Capítulo Vinte e Dois

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CAPÍTULO NÃO REVISADO


Nem mesmo posso dizer quais foram as primeiras coisas a se quebrarem. Talvez os copos, talvez os pratos. Como terceira opção, a que veio a minha mente em primeiro lugar: todos de uma vez, na mesma hora, no mesmo segundo. Esperei que Ian gritasse, sempre que se assusta ele grita ou da um pulo para trás e depois grita. Esperei que minha mãe fizesse aquela expressão de choque de mais cedo ou que meu avô ficasse P da vida. Mas nenhuma dessas coisas aconteceu.

O chão está melado de sopa e com pedaços de cenoura nos nossos pés, cacos de vidros como botes naquele mar e mesmo assim, ninguém se manifestou por vários segundos.

Meu coração estava batendo tão forte que imaginei que rasgaria minha pele para sair de dentro de mim e minha garganta ardia porque prendi o meu próprio grito de pavor, trancafiei e agora parece que esse grito me congelou no lugar. Olho para o chão, vejo o estrago, olho para minha mãe e vejo que ela está chorando e foi a primeira a fazer algo. Agachou-se e começou a catar os cacos de vidros. Robson foi o próximo, ele saiu pela porta e a bateu com extrema força que me fez tremer de novo. Pensei que esse dia tinha sido ruim no começo. Devia ter esperado que o dia acabasse para poder decidir a pior parte dele.

Agachei-me também quando meu corpo despertou. Fiz intenção de pegar um caco de vidro, tinha a forma de uma onda, uma onda afiada. Mas minha mão disse para que eu fosse para o quarto.

—Mas mãe... Eu sei que... Me desculpe. Eu não sabia que ele faria isso.

—Mas você o provoca, Eric. Você sempre o provoca quando ele está quieto. O que foi que eu disse sobre querer paz? Ou você quer que meu casamento acabe de novo?

—Sarah! —Vovô agarra meus ombros.

Minha mãe não está nenhum pouco abalada pelo que disse. Não a culpo, está com raiva mesmo que não esteja gritando.

Solto-me do meu avô.

—Então foi eu que acabei com o seu casamento com meu pai? É por isso que me pede para manter a calma com... esse... —controle-se, Ian ainda está aqui —Homem? Eu arruinei sua vida?

—Dramático, Eric. Vá para a porra do seu quarto, fique quieto e quem sabe eu vá conversar com você. Mas por enquanto vou arrumar a bagunça que você provocou até que acontecesse. Eu devia colocar para você mesmo limpar.

Não percebi que Ian tinha ido com meu avô para o quarto até que ouvi a porta batendo. Ficamos sozinhos e o desespero aflorava na minha pele, eu estava a beira das lágrimas também. Cacos de vidros nos separavam alguns centímetros, porém, nunca senti que estávamos tão distantes. Ela parecia outra pessoa agora, uma mulher mais fria e alta, que falava pouco e que parecia terrivelmente cansada não só pela falta de sono, mas como cansada de tentar falar comigo.

Ela falou primeiro e não fiz nada para retrucar.

—Você pode ir para esse... Lugar. Onde vai fazer o trabalho da escola. Pelo menos assim vou tentar consertar as coisas por aqui, vou conversar com ele. Vou conversar com Ian, o coitado deve estar em choque. Aparentemente, estamos passando por uma fase complicada, não achei que sua adolescência fosse trazer tantos problemas, tanto drama. Mas eu já sabia que seria algo... Parecido com isso, Eric. Não tente, nunca mais, prometa, provocar seu padrasto. Você deve respeitá-lo, porque ele nunca fez nenhum mal a você. Robson te respeita, coloca comida na mesa e nunca encostou um dedo em você, nem mesmo hoje quando tinha todos os motivos. Claro que ele não ia bater em você, ele não ia fazer algo tão asqueroso. Não vou falar outra vez. Não vou. Estou cansada. Espero que esse assunto não precise se repetir mais uma vez, agora, me obedeça pelo amor Dele e vá para seu bendito quarto.

Nos Vemos à Meia-noite (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora