Capítulo Trinta e Seis

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Entramos no quarto de Isaac às cegas.

Minha boca não consegue desgrudar da de Otávio, parece que sempre que isso vai acontecer uma força maior diz que não; ela grita, NÃO DESGRUDEM. E eu obedeço, porque eu quero. Minhas forças parecem ao mesmo tempo suficientes para que eu consiga me levar até a cama sem olhar, para que eu consiga sustentar o corpo dele sem sentir dor e também insuficiente para conseguir não em derreter pelo toque dele na minha cintura, na minha pele do pulso e da nuca. Cada toque dos seus dedos é quente e parece querer aquele pedaço de mim para sempre. As digitais dele estão sendo marcadas no meu corpo inteiro, começou só nos braços que eram as únicas partes que estavam sem tecido. Então tirei a camisa e ele marcou seus dedos na minha clavícula, no meu queixo, na minha barriga. A boca dele também fez um trabalho importante, mas não me concentrei o suficiente para poder detalhar.

Não sei nem dizer aonde os beijos dele começam e os meus seguem logo depois, porque não terminam. Isso nunca. Eu quero realizar meus pensamentos impuros porque finalmente tenho oportunidade. Porque finalmente sei que Otávio quer isso tanto quanto eu. Minha calça e desabotoada e meus dedos procuram a barra da camisa dele e a puxam para cima. Tenho a visão do corpo dele e suspiro. Seu corpo choca-se contra o meu como mais cedo, só que dessa vez, mais quente. Nossos beijos mudam de direção, nossas mãos ganham a habilidade de ir e vir sem ordem, fazendo as coisas que querem e nossas bocas não se controlam tanto quanto eu gostaria.

Felizmente tudo vai ficar gravado na minha memória mesmo que eu não sabia como descrever depois.

***

—Vocês demoraram. —Júlia diz assim que saímos da casa.

—Conversamos depois que eu terminei de lavar a louça. —Minto.

Eles parecem acreditar. Ou não, porque ninguém demora duas horas para lavar a louça.

Não me importo com o que vão pensar agora, meus pensamentos estão mais focados nos minutos anterior e nas coisas que estou sentindo agora, coisas essas que nem consigo descrever com uma só palavra. Sentei no banco que fica na varanda onde ainda estamos e contemplei o céu azulado e as nuvens fofas. A verdade é que sexo é bom, mas ainda assim, superestimado.

—Quem vai me ajudar a pegar as barracas?

—Eu! —Otávio diz e os dois entram na casa de novo. O silêncio reina apenas por alguns segundos antes que Júlia comentasse de novo que demoramos. Dessa vez com um sorriso malicioso nos lábios bem desenhados.

Ela é toda bem desenhada, noto.

Estou pensando como um idiota agora e espero que esse efeito passe.

Não resolvo conversar muito com medo de revelar demais, respondi as perguntas com respostas simples que de nada valiam.

Ao final da tarde procuramos troncos secos para fazer uma fogueira. A ideia inicial era acampar perto da casa de Isaac, mas ele disse que não queria o cheiro de fumaça nas coisas dele. Então demos vinte passos para frente da casa dele, o que não foi o bastante, então decidimos brincar de um jogo chamado Número da Sorte, onde a gente somava os números das mãos que colocávamos de olhos fechados. Coloquei dois; Júlia e Raquel, quatro; André um, Privada cinco e Isaac dez.

22 passos a mais.

Paramos perto de algumas árvores cheias, o lago ficava à esquerda.

—Nunca dormi fora de casa. —Comento enquanto recebo ajuda de Isaac para montar a barraca. Na verdade, ele está montando todas elas sozinho porque nenhum de nós tem conhecimento em acampamento além de pegar galhos.

—Nem eu —Raquel diz rindo, hoje ela está usando short jeans amarelo e uma blusa branca comum. Mas o que realmente se destaca nela agora é o cabelo cacheado cheio que forma uma cascata nas suas costas até sua cintura. Ele está dourado devido a luz do sol.

Nos Vemos à Meia-noite (Romance Gay)Onde histórias criam vida. Descubra agora