Capítulo 41

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- O que? - As palavras mal passam de um sussurro. Estou confusa. Incrédula.

O homem sorri de novo. Um sorriso largo e sarcástico.

- Seu pai não falou sobre mim, não é? - Ele colocou uma mão sobre o peito de forma dramática, como se tivesse sido magoado. - Isso me magoa, mas eu sei que isso é algo que ele faria. Acho que ele queria cortar todos os laços entre nós dois. Não entendo o motivo disso. Sempre fui um irmão mais novo tão adorável. Mas então ele escondeu você de mim - Ele sorri de novo. - Achou que eu não iria encontrá-la. Bom, aqui estamos nós. Sinto tanto por não ter podido ver você crescer, minha querida.

- Quem é você?

Suas palavras não faziam sentido algum para mim. Eu não conseguia entender, ou talvez não quisesse aceitar. Ele era...

- Seu pai e eu... somos irmãos.

- O que? Não, ele... - Gaguejei, ainda confusa. - Meu pai não tem nenhum irmão, ele nunca disse...

- Ele nunca disse nada sobre mim.

Engoli em seco.

- Por que?

O homem sorriu de forma sombria e deu de ombros.

- Proteção, talvez? Acredito que ele tivesse medo de que eu a machucasse.

Ergui a cabeça.

- Pelo visto, ele tinha razão em sentir medo - Falei, escondendo o medo que eu mesma sentia naquele momento. - Por que está fazendo isso?

- Acha que eu vou machucar você, minha querida Selena? - Ele acaricia minhas bochechas com as pontas dos dedos, me fazendo recuar com seu toque. - A propósito, preciso parabenizar sua mãe pela escolha do nome. Selena - Ele pronunciou meu nome devagar, como se testasse o som - Edwina sempre teve uma obsessão pelo céu, não é mesmo? Aquela bruxa...

- Não fale da minha mãe - Cerrei os punhos com força.

Mas ele apenas continuou ali, sorrindo como se estivesse conversando com uma criança que não sabia de nada sobre o mundo.

- Edwina sempre foi um colírio para meus olhos - Meu tio falou enquanto seu olhar vagava ao redor, como se estivesse se recordando de memórias antigas. - Linda - Ele se voltou para mim. - Vocês duas são parecidas. Possuem os mesmos cabelos negros.

Eu queria me atirar pra cima dele e acertar a sua boca até que ele não pudesse mais falar.

- O que você quer comigo? Onde está o Will? Eu quero vê-lo!

- Você gosta de histórias, sobrinha? Tenho uma que acho que vai gostar.

- Não quero ouvir histórias. Só quero ver meu amigo.

Mas minhas palavras foram ignoradas. Ele começou a andar de um lado para o outro, devagar. Hora ou outra levava a mão ao queixo, como se pensasse em como começar aquilo. Por fim ele parou, e me encarou.

- Eu fui uma criança curiosa. Desde bem novo, estava sempre querendo entender o motivo de todas as coisas. Eu sabia o que eram as pessoas que conviviam comigo - Ele fez um gesto indicando as pessoas ao redor - Sabia o que meu pai era. Seu avô era o alfa do bando onde vivíamos. Todos ali possuíam sangue licantrope. O meu pai era um lobo, estava no meu sangue. No sangue do seu pai. E nós dois sabíamos que a nossa hora também chegaria. Aconteceu com seu pai primeiro. E dois anos depois, foi a minha vez. A transformação. Foi... doloroso. Mas eu queria aquilo. Sabia o quão fortes poderíamos ser depois que tivéssemos nossa primeira transformação. Mas somente durante a lua cheia poderíamos nos transformar - Ele balançou a cabeça. - Não imagina o quanto eu odiei isso.

O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora