Nos Vemos à Meia-noite (Romance Gay)

Capítulo Trinta e Cinco

Paramos em um posto de gasolina. O cheiro me incomodava e me deixava zonzo, mas Ian parecia gostar. Ele está sentado ao meu lado no banco traseiro, animado para ir me deixar na casa de Isaac. Enquanto eu estou com aquele familiar frio na barriga, que me deixa ao mesmo tempo nervoso e animado. Não consigo parar de pensar no sonho erótico que tive com Otávio ontem à noite e envolveu tudo do meu dia: doce, ele, mais doce e mais ele. Um sorriso idiota cruza meu rosto enquanto penso no sonho que começou comigo fugindo pela porta dos fundos da festa de Ian eu cruzei com alguém que nunca vi na vida e ele me ofereceu um pedaço de bolo nas mãos, quando aceitei, estava quente mas suportável. Caminhei até árvore que por alguma razão estava brilhando em neon verde e encontrei Otávio ali, escondido. Quando se aproximou do meu corpo achei que iria me beijar ou me agarrar como na vida real, mas Otávio abaixou a cabeça e lambeu o pedaço do bolo que estava nas minhas mãos até que eu sentisse a aspereza da sua língua na minha palma. Nesse momento eu já queria empurrá-lo contra aquela árvore brilhante-neon e beijá-lo para sempre. Quando levantou o rosto, ele literalmente brilhava por causa da árvore à esquerda e a boca de Otávio estava melada de chocolate e pedaços de bolo. Os lábios dele nunca pareceram tão formidáveis, tão convidativos. Minhas mãos ficaram flácidas ao lado do corpo enquanto minha respiração saia entrecortada e tudo que eu ouvia era as pessoas cantando parabéns na minha sala. Aproximei-me um passo e já cheguei perto o suficiente para tocá-lo. A voz de Otávio foi o que acendeu a chama dentro de mim. "Toca em mim, Eric. Toca em mim". E foi o que fiz. Minha boca encontrou a dele e um sabor doce explodiu nelas. Não conseguia manter minhas mãos paradas mesmo se quisesse, elas estavam passeando pelo corpo dele, pela nuca suada, pelas costas cobertas pela camiseta e pelo peito que mais parece estar sendo esmurrado por seu coração. A distância ainda parecia ser algo incrivelmente grande, por isso eu me prendia ao corpo dele e mesmo que doesse eu não conseguia dizer isso para mim mesmo, meu cérebro não quer processar essa informação totalmente. Foi quando senti que ele estava colocando a mão nas minhas calças e eu ansiava por aquilo que poderia... A mão dele estava gelada e isso me arrepiou inteiro. A voz dele continuava a vir, mais intensa, mais baixa e sexy: "Continue me beijando com esses seus lábios de fogo, continue, continue, só continua".

Foi o momento em que acordei e eu estava excitado por debaixo do lençol. A frustação tomou conta de mim quando abri os olhos e percebi que meu sonho havia acabado na melhor parte. Tentei voltar a dormir pensando no sonho para quem sabe, continua-lo. O que não aconteceu. Robson voltou e bateu a porta do carro, estava reclamando do preço da gasolina no Brasil, depois começou a reclamar do presidente e das pessoas que faziam parte da politica.

Eu só consegui fechar os olhos e prestar atenção na música que saia dos meus fones de ouvidos.

***

Ver a casa de Isaac de novo me trouxe uma sensação maravilhosa de nostalgia. Passei o caminho todo com fones de ouvido escutando a playlist que fiz para o dia de hoje, que se chama Alta Qualidade. Composta por cantores brasileiros e americanos; de Pitty a Tylor Swift.

Robson não falou muito no caminho, mas antes que eu pudesse descer do carro e mentalmente gritar que eu estava livre ele me chamou com aquela voz autoritária que usa com Ian.

—Sua mandou que você se comportasse. —Um aviso, uma ordem, um pedido? Ele parecia desconfortável em me pedir tudo, até mesmo para que e ensinasse o dever de casa ao seu filho.

—Tá. —Foi minha resposta, seca como o deserto.

Mas pensei em outra resposta antes que Robson pudesse da partida no carro de novo. Pus minha cabeça na janela mais uma vez e usei o som de voz menos autoritário que conseguia.

—Se comporta também. Tchau!

Saí em disparada a casa de Isaac torcendo para que essa adrenalina durasse o final de semana inteiro, para que eu pudesse ter um estoque infinito para quando eu quisesse.