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MEGAN STILL

CENTO E OITENTA E TRÊS DIAS

Quantos meses são equivalentes a cento e oitenta e três dias?

Bom... eu não sei.

Mas sei que essa é a quantidade exata de dias que estou trancada dentro de uma jaula. Como um animal selvagem.

Desde que era criança sempre acreditei que existia um Deus que cuidava de mim. Que me protegeria de toda e qualquer maldade.

Quando Pérez tentou me matar e não conseguiu, eu acreditei fielmente que era Deus me livrando e protegendo a mim.

Mas... pensando bem...

Fui eu quem corri até sentir o ar faltar em meus pulmões.

Fui eu quem implorei por ajuda.

Fui eu quem me protegeu a vida inteira.

Então onde Deus estava quando eu implorei para que me ajudasse?

Onde Ele estava, porra?

O rosto de Lucius me vem a memória e um minúsculo sorriso tenta crescer em meus lábios.

Será que ele ainda está me procurando?

Ou já desistiu?

Já tem um tempo, então...

Meu corpo inteiro dói depois de mais uma sessão de espancamento. Era assim a cada dois dias.

3 guardas entravam na jaula e prendiam meus braços e pernas a corrente que ficavam presas no teto e chão.

E só então começavam a me bater.

Chutes.

Socos.

Choques.

Nos primeiros dias eu chorava.

Chorava como uma criança, implorando para pararem.

Mas eu percebi que quanto mais eu chorava, mais eles sorriam, eles adoravam me ouvir chorar e implorar.

Depois de alguns dias eu parei de chorar, e então parecia não ser mais tão interessante torturar alguém que não reage.

Mas ainda assim eles continuaram. A diferença era que agora não parecia mais divertido para eles, havia se tornado apenas uma obrigação.

E isso era bom? Eles parariam ou acabaria mais rápido? Não.

Só fez com que batessem com mais ódio.

Eu era torturada por dois dias seguidos, mas todas as noites recebia metade de um pão seco e metade de um copo d'água.

Pérez não me queria morta, ele me queria viva e sofrendo.

Mas a cada dois dias, quando os soldados iam embora, ninguém mais aparecia aqui. Ninguém exceto ele...

Alec era meu vizinho de cela, digamos assim. O garoto também era um prisioneiro de Pérez.

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