- Decisão importante -

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Breanna/Ah-ri

   Já fazia dois dias, desde que levamos Chun ao aeroporto. Eu estava tentando entreter Ji-Hoon que brincava com seus trenzinhos, calmamente. Ele estava preocupado com sua mãe e não entendia que o motivo do seu padrasto ter desaparecido tão rápido, era que ele havia morrido. Eu tentava distrai-lo, enquanto Jungkook não voltava para casa.

   — Por que a mamãe está tão tristinha? — perguntou, largando os brinquedos no chão, então, eu fiquei sem saber o que dizer. — Por que o titio foi embora? Ele não sabe que está deixando a mamãe triste? — questionou e o meu coração, se partiu ao meio, ouvindo isso. Ele não entendia o que estava acontecendo.

   — Olha... Seu titio não vai voltar. — A criança deixou a cabeça pender para o lado e eu suspirei, fechando os olhos com força. — O namorado da sua mãe... Ele queria muito ser uma estrelinha no céu. Agora, ele é e você precisa cuidar da sua mamãe, quando ela voltar. Ela precisa de você pra superar o fato do seu padrasto ter virado uma estrelinha.

   — Ele não vai voltar? — indagou com o rostinho molhado, pelas lágrimas e eu neguei. Ji-Hoon, se aproximou para me abraçar e eu me levantei, levando ele para o quarto que ele estava dormindo, então, o deixei deitado, ficando ao seu lado. — Não gosto de ver a minha mamãe tristinha. Ela se sente muito mal. Por que ele queria virar uma estrelinha?

   — Eu não sei. Ele, ainda, vai tomar conta de você e da sua mamãe. Só que lá do céu — falei, apontando para cima e ele sorriu. Não demorou, até que ele dormisse e eu pudesse me levantar, descendo as escadas para ir até a sala. — Você chegou... — disse, vendo Jeon na sala e ele sorriu, concordando com a cabeça.

   — Precisava resolver algumas coisas, agora, já está tudo bem — explicou e eu me aproximei, perguntando, sobre o que ele estava fazendo. — Estava conversando com... aquele cara — contou, parecendo decepcionado e eu deixei a cabeça pender para o lado, confusa.

   — Que cara?

   — Se lembra daquela reunião que fizemos com o CEO de outra empresa? — perguntou, cruzando os braços e eu franzi o cenho, forçando meu cérebro a pensar em algo, até que eu me recordei de um dia que marcou o meu calendário. Eu concordei com a cabeça e ele continuou. — Eu tive que conversar com ele, de novo.

   — Eu nunca te perguntei... Por que ele te deu um soco? — questionei, arrumando meu cabelo e ele se jogou no sofá, cansado. — Não quer falar sobre isso? — Eu me sentei ao seu lado, arrumando seus fios de uma maneira mais apresentável.

   — Eu falo. Não é um problema. Quando meu pai resolveu se aposentar, era certo que seu cargo antigo, iria pra ele. No entanto, eu terminei a minha faculdade, então, acabou vindo pra mim, mesmo que eu não tivesse experiência nenhuma. Tudo que eu aprendi, eu aprendi me fodendo. — Acabei rindo com a sua declaração e ele me acompanhou. — Tecnicamente, ele pega no meu pé, desde que assumi o cargo. O soco foi... um ataque de raiva dele. — Concordei com a cabeça, entendendo a situação.

   — Eu te acho um ótimo diretor executivo — confessei, estralando os dedos e ele sorriu, agradecendo, me dando um beijo na mão. — Ji-Hoon já está dormindo e eu pensei em fazer chá. — Ele assentiu e eu me levantei, indo até a cozinha. Assim que nos deitamos na cama, ouvimos passos correndo em nossa direção.

   Eu me sentei na cama e vi Ji-Hoon, abrindo a porta do nosso quarto, parecia assustado e se aproximou, timidamente, perguntando se podia se deitar ao nosso lado. Não consegui dizer não e o peguei no colo, o deixando deitado, entre mim e Jungkook. O garoto pareceu se acalmar, fechando os olhos, abraçando o ursinho que eu havia o dado de presente. 

   — Acho que ele teve um pesadelo — sussurrei à Jeon que concordou. A criança só precisava de atenção. Alguns dias passaram e ficar com o filho de Chun, me deixava feliz. Eu não costumava gostar de ficar com as crianças, mas esse tempo que tive com ele, me deixou feliz. Eu não sabia explicar direito o que era, mas eu ficava animada, cuidando dele, até consegui fazê-lo rir em alguns momentos. — Come seu bolinho, tudo bem? — falei, deixando o prato em sua frente e ele concordou, começando a comer.

   — Você diz que não gosta de crianças, mas confessa, você adora cuidar dele — disse, Jeon, encostado no balcão e eu dei de ombros, sem graça. Ele não estava errado. — Está sendo divertido ter ele aqui, mas... sua amiga te ligou, esses dias? — Eu neguei com a cabeça. Acredito que ela precise de um tempo para assimilar tudo que havia acontecido.

   — Acho que ela quer ter um tempo pra entender o que aconteceu. Eu nem imagino o que eu faria, se meu noivo morresse, tão perto do nosso casamento. Deve ser difícil — contei e ele concordou, segurando a minha mão, como se tentasse me reconfortar. Não cheguei a conhecer o namorado dela, mas espero que ela consiga superar.

   — Acabei de comer — avisou, Ji-Hoon e eu sorri, indo até ele para pegar o prato, o levando até a pia. Jungkook o levou para o andar de cima, provavelmente, o chamando para brincar. Comecei a lavar a louça, pensando em todas as coisas que aconteceram esses últimos dias. Terminei de guardar a louça e coloquei a mão no rosto, tentando me acalmar.

   Eu subi as escadas, entrando no quarto do meu namorado, vendo os dois, montando um quebra-cabeça no chão, distraidamente. Eu cruzei os braços, sorrindo e os observei durante um tempo, até que eles perceberem a minha presença, me chamando para ajudar a montar. Nós ficamos, praticamente, a tarde toda naquele puzzle difícil. Jungkook só tinha quebra-cabeças complicados. Eu mesma não tinha muita habilidade com isso.

   No final do dia, eu procurei pelos dois e encontrei Jeon, colocando a criança para dormir e o deitando em sua cama. O homem sorriu, olhando para o menino e se virou, vendo que eu estava os observando. Nós fomos até o quarto e nos deitamos, assim que ele disse boa noite, se virou para dormir, mas eu o chamei, antes que ele pegasse no sono.

   — Eu quero — falei, chamando a sua atenção e ele me encarou, confuso. — Eu quero ter filhos também, Junnie — contei, vendo um sorriso surgir em seu rosto e eu suspirei, agoniada. Eu percebi que queria ter filhos, assim que tive a experiência de cuidar de uma criança, nesses dias. Eu queria ser mãe.

BOA MENINA || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora