- Verdadeiro inferno -

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Breanna/Ah-ri

   Tudo bem, o meu emprego, eu havia o mesmo cargo da empresa antiga, no entanto, era tão... entediante. Eu não sentia vontade de trabalhar, não sabia direito o que era, mas Chun e Jimin estavam em minha casa, me contando tudo que aconteceu, desde que fui embora.

   — Ele tem ficado um porre — reclamou, Park, se jogando na minha cama. — Ele não tem sorrido, uma vez. Tem dado trabalhos com datas impossíveis e está irritado o tempo inteiro. Ninguém aguenta mais. Você precisa voltar... — implorou, então, eu neguei com a cabeça, suspirando.

   — Concordamos de parar de nos encontrar. Era o melhor pra nós dois — falei, abraçando Cheddar que havia percebido a movimentação diferente e a minha tristeza. — Eu só preciso superar. Eu pensava em ficar aqui, permanentemente, mas... vou voltar pra Inglaterra, quando meu contrato vencer. É melhor.

   Meu desempenho no trabalho, com certeza, piorou. Eu chegava atrasada, quase, todos os dias e... eu não me importava com isso. E aquilo começou a me assustar. Eu não me importava em chegar atrasada. Nem um pouquinho. Naquele dia, no entanto, resolvi chegar no horário, até porquê haviam marcado uma reunião para o marketing com uma outra empresa, eu não sabia qual era, mas ao ver quem estava ali, eu arregalei os olhos. Podia ser qualquer um, menos ele.

   — Bom dia — falei, me sentando, ignorando a presença de Jeon naquela sala. O olhar dele, caiu para o meu pescoço, onde ele viu a minha coleira. Eu coloquei a mão no couro e engoli seco. Eu não tinha coragem de tirar o acessório. Eu não queria dizer adeus. Nesse meio tempo, tentei ser o mais profissional possível e dei as minhas sugestões para o projeto em conjunto que ele planejavam.

   Quando anoiteceu, eu fiz algo que não costumava, resolvi ir até uma boate. Eu não costumava fazer isso, eu não gostava, mas tudo que eu precisava fazer era me embebedar. Quem sabe eu não conseguisse me sentir melhor, durante alguns segundos? Eu, provavelmente, teria uma puta ressaca amanhã, de manhã.

   Se tinha uma coisa que eu não imaginava que iria acontecer me mudando para a Coreia, seria: terminar com o meu namorado, virar amante do meu chefe e terminar com ele, um ano depois. Por esse motivo, minha mente estava cheia, então, ir para uma boate parecia ser uma boa ideia.

   — Você não vai me pagar um drink? — perguntei à um homem que me olhava, já fazia alguns minutos e ele me encarou, surpreso. — Você está me olhando, já faz muito tempo. Achei que quisesse me pagar alguma coisa. Fica à vontade. Eu quero um Martini — avisei, então ele concordou, pedindo o meu drink.

   — Achei que fosse comprometida, por causa do... — Apontou para o pescoço, então, levei minha mão à minha coleira, olhando para baixo, chateada. Então, ele era praticante do BDSM. — Final de relacionamento ruim? — Concordei com a cabeça, segurando a taça que foi colocada na minha frente.

   — Eu não quero tirar minha coleira. Se eu tirar, vai significar que acabou e eu não quero perder o meu dono — reclamei, segurando a peça de couro e fechei os olhos, agoniada. — Eu não quero perder o meu senhor... — Claro que desabafar com um desconhecido não era o que eu imaginava fazer, mas contei tudo. Desde o casamento de Jeon, até o motivo de termos terminado.

   — E ele não se divorciou da esposa? — Eu neguei com a cabeça, então ele fez o mesmo. — Ele foi muito idiota por isso — contou, e eu acabei sorrindo, agradecendo no momento seguinte. — Você deveria tirar essa coleira. Está perdendo várias oportunidades — aconselhou e se levantou, dando tapinhas delicados em meu ombro.

   Então, foi aí que percebi... Eu precisava superar Jungkook. Eu me levantei do banco, saindo da boate, seguindo aquele homem que falou comigo e o chamei. Quando ele se virou, eu ataquei seus lábios com um beijo e fui, rapidamente, correspondida. Se eu quisesse superar o meu antigo dominador, eu precisava de outro.

    Ele me levou, até um motel, onde me jogou em uma cama e digamos que eu descontei toda a minha frustração naquela prática. Eu só queria esquecer o Jungkook e aquela maneira, parecia ser a melhor... na hora. Eu cheguei em casa, me sentindo suja. Achei que se eu achasse alguém que conseguisse substituir ele, eu conseguiria superar, mas eu entendi o que aconteceu. Ninguém podia substituí-lo. Ele foi incrível do começou ao fim e nem tivemos um fim oficial.

   Claro que eu tentei seguir em frente, mas parecia que eu dava dois passos para frente e um para trás. Eu me jogava em cima de um cara em uma boate qualquer, mas me recusava a dar mais que uns, simples, amassos. Era como se eu estivesse andando em círculos. Eu sentia saudades. Ele nem deve ligar que eu fui embora, como a mãe dele, mesmo disse: a cada mês, ele troca de amante.

   Eu escondi meu rosto, entre os joelhos, chateada em ser a única apaixonada, até que senti algo que estava esquecido em meu dedo. Garota, quantas vezes, eu preciso te escolher pra você saber que eu te amo? Lembrei de sua frase, quando estávamos na casa de sua vó. Será que era verdade mesmo? Ele já escolheu. Escolheu você. Será, mesmo, vovó? Será que ele me escolheu? Em meio às minhas lamúrias e queda de lágrimas, a porta bateu. Eu estranhei, já que não esperava ninguém, mas me levantei na mesma, indo atender. Eu só não esperava que...

   — Vovó? — questionei, vendo a vó de Jeon na porta. — O que você faz aqui? Eu terminei com o Jungkook — contei e ela concordou, entrando na casa, sem esperar um convite formal. Eu dei de ombros, fechando a porta, me olhando no espelho para saber se eu não estava com os olhos muito vermelhos. Nada muito constrangedor.

   — Querida, você estava chorando? — Arregalei os olhos, negando com a cabeça e ela se aproximou. — Não minta pra mim, eu sei que deve ser difícil ter que namorar com aquele garoto idiota. Vem cá — chamou, abrindo os braços e eu me joguei ali, buscando conforto. — Ele sente tanto a sua falta.

   — Então, por que ele não vem me buscar? — perguntei, manhosa, sentindo as mãos da senhora, acariciarem meu cabelo. — Por que ele não me escolheu? Você disse que ele me escolheu.

   — Você não sabe o esforço que ele está tendo pra te ter de volta. Ele tem obstáculos pra conseguir o divórcio — explicou, calmamente, e eu sequei as minhas lágrimas, me afastando para perguntar quais eram. — Os pais de Jungkook, sempre, foram muito rigorosos, então, está sendo difícil de eles aceitarem o divórcio. Ele está negociando com o pai dele, mas ele não quer ceder. Jungkook está passando pelo inferno pra conseguir esse divórcio. Ele só está precisando de bons argumentos.

   — Passando pelo inferno.... — murmurei, mordendo os lábios. Eu estava tentando superá-lo, enquanto... ele estava tentando buscar uma solução para ficarmos juntos. Ele estava tentando conquistar o nosso futuro e eu... nem me esforcei para esperá-lo.

BOA MENINA || JJKOnde histórias criam vida. Descubra agora