- Um novo país -

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Breanna

   — Vamos ficar aqui, durante um tempo — falou, quando percebeu que o elevador estava parado, então, eu suspirei, colocando na cabeça, falar tudo que eu estava sentindo por ele.

   — Ótimo! Já que vamos ficar aqui, tenho que dizer, como se você não fosse o meu chefe, porquê está me corroendo — desabafei, soltando tudo que eu precisava falar. — Você é arrogante, rude, idiota, sem humor... — Espera aí! Acho melhor eu começar a explicar, como eu fiquei presa no elevador com meu chefe. 

   Tudo começou de manhã, acordei na minha cama na Inglaterra, me levantei, pronta para ir trabalhar. Em uma empresa de perfumes, então, desci as escadas, encontrando meu namorado fazendo o café da manhã. O abracei, sentindo seu, delicioso, cheiro, então, sorri.

   — What did you do to eat? (O que fez pra comer?) — questionei, sonolenta e ele me deu um prato com omeletes. — Thank you so much, Darwin. You're a sweetheart (muito obrigada, Darwin. Você é um amor) — falei, o dando um selinho, então, me arrumei para ir trabalhar, chegando no prédio, precisando falar com a minha chefe, já que no dia anterior, ela me pediu para subir, até a sala dela. 

   — Good morning, Breanna. Sit down (bom dia, Breanna. Sente-se) — pediu, então, rapidamente, obedeci, tomando meu assento. — As you know, we are partnering with a company in Korea and they want a representative, working there. I need it to be you. (Como sabe, estamos abrindo parceria com uma empresa na Coreia e eles querem um representante, trabalhando lá. Preciso que seja você.)

  — Why do you need it to be me? (Por que você precisa que seja eu?)

   — You're the only person who speaks Korean in this company (você é a única pessoa que fala coreano nessa empresa)  — contou. Maldita descendência coreana.

   — I don't have a choice, so let's go. (Não tenho escolha, então vamos.) — Sorri, animada. Fingindo estar animada. Eu morro de medo de aviões, mas faria esse sacrifício. Meu salário é bom demais para ser deixado de lado por um medo bobo. — I know, baby. It's not the best thing in the world, but... let's take care of it (eu sei, amor. Não é a melhor coisa do mundo, mas... vamos dar um jeito) — acalmei meu namorado, tentando soar tranquila.

   — You're going to the other side of the world. And you want me to rest easy on that? (Você vai pro outro lado do mundo. E quer que eu fique tranquilo com isso?)

   — We can visit each other often, I promise. We just need to get organized. (Podemos nos visitar, frequentemente, eu prometo. Só precisamos nos organizar.) — Demorou um tempo, até, ele, realmente, concordar com a ideia, então... peguei um avião.

   Ao chegar na Coreia, fui, diretamente, ao apartamento que alugaram para mim. Eu moraria aqui, por um tempo. Cheguei no apartamento e suspirei, olhando em volta. É bem pequeno, mas é perfeito para uma pessoa. Vai dar certo. Ouvi meu telefone tocar, era uma chamada de vídeo. Darwin.

   — Hi, baby. Are you okay? (Oi, amor. Você está bem?) — perguntei, animada e ele sorriu, concordando com a cabeça. — I just got here, it's ten in the morning, so it must be... seven o'clock? (Cheguei agora, aqui é dez da manhã, aí deve ser... sete horas?)

   — Exactly, Ah-ri (exatamente, Ah-ri) — falou meu nome coreano e eu relaxei meus ombros. — Start using your Korean name, Ah-ri (comece a usar seu nome coreano, Ah-ri) — provocou, me fazendo cerrar os olhos, o olhando, irritada. Coloquei a mão nos olhos, tentando ignorar a isso.

   — Cute. (Fofo).

   — How's it going in there? You think it's going to work? (Como está aí? Acha que vai dar certo?) — questionou, então, olhei para o lado de fora, acabando por sorrir e concordar com a cabeça, animada.

   — I have good feelings. (Tenho boas sensações.)

   No dia seguinte, me preparei para trabalhar, tentando ignorar o cansaço do fuso-horário. Andar pelas ruas da cidade movimentada, aumentava meu nervosismo sobre o trabalho. Fazia muito tempo que não falava coreano, mas... não acho que tenha enferrujado tanto. Minha mãe é coreana, conheceu meu pai, quando viajou para Inglaterra. Hoje em dia... estão divorciados.

   — Bom dia — cumprimentei um dos funcionários, me aproximando. — Sou Ah-ri, da Inglaterra. Eu cheguei ontem e fui enviada pra trabalhar aqui — falei, tentando não soar nervosa, o que, claramente, deu muito errado.

   — Ah, eu sei quem é você. Sou Chun, vim da China. Sei que é muito estressante vir pra um país novo. — Respirei, aliviada, ao perceber que estava falando com uma pessoa gentil. Coreanos não lidam bem com estrangeiros. — Me siga, sei, exatamente, onde vai trabalhar.

   — Incrível. Muito obrigada — agradeci, pegando o elevador, junto com ela. — Eu cheguei ontem, o fuso-horário está acabando comigo — reclamei, me espreguiçando e chegamos ao andar.

   — Bom, esse é o andar que vai trabalhar e aqui é a nossa sala. Aquele é o Park Jimin — falou, apontando para um garoto com fones de ouvidos. — Jungkook, nosso chefe, vem ver cada sala, todos os dias e elas são separadas em três pessoas em cada. Jimin, a garota nova chegou.

   — Ah, você deve ser... Breanna? Ou seria Ah-ri?

   — Os dois. Sou da Inglaterra, mas tenho meu nome coreano... dado... pela minha mãe. Isso é estranho. E você? É daqui? — perguntei, tentando puxar assunto e ele negou com a cabeça, girando o dedo, indicando o lugar.

   — Essa sala é a dos estrangeiros. Sou do Japão — contou e eu franzi o cenho. — Meus pais são coreanos, mas não fui criado aqui — explicou e eu abri a boca, entendendo a questão.

   — Parem de conversar, estão no trabalho. — Um homem, chegou, onde estávamos dando ordens, provavelmente, o chefe, já que os dois arrumaram a postura e esconderam os celulares. — O que estão fazendo aqui?

   — Essa é a Breanna — apresentou-me, colocando a mão em meu ombro. — Ela é da Inglaterra, mas tem um nome coreano, Ah-ri. Então, resolvemos acolhê-la.

   — Acolham ela, outra hora. Você. — Apontou para mim e eu o encarei, atenta. — Espero que não me decepcione — falou, seriamente, e tive que controlar uma crise de risos de nervosismo que eu sabia que viria em algum momento.

   — Tudo bem. Vem cá, qual é seu nome? — perguntei, casualmente, tentando soar gentil, mas acho que ele não gostou muito, já que arqueou a sobrancelha, me olhando, como se quisesse quebrar todos os meus ossos.

   — Jeon Jungkook. — Surpreendentemente, respondeu.

   — Vou anotar — falei, puxando um post-it, junto a uma caneta, anotando o nome dele, esse que se aproximou, novamente, me encarando, confuso.

   — Você está brincando comigo?

   — Com certeza, não. Minha memória é péssima. Eu esqueceria seu nome, daqui a cinco minutos, mesmo que você fosse alguém importante. Não que não seja, afinal, paga o meu salário, mas... — Colei o papelzinho na minha agenda, escrevendo, também "chefe" entre parênteses. — A última vez que fui demitida, foi, porquê esqueci o nome da minha chefe, não vai acontecer, de novo. Agora... tenho seu nomezinho — avisei e ele deu um riso breve, o que eu achei rude, então, foi embora.

   — Você tirou uma risada dele — disse, Chun, voltando a se sentar ao meu lado.

   — Aquilo não foi uma risada — comentei, apontando para o elevador, de onde ele entrou. — Ele é rude e... idiota. Não preciso gostar dele, preciso trabalhar pra ele. E o mais importante, aturá-lo. Até ele sabe disso.

   — Fala sério, aquilo foi a maior risada que ele já deu aqui. Ele gostou de você. — Dei de ombros, ligando o meu notebook, começando a trabalhar. Sinceramente, uma nova vida começou. Vamos dar duro para que ela dê certo.

BOA MENINA || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora