- Viagem à ilha -

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Breanna/Ah-ri

   — Você não pode estar tão decepcionada assim. — Eu estava na casa do Jungkook, depois do incidente da mãe dele que havia saído com a Lisa. Não estávamos transando, eu não conseguia, nem pensar, em fazer isso. — Não está, não é?

   — Não, eu não estou decepcionada com você. Eu estou muito irritada — confessei, furiosa, andando de um lado para o outro na sala de estar. — Fala sério, eu entendo contar pra mãe, sobre... dores de barriga, ou... tristezas comuns, mas... sobre uma traição? Oi, mãe, tudo bem? Sabia que estou traindo minha esposa? — perguntei a última frase, engrossando a minha voz.

   — Me desculpa, mas... quer conhecer a minha avó? — Franzi o cenho ao ouvir sua pergunta e neguei com a cabeça. — Eu juro que vai ser legal, faça isso por mim. Vai entender, quando chegarmos lá, por favor? — Travei meu maxilar, irritada e fechei os olhos, por um momento.

   — Vai contar pra ela sobre o nosso caso?

   — Não, ela já sabe — contou, como se fosse normal e eu o olhei, incrédula. — Pelo seu olhar, eu acredito que não gostou disso, mas eu conto tudo pra minha vó, a mulher me criou. Te vejo amanhã? Faça as malas, te pego às oito.

   — Tchau, Jungkook. — Andei até a saída da casa dele, sem esperar por um convite formal. A casa da vó dele. Uma senhora idosa, sabendo que o neto trai a esposa. Isso não pode estar acontecendo. — Tudo bem, fiz como pediu e arrumei as malas. Me prometa que sua vózinha não faz crochê.

   — A minha vó odeia crochê — falou, colocando as malas no carro. — Eu falei pra Lisa que ia visitar a minha vó. E como a minha vó, odeia a Lisa, ela não quis vir junto, então, nem precisei mentir. — Concordei, desconcertada e ele veio até mim, me segurando os meus braços.

   — Ela vai gostar de mim? — perguntei, preocupada, já que não é todo dia que você descobre que a avó do seu amante, sabe que ele tem um caso.

   — A minha vó vai te amar. Eu não me preocuparia. A única pessoa que ela odeia nesse mundo é a Lisa... e a minha mãe — disse, despreocupado e eu arregalei os olhos.

   — A sua mãe?

   — É, tudo começou, quando ela foi conhecer a minha vó. Segundo a vovó, minha mãe não é animada, o suficiente. — Concordei com a cabeça, me apoiando nele para não cair, quando minha visão escureceu.

   — Tudo bem, eu estou bem. Foi só a minha pressão caindo. — Entrei no carro, me sentando no banco e apertei a barra da minha camiseta, assustada. — Minha pressão está caindo, de novo. Eu não estou bem. Segura a minha mão — falei, estendendo o braço e ele sorriu, beijando a minha mão.

   — Não se preocupe, vai dar certo. Aliás, a minha vó mora em uma ilha — avisou e eu prendi a minha respiração, tentando não soar desesperada. — Você está desesperada, não está? — Concordei, repetidas vezes, apertando sua mão.

   No entanto, estacionamos perto do mar e ele segurou em minha mão, me levando até uma lancha. Espera aí... uma lancha? Parei de andar, travada no cais de madeira, então, Jeon, me olhou, preocupado, segurando em meus ombros, me encarando com cuidado. Eu respirei fundo e fechei os olhos, tentando me acalmar.

   — Tudo bem, eu não quero ir — confessei, me afastando da lancha, engolindo seco.

   — A minha vó vai te amar. Só estamos há alguns metros de oceano, longe dela. — Apertei as mãos dele que seguravam as minhas e neguei com a cabeça. — Ah, entendi... Tem medo de água, não tem? — Assenti com a cabeça e suspirei, assustada. 

   — É, eu tenho — sussurrei, então, ele entrou naquele automóvel, tirando um colete boia de dentro da lancha.

   — Eu pensei em tudo. Por isso, eu te comprei um colete na seção infantil — contou, me jogando a boia e eu segurei, o olhando, atordoada.

   — Por que comprou na seção infantil? — perguntei, confusa, colocando a peça no meu corpo.

   — Porque o número adulto não cabia no seu corpo pequeno — disse, negando com a cabeça e o olhei, incrédula. — Você é baixinha e sabe disso. Me desculpe jogar na sua cara, garota um metro e cinquenta e seis. — Cruzei os braços, negando com a cabeça, mas entrei na lancha, abraçando meu corpo.

   — Eu tenho orgulho de ser baixinha.

   — Nem você acredita nisso — falou, ligando o automóvel e eu concordei, me sentando. — Relaxa, vai ser bem tranquilo. — Eu vou acreditar nisso. Eu queria acreditar. Eu não tenho coragem de entrar nessas coisas estranhas.

   — Jungkook, você está indo muito rápido! É normal essa velocidade aqui? A gente vai morrer? Eu vou morrer? Jeon, eu estou com medo! — gritei, segurando no banco, assustada, então, o homem me olhou, por alguns segundos, irritado. — Para de andar, eu vou morrer!

   — Para de gritar! — Claro que não obedeci. — Se você não parar de gritar, eu vou parar essa lancha e te dar uma surra — falou, intimidador e apertei o banco, onde estava sentada, então, suspirei, atordoada.

   — Você tem noção do quanto isso é sexual? — perguntei, aumentando o meu tom de voz. — Para de falar comigo e vai logo pra eu não morrer. Dirige! Eu quero chegar logo e sair dessa água — mandei, gritando para que ele me escutasse ao som do motor. O resto do caminho, eu só fiquei gritando de olhos fechados.

   — Chegamos. Já está parada há cinco minutos, não vai abrir os olhos? — indagou, me fazendo abrir os olhos, percebendo que ele já estava fora da lancha. — Sai daí. Anda. — Estendeu o braço e eu segurei, aceitando sua ajuda para me levantar.

   — Como eu estou? — perguntei, confusa, esperando uma resposta positiva e ele concordou, me dando um beijo na bochecha. — As vezes, a gente parece um casal. Eu adoro isso — contei, abraçando seu pescoço e ele riu.

   — Pronta pra conhecer a minha vó que sabe que você é minha amante?

   — Falando assim... — resmunguei, então respirei fundo, segurando sua mão. Eu devo confessar que a avó do Jeon é rica, porquê... fala sério, quem mora em uma ilha? — Eu me sinto tão horrível. Tipo assim, ah, você é a avó do Jungkook? Muito prazer, eu sou a amante dele. 

   — Você é a amante do meu neto? — Arregalei os olhos, ao ouvir a voz de uma mulher idosa, mas eu devo confessar que era uma voz maravilhosa. Eu me virei para olhar a vó dele, era uma mulher de idade com o cabelo preto, muito provavelmente, pintado.

   — Sou eu mesma — respondi, nervosamente, até fazer uma cara de nojo. — Eu não devia ter falado com tanto orgulho — resmunguei a mim mesma, ouvindo uma risada contida de Jeon.

BOA MENINA || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora