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LUCIUS WALKER

Ryan consegue me tirar do sério sempre que nós encontramos, já fazem 2 horas que ele me deixou aqui plantado.

- Eu vou matar você. - Falo assim que ele entra no banco de trás da SUV.

- Mamãe ficaria puta se fizesse isso. - Debocha enquanto põe o cinto.

- Você é irresponsável Ryan, sempre atrasado para eventos, sempre dando vexame para mim. Quando vai crescer?

- Quando você parar de ser controlador, isso não faz bem para o coração irmãozinho. - Diz irônico.

Seguimos o caminho em silêncio. Ryan me tira do sério com sua irresponsabilidade e falta de atenção. Eu sou o irmão mais novo e tenho mais responsabilidade que esse cabeça de vento.

Estamos a caminho de um almoço em um restaurante famoso aqui na Itália, o dono soube que eu viria para cá a negócios e nos convidou.

Somos da Rússia, Ryan veio morar aqui a alguns anos  quando virou capo da máfia italiana, assumindo o lugar de um traidor. Eu continuei na Rússia, nossos pais morreram em uma emboscada que o capo traidor causou.

Ele deixou um testamento dividindo os comandos e o pior sobrou para mim, assumindo seu lugar me tornei o barão do crime, tendo que comandar a máfia russa com unhas e dentes desde então.

Ryan é o mais velho, esse lugar era dele, ainda mais por ser o filho legítimo, mas ele nunca o quis, para falar a verdade ninguém quer essa vida, ou você entra nela por necessidade ou por herança.

Fui adotado quando tinha 5 anos, nossa mãe era médica no hospital que fui levado quando minha mãe se suicidou na minha frente.

Mas antes ela me deu uma surra que deixou marcas para a vida inteira e são o motivo dos meus piores pesadelos.

Ryan tinha 12 anos quando fui adotado, ele sempre foi um bom irmão, isso eu não posso negar, mas sempre apanhava na escola e eu tinha que defende-lo.

Sou grato eternamente a meus pais por terem me aceitado na família e por me tratarem igual e com o mesmo amor que tiveram com Ryan. Acho que esse foi um dos motivos pelo qual aceitei o cargo de barão.

Desde pequenos fomos treinados para matar, tínhamos os piores castigos se aprontassemos e hoje vejo que valeu a pena. Ryan é um capo respeitado na Itália e eu um barão respeitado e temido na Rússia.

- Chegamos senhor. - Steve diz ao abrir a porta do carro para mim.

Caminhamos em direção a entrada do restaurante e logo somos recebidos pelo que acho ser o gerente.

- Sejam bem vindos ao Deluxe senhores. É um prazer recebe-los aqui.

Aceno com a cabeça e Ryan faz o mesmo, de boca fechada ele parece civilizado. Somos direcionados a  uma mesa reservada e logo trás um vinho para bebermos enquanto esperamos o prato.

- O prato de hoje foi criado especialmente para os senhores, espero que se agradem.

- Nós agradecemos. - Digo e ele sai.

Ryan me encara por alguns segundos até suspirar.

- Que saudades irmãozinho.

- Deixar alguém esperando por 2 horas é uma maneira estranha de demonstrar saudade. - Digo irônico.

- Você é rancoroso Lucius, imprevistos acontecem. - Se defende.

- Seus imprevistos na maioria das vezes são relacionados à alguma buceta.

- Dessa vez não, culpe a mamãe. Ela me ligou as 6 da manhã para falar sobre casamento, acredita?

- Você é o mais velho, já está mais que na hora de arrumar alguém. - Digo enquanto rio internamente da sua cara de desespero.

Mamãe já está a um tempo tentando fazer com que Ryan tome rumo na vida e pare de deitar com uma mulher a cada dia.

- Você também não fica para trás, não é nenhum santo. - Alfineta.

- Eu vou me casar. Nunca neguei isso, só espero a pessoa certa. - Digo cínico.

- Enquanto isso se diverte com as erradas não é mesmo? Seu cinismo me comove.

Eu vou me casar, só espero a pessoa certa para isso aparecer. Ryan sabe do que estou falando porque nunca guardamos segredos um do outro.

- O prato dos senhores. - O garçom coloca os pratos na mesa e deseja um bom apetite.

- Parece boa. - Ryan da de ombros antes de começar a comer.

A comida estava realmente muito boa, Ryan pediu o mesmo prato cerca de 3 vezes e só não repetiu novamente porque eu não deixei.

- Meus parabéns ao chef que preparou a comida, estava ótima. - Agradeço ao garçom.

- Na verdade é uma chef. - O gerente diz tímido e aquilo desperta minha curiosidade. - Mas irei repassar o elogio a ela.

- Eu quero vê- lá.

Ele assente e sai. Ryan me olha com cara de tédio.

- Ainda tem esperanças de acha-la?

Dou de ombros.

- Não custa tentar.

Logo a mulher chega e suspiro, não é a mulher que eu procuro. Mas Ryan imediatamente se ajeita na cadeira, parece que ela o interessou.

- Boa tarde senhor Walker, boa tarde senhor Miller, sou a chef Sammy. Houve algum problema com a comida?

Apesar de sermos irmãos, Ryan e eu não usamos os mesmos sobrenomes. Como assumi o posto de meu pai, herdei o seu sobrenome. Ryan preferiu ficar com o de nossa mãe.

A mulher é bonita, isso não pode ser negado, mas não me interessou. Já não posso dizer o mesmo sobre Ryan, que a encara como se ela fosse a última mulher no mundo.

- Não, estava tudo muito bom. Você é muito boa no que faz. - A parabenizo.

- Meu irmão é modesto. - Ryan solta. - Sua comida é maravilhosa, acho que merece até mesmo um aumento. - Ele encara o gerente de longe. - Afinal, arrancar elogios do Lucius não é uma tarefa fácil.

A garota parece envergonhada mas feliz, ela agradece e logo volta a cozinha.

Pago a conta e vamos em direção ao carro, Ryan liga para algumas pessoas no caminho enquanto eu resolvo alguns problemas da Rússia pelo celular.

Logo chegamos na minha casa que tenho na Itália, vou ao escritório fazer algumas ligações enquanto Ryan vai para o lugar que ele ama, a cozinha.

- Ele acabou de almoçar Susi, não o deixe exagerar. - Digo da porta do escritório e ouço resmungos de Ryan e risadas de Susi, minha empregada aqui.

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