No dia seguinte, indo a caminho da escola, me questionei mentalmente se Will estaria me esperando, como sempre. Mas assim que cheguei na frente da sua casa, senti um nó na garganta ao ver que ele não estava ali. Pela primeira vez, Will não estava me esperando. Me iludi com a ideia de que ele talvez apenas estivesse dormindo ainda.
Pensei em bater à porta na esperança de que ele ainda estivesse em casa, e assim iria resolver tudo o que não havíamos resolvido ontem. Eu havia pensado muito sobre o assunto, e por mais que eu ainda não estivesse totalmente segura sobre aquilo, eu iria contar. Não queria estragar minha amizade com Will por causa de tudo o que estava acontecendo. Não era culpa dele. E também não era culpa minha. E eu não ia deixar que aquilo nos afetasse.
Caminhei a passos lentos através do jardim bem cuidado da mãe de Will, subi os três pequenos degraus que davam à porta de entrada e respirei fundo. Minha mão já estava a poucos centímetros de tocarem a madeira da porta, quando recuei e dei meia volta.
🌙
Assim que cheguei na escola, senti aquela sensação de arrepios novamente, a qual eu já estava acostumada, e que só significava uma coisa: Alex estava por perto.
O encontrei no estacionamento, estacionando sua moto. Ele veio em minha direção assim que me viu.
- Bom dia - Ele disse um pouco alegre.
- Bom dia - Dei um meio sorriso. Aquele definitivamente não era um dia bom.
Vi na expressão de Alex que ele notara que havia algo de errado. Estava começando a ficar impossível esconder as minhas emoções.
- Tá tudo bem? - Ele perguntou, a expressão preocupada.
- Se eu dissesse que sim, você acreditaria? - Ergui o canto dos lábios, em um indício de sorriso.
- Não. Está visível no seu rosto que tem algo de errado.
- É só essa coisa toda de lua cheia - Esse era apenas um dos motivos, mas não queria entrar no motivo Will. - Eu vou ficar bem.
- Espero que fique mesmo - Ele disse, com uma expressão intensa, que eu não soube identificar, mas eu sabia que ele estava sendo sincero.
- Enfim - Ergui os ombros e sorri o máximo que consegui, disposta a deixar aquele assunto de lado. - Acho melhor entrarmos. A aula já vai começar.
- Tem razão!
O sinal tocou quando Alex e eu já estávamos no corredor, a poucos metros da sala onde seria a próxima aula. Parei quando cheguei à porta, com Alex logo atrás de mim. Meus olhos percorreram a sala até encontrarem o local onde Will e eu costumamos nos sentar. Ele estava lá.
Então ele simplesmente escolhera não me esperar hoje. Mas eu entendia, ele devia estar chateado com tudo o que aconteceu na noite passada. Mas fiquei feliz ao vê-lo sentado ali. Ao menos ainda sentaríamos perto um do outro, e teríamos a chance de conversar. Porém, ao vê-lo ali, a posição em que estava, senti meu coração murchar. Will estava sentado com os braços debruçados sobre a mesa e a cabeça baixa, escondida entre eles.
Naquele momento eu só quis atravessar a sala correndo e ir até ele. Eu iria abraçá-lo, contaria tudo e diria que tudo ficaria bem. Mas meus pés continuaram firmes no chão, e eu não me movi. Mas, como se ele tivesse sentido minha presença, Will levantou a cabeça lentamente e seus olhos encontraram os meus. Vi o canto de seus lábios se ergueram indicando um possível sorriso, que se desfez antes mesmo de aparecer. Seus olhos já não olhavam para mim, e sim para algo atrás de mim. Alex. Vi quando Will desviou o olhar para o lado oposto.
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O Uivo da Lua
Teen FictionSelena é uma jovem de 17 anos que desde que perdeu a mãe quando criança, vive sozinha com seu pai. Sua vida podia ser considerada particularmente normal. Ela ia para a escola, às vezes saía com os poucos amigos que tinha e comia pizza com o pai todo...