nenhuma reação. Mas Vênus recuou e começou a caminhar, indo em direção ao balcão como se esperasse que nós o seguíssemos.
Diferente da última vez, Rubi não estava parada atrás do balcão, nos analisando com aquele olhar duvidoso. Torci para que ela não aparecesse ali do nada. Da última vez, senti uma sensação estranha quando a vi.
- Alina? - Chamei, enquanto seguia Vênus.
- Tem certeza de que ela está aqui? - Will perguntou, atrás de mim.
Antes que eu pudesse responder, ouvimos o som oco de algo se chocando contra o chão repetidamente. Segundos depois, Alina atravessou a cortina de miçangas.
- Olá, crianças - Ela disse, parando atrás do balcão. Vênus estava ao seu lado. - Fiquei pensando se você viria, querida.
- Eu precisava vir.
Alina olhou em volta, como se procurasse por algo, ou alguém.
- Seu amigo lobisomem não veio com você hoje?
VOCÊ ESTÁ LENDO
O Uivo da Lua
Teen FictionSelena é uma jovem de 17 anos que desde que perdeu a mãe quando criança, vive sozinha com seu pai. Sua vida podia ser considerada particularmente normal. Ela ia para a escola, às vezes saía com os poucos amigos que tinha e comia pizza com o pai todo...