Capítulo 45

271 20 9
                                    

ALEX

Eu era um idiota.

Não. Idiota era um elogio para o quão horrível eu havia me tornado por uma necessidade idiota. Isso. Uma necessidade idiota. Tudo o que eu tinha feito era pra acabar com a dor. O sofrimento.

Ser um lobo não era bom.

Não daquele jeito. E é por isso que tudo aconteceu.
Meses atrás, depois de já estar cansado de ter que esperar todo mês a lua cheia chegar, com aquela mesma ansiedade e medo, eu me cansei. Passei a procurar por qualquer coisa que pudesse me ajudar. Ouvi boatos de licantropes que estavam se reunindo com aquele mesmo propósito. Então eu os encontrei. Robert e seu "bando". Eu estava desesperado, e era a primeira luz de esperança que eu havia encontrado depois de muito tempo. Eles eram os únicos que sabiam de alguma coisa. Então me uni a eles.

Me contaram tudo o que sabiam. Bom, não tudo. Eu sabia que eles não me diriam todos os detalhes, mas eu não me importava. Estava eufórico demais por aquele pingo de esperança que me deram para me importar. A única coisa que me disseram era que havia uma menina, e que essa menina nos ajudaria. E também precisaríamos de uma pedra da lua. Robert disse que se encontrássemos a menina, encontraríamos a pedra. Pedra que parecia ser protegida de pessoas como nós com algum tipo de feitiço, então não poderíamos tocar. Eu não sabia o que iria acontecer com a menina e a pedra, e não queria saber. Era melhor assim.

Algum tempo depois Robert informou que havia localizado a menina na cidade de Laguna Beach. Não sei como ele descobriu, mas ele não se enganou. E ele me escolheu. Disse que eu seria o cara perfeito para encontrá-la e levá-la até eles. Eles não podiam simplesmente ir até ela. Robert disse que era arriscado, que poderiam haver feitiços. Disse que o pai dela também poderia ser um problema. De qualquer forma, alguém precisava ir e descobrir. Alguém que estaria fora de suspeitas. Então ele me escolheu.

Não foi difícil convencer minha mãe a nos mudarmos para Laguna. Disse que lá seria um bom recomeço. Então nós fomos. Nos mudávamos bastante. Era difícil pra mim me encaixar em um lugar, por causa do que eu era. Mas eu me sentia mal pela Agatha. Ela não reclamava das mudanças contínuas, mas eu sabia que minha irmã queria um lugar que pudesse construir uma vida. Mas se tudo desse certo, logo não precisaríamos mais nos mudar.

Então eu fui para Laguna e conheci ela.

Selena.

Soube que era ela no momento em que entrei naquela sala de aula. Mas eu queria que não fosse. Ah, como eu queria que não fosse.

Me aproximei dela, como precisava ser feito, mas eu gostei tanto daquilo. Eu não devia gostar daquilo. Não devia gostar dela. Mas eu gostei. Selena me fez sentir coisas que eu nunca havia sentido antes. Ela me entendia. Ela me ouvia. Estar perto dela me trazia calma. Eu quase conseguia esquecer de tudo enquanto admirava aqueles olhos cor de mel. Ela era linda. Eu estava me apaixonando. E eu soube que era a minha desgraça.

Eu não podia continuar com aquilo. Não podia fazer aquilo com ela. Então eu me decidira. Eu não ligava se fosse continuar preso àquela maldição idiota. Tudo o que importava era que ela ficasse bem. Eu desistiria de tudo aquilo. Mandaria tudo aquilo pro inferno. Mas eles não deixariam eu sair fácil assim. É claro que não deixariam.

A minha família estava ali, e eles usaram isso contra mim. Sabia que os mataria se eu não fizesse o que mandassem. Então eu faria, mesmo que aquilo fosse me matar por dentro.

Naquele noite, eu estava caminhando sem rumo à noite, não sabia onde meus pés estavam me levando até parar sob a janela do quarto da Selena. Eu não podia, mas precisava vê-la uma última vez. Vê-la enquanto ela ainda me via com aqueles olhos. E poderia ter sido a melhor noite da minha vida. Eu não me importei com nada. Enquanto ela estava ali, em meus braços, tudo desapareceu. Esqueci de tudo. Esqueci até mesmo da pedra em seu pescoço, que no momento em que me tocou, queimou a minha pele. Eu não podia ter tocado. Mas não me importei. Deixaria que aquela pedra queimasse todo o meu corpo. Eu merecia aquilo. Merecia a dor. Mas não merecia ela. Então a deixei pouco depois que ela fechou os olhos e dormiu.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora