Capítulo 6

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No sábado decidi sair um pouco do meu esconderijo escuro e solitário que era meu quarto e resolvi passar um pouco do meu tempo ao ar livre. Não tinha parado pra reparar o quanto nosso jardim estava mal cuidado. Os canteiros de flores variadas estava seco e sem vida e a grama já estava com quase um metro de altura. Minha mãe sempre amou cuidar das suas flores e ervas. O jardim sempre estava colorido e cheio de vida com sua presença. Agora que ela havia ido embora, levou junto a cor de todo aquele lugar. Meu pai e eu ficamos tão abalados com sua partida que não continuamos a cuidar daquilo que era tão importante para ela. Então, hoje decidi mudar isso.

Ainda era de manhã, o sol estava quente e no céu azul não haviam nuvens. Eu estava abaixada próxima a um canteiro vazio onde pretendia plantar rosas brancas. Havia comprado mudas de várias flores. Rosas vermelhas e brancas, orquídeas e margaridas. Também comprei sementes de girassóis, minha flor favorita. Sempre fui apaixonada pelo modo como o girassol sempre seguia o sol. Isso sempre foi muito profundo pra mim. Era como se ele me dissesse que por mais que coisas ruins aconteçam na nossa vida, coisas boas também estão ali, e não devemos fugir delas.

De repente sinto a presença de alguém. Não sei explicar como eu sabia, só sabia. Me levantei rapidamente e me virei a procura daquele alguém que pudesse estar ali. Meu coração dá um pulo ao me deparar com Alex parado bem na minha frente. Seus cabelos louros estavam bagunçados e seus olhos castanhos dourados estavam fixos em mim.

- Oi - Ele disse e abriu um meio sorriso.

- Alex - Respondi. - Oi.

- Te assustei?

- Não - Começo a dizer mas balanço a cabeça e dou uma risadinha. - Na verdade, me assustou um pouquinho.

Alex retribuiu minha risada.

- Me desculpe, não era minha intenção - Ele sorriu sem graça.

- Não, não - Enlacei meus dedos nas alças da minha calça jeans surrada e encarei o chão antes de continuar - Tudo bem! É que eu estava distraída.

- Agatha perguntou à Taylor onde você morava, então eu estou aqui.

- Bem - Olhei para os lados um pouco curiosa com a presença de Alex ali. - O que te trouxe aqui?

Ele abriu a boca como se fosse dizer algo mas a fechou novamente. Por fim, falou.

- Selena - Alex suspirou. - Queria te perguntar uma coisa.

- Pode perguntar - O olhei curiosa.

- Você sabe quem sou eu?

O tom de voz de Alex estava fraco e inseguro. Era como se ele não tivesse certeza se deveria ou não estar me dizendo aquilo.

- Você é o Alex - Franzi os olhos. - Ou não?

- Sou, sou - Alex balançou a cabeça como se tentasse afastar algum pensamento. - Mas não é isso que estou querendo dizer.

- Não estou te entendendo, Alex.

- Você sabe o que eu sou? - Ele deu alguns passos em minha direção, e eu não me afastei. Seus olhos dourados estavam fixos nos meus, o que aumentou a onda de formigamento que percorria todo o meu corpo.

- Do que você tá falando?

Ele não disse nada, apenas continuou me observando. Observando cada reação minha. Quando percebeu que eu não fazia ideia do que ele estava falando, ele recuou.

- Eu não consigo entender - Ele falou mais para si mesmo do que para mim.

- Alex? - Me aproximei mas ele recuou.

- Selena, me desculpe - Alex esfregou o rosto e se virou.

- Alex? Tá tudo bem? - Toco seu braço esquerdo e o sinto se assustar com meu toque repentino.

- Eu tenho que ir - Ele diz. - Até logo, Selena.

- Alex? - O chamei, mas ele nem se virou. Andou a passos largos pela trilha de pedra que levava até à estrada e desapareceu.

Fiquei em um estado confuso por vários minutos. O que havia acontecido ali? Alex havia agido tão estranho, e eu não consegui entender o que ele havia me dito.

- Selena?

Aquela voz familiar me fez saltar de susto, me tirando de meus pensamentos. Pisquei várias vezes tentando voltar a mim por completo.

- Will? - Falei. - O que está fazendo aqui?

- Também estou feliz em te ver, Selena - Ele disse, irônico.

- Me desculpe - Reviro os olhos. - Estou muito feliz com sua presença aqui, meu querido Will - Falei. - Está bom assim?

- Está ótimo - Ele riu.

- Então, o que está fazendo aqui?

- É que tenho uma grande notícia, e queria te contar - Ele disse sério e franziu os olhos. - Encontrei Alex na entrada da sua casa. Ele estava aqui?

- Ah - Disse ainda confusa. - Ele veio aqui sim.

- E o que ele queria? - Will enfiou as mãos nos bolsos de sua calça jeans larga e me encarou com as sobrancelhas arqueadas.

- Ah - O que eu diria? Nem mesmo eu sabia o que ele havia ido fazer ali. - Ele veio pra resolvermos algumas coisas sobre nosso projeto de química - Menti com a primeira coisa que me veio à mente.

- Entendi - Disse Will não muito convencido.

- Então - Ergui os lábios em um sorriso. - Qual a grande notícia?

- Ah! - Seu semblante havia se tornado bem mais animado agora. - Consegui um emprego!

- Sério? Onde?

- Na lanchonete do tio da Taylor - Ele disse. - Ele estava precisando de novos funcionários, e ela sabia que eu estava precisando de um emprego. Então me indicou - Will deu de ombros e sorriu.

- Ah, Will! Isso é incrível - Me aproximo dele e o abraço empolgada. Sorrio quando sua cabeça repousa levemente sobre a minha, e sua respiração em meus cabelos provoca uma leve onda de arrepios em minha pele. - Estou tão feliz por você - Me desvencilho de seus braços e o encaro ainda sorrindo.

- Obrigado, lindinha - Ele sorriu. - Também estou muito feliz.

- Sei que vai se sair muito bem.

- Eu espero.

Will corre os olhos pelo meu quintal e ergue as sobrancelhas ao ver o canteiro de rosas recém plantadas.

- Decidiu cuidar do jardim? - Will ri irônico, o que me faz revirar os olhos.

- Bem, já passou da hora de alguém cuidar dele.

- Tem razão. - Com as mãos na cintura, ele observa todo o meu trabalho e balança a cabeça positivamente. - Está ficando ótimo. Posso ajudar, se quiser.

- Ah, eu quero! - Respiro fundo. - Mas preciso comer alguma coisa primeiro.

- Hmm! Também estou morrendo de fome.

- Acho que você só vem aqui pra comer - Sorrio.

- Isso não é verdade - Ele ri. - Às vezes gosto de ver você também.

Reviro os olhos e agarro seu braço, o puxando em direção a casa.

- Vamos comer alguma coisa, depois terminamos o jardim.

Will me ajudou a preparar o almoço. Fizemos macarrão ao molho, e até que não ficou ruim. Não foi um desastre total como quando preparamos o brownie naquela noite. Depois de comermos, arrumamos a bagunça e fomos trabalhar no jardim. Will limpou o mato que estava alto demais, enquanto eu terminava de plantar as flores. No final do dia, estávamos exaustos, mas o resultado foi perfeito. O jardim parecia estar finalmente ganhando vida de novo.

Ao pôr do sol, pedimos uma pizza e sentamos no sofá enquanto assistíamos a um filme. Depois, Will foi embora e eu subi para meu quarto e tomei um banho. Estava tão cansada que não demorou muito para que eu fosse vencida pelo sono.

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O Uivo da LuaOnde histórias criam vida. Descubra agora