Meu corpo inteiro doía. Minha perna esquerda ainda latejava um pouco onde a ferida estava, quase já cicatrizada. Tudo isso resultado do que havia acontecido. Minha memória era um livro com páginas faltando. Eu não conseguia me lembrar de tudo o que havia acontecido minutos atrás. Apenas flashs de momentos surgiam em minha mente. Eu me lembrava de ver através de olhos que eram meus, mas ao mesmo tempo, não pareciam meus. Eu lembro de ver rostos me encarando, cheios de pavor e espanto. Lembro de Alex surgindo de repente, antes que eu pudesse...
Aquele homem. Ele tremeu de medo, como se esperasse que eu o matasse. Eu... eu teria feito aquilo. Mas Alex apareceu.
E agora meu pai também estava ali. Ele não deveria estar ali.
Minha pele ardia como se estivesse sendo perfurada por centenas de agulhas minúsculas. Aquilo queimava. O que era aquilo? Eu estava coberta com uma espécie de pó que parecia veneno contra meu corpo.
- Ei - Era Alex ao meu lado, com sua voz reconfortante - Não chore. Está tudo bem.
Eu estava chorando? Acho que estava assustada demais para notar minhas lágrimas.
Alex me estudou com olhos cuidadosos, buscando por qualquer sinal de outra possível ferida. Seu rosto parecia estranho. O mesmo pó que machucava a minha pele, também parecia machucar a dele.
- Está sentindo dor? - Mal reconheci minha voz quando falei.
- Eu estou bem - Eu sabia que era mentira.
Senti um arrepio na espinha. Frio. Eu estava sentindo frio. Faltava cobertura sobre minha pele. O vento gelado beijava meu corpo sem obstáculo, e quando baixei o olhar eu vi que estava nua. Completamente exposta. Abracei meu corpo como se pudesse escondê-lo da visão de todos. Calor tomou conta do meu rosto.
- Pegue - Alex retirou sua jaqueta apressadamente e me entregou.
Ele foi cauteloso. Se aproximou devagar, como se talvez eu não quisesse contato físico. Não naquela situação. Por mais que eu ansiasse por qualquer toque de conforto agora, eu não conseguia. Tudo o que eu queria era correr para seus braços e me esconder ali. Mas eu não conseguia. Não queria que Alex me visse assim. Não queria que ninguém me visse assim. Não queria virar o rosto e ver que dezenas de pares de olhos me encaravam.
- Cuidem da vida de vocês! - Alex gritou para a multidão, como se tivesse lido a minha mente. - Não tem nada pra verem aqui.
Peguei a jaqueta de sua mão e a vesti rapidamente, desesperada por cobrir o máximo possível do meu corpo.
- Obrigada - Sussurrei.
Alex forçou um sorriso e veio em minha direção como se fosse me abraçar, mas parou no meio do caminho. Ele ainda tinha medo de que eu não quisesse ser tocada.
Então me lembrei.
Pai. Meu pai estava ali.
E Robert...
- A lobinha finalmente se rendeu - Ele falou.
Me virei para ver que Robert havia se afastado de mim e de Alex, e agora encarava meu pai.
- Ah, irmão - Meu tio falou. - Não achei que fosse se juntar a nós. Finalmente decidiu se juntar à nossa causa?
Nunca tinha visto meu pai com a expressão tão repleta de ódio.
- Eu vim aqui salvar a minha filha de você - Ele falou, a voz fria como gelo.
Meu tio riu.
- Você pode ficar com ela - Ele falou. - Só preciso terminar o que comecei aqui. Depois que terminar, ela é sua.
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O Uivo da Lua
Teen FictionSelena é uma jovem de 17 anos que desde que perdeu a mãe quando criança, vive sozinha com seu pai. Sua vida podia ser considerada particularmente normal. Ela ia para a escola, às vezes saía com os poucos amigos que tinha e comia pizza com o pai todo...