LUCIUS WALKER
Meu celular tocou me despertando e o atendi rapidamente.
- Achamos ele, está no porão.
Não respondi uma única palavra ao ouvir Ryan falar aquilo, apenas encerrei a ligação e um sorriso doentio surgiu em meus lábios.
Hoje faziam sete dias que Megan estava internada. Houve uma grande melhora em seu quadro, segundo o médico se tudo continuar bem, em duas semanas ele irá acorda-la.
- Pegamos o desgraçado que machucou você, Meg. - Aperto sua mão na esperança de que ela esteja me ouvindo. - Precisarei me ausentar por algumas horas, preciso me divertir um pouco com aquele filho da puta.
Ouço as batidas na porta e logo em seguida Samantha adentra o quarto segurando um vaso com flores e um balão com alguma frase escrita que não me interessei em ler.
- Ela gosta de lírios. - Dá de ombros pela breve explicação.
Suspiro.
Ao olhar a amiga desacordada, vejo quando seus olhos enchem de lágrimas.
Eu não gostava de Samantha. Na verdade... acho que não suporto mulher nenhuma a não ser Megan, somente ela tinha minha atenção e total interesse.
Mas a loira é minha cunhada, iremos conviver pelo resto da vida, provavelmente. Então optava por manter um bom convívio.
- Cuide dela enquanto estou fora, pode ser?
Peço apreensivo. Não sai do lado de Megan em momento algum nesses dias, deixá-la sozinha me causava pânico.
Meu estômago revirava só de pensar na possibilidade de alguém entrar aqui e levar ela novamente.
- Não se preocupe, tem minha palavra.
Tiro uma das armas que ficavam no coldre em minhas costas e a entrego.
- Use-a se sentir que estão perigo.
A mulher segura a arma e a guarda rapidamente na gaveta da mesinha onde estavam as flores.
Aceno antes de sair da sala.
O hospital estava interditado, haviam guardas para todos os lados garantindo a segurança da minha mulher. Steve estava plantado na porta do quarto com ordens de só sair de lá se Megan estivesse em perigo.
No caminho para minha casa me recordo do que Ryan falou alguns dias atrás sobre Rolf ter entrado em contato para ver ela.
Não sei quando iria autorizar qualquer outra pessoa fora meu irmão ou minha cunhada para ver Megan. Sem contar que quando ela ver Rolf, fará perguntas, e a única coisa que a quero preocupada é com a sua recuperação.
Suspiro cansado.
Esses dias que estou com Meg no hospital estão sendo cansativos, confesso. Mas eu faria o que fosse necessário para que ela estivesse sempre sob meus olhos.
Passo pelos portões da reserva e estaciono de qualquer jeito. Eu só queria chegar o mais rápido possível no porão.
Todas as nossas casas tem o que chamamos de porão. Ao contrário do que o nome parece, ele não fica no subsolo das casas, na verdade, o porão é uma sala que fica no fundos.
Um lugar onde torturamos, matamos, e cometemos as piores atrocidades que um ser humano é capaz.
Insiro a senha para a porta ser destravada e de cara já encontro Ryan socando Pérez, que está acorrentado a uma cadeira.
No fundo da sala pude enxergar Alec. Seu olhar era sombrio, já vi isso antes. Ele ansiava por vingança.
Logos após aquela conversa com o garoto, um exame de DNA foi realizado entre ele e Megan, e dois dias depois foi confirmado seu parentesco.
Ofereci para ele um apartamento em um dos meus prédios, para que ele ficasse enquanto a irmã acorda. Alec aceitou de bom grado, porém, fez um pedido.
"Eu quero ser um de vocês."
Confesso que de início neguei, Meg não gostaria de saber que o único irmão queria se tornar um homem do submundo.
Mas ele insistiu. Insistiu pra caralho.
E eu cedi.De início o aceitaria apenas como um soldado, ele teria que passar pela iniciação e por todo o treinamento exigido pela Bratva.
Se sobreviver, então merecerá ser um de nós.
Para testá-lo e ver se podia confiar, dei sua primeira missão: Trazer Pérez vivo.
Eu precisava de um sub chefe, desde que Ryan assumiu a Itália esse cargo ficou vago. Se Alec se mostrasse confiável, quem sabe daqui há alguns anos ele não poderia assumir a posição?
Mandei meu irmão junto, com a ordem de que, caso Alec fizesse alguma merda, Ryan podia matá-lo. Mas me surpreendi ao ver agora que o moleque realmente cumpriu o que foi pedido.
Me aproximo do verme e levanto seu queixo para que me encare. Ryan já tinha feito um belo estrago nele.
- Finalmente. - O velho cospe, mas eu desvio a tempo. - Pensei que ficaria feliz em me ver... já que me importunou esse tempo todo.
- Você não perde por esperar... e então? Como sua putinha está?
Meu punho atinge seu rosto com força. Filho da puta desgraçado.
- Eu vou fazer você implorar para morrer.
- Alec! Mostre para eles o que eu te ensinei. - Pérez pede para o filho, com um sorrisinho infeliz no rosto.
Encaro o garoto que finalmente saiu dos fundos, puxou uma arma de cintura e caminhou calmamente até onde eu e meu irmão estávamos.
- Vamos, filho! Mate eles e me solte!
- Vamos lá, Alec. Mostre a ele para quem você trabalha. - Provoco.
Ele dá dois passos a frente e abaixa, ficando na altura do pai.
- O que você me ensinou? - O ódio em sua voz é nítido. - É que eu fiquei muito tempo preso em um buraco debaixo do chão, sabe? Acho que não consegui aprender muita coisa.
Encaro Ryan, que sorri ao ouvir a ironia.
- Eu deixei você viver, seu moleque desgraçado. Cuidei de você todos esses anos, para que governasse comigo.
- Então eu devo agradecer? É isso? Acho que sim.
Ele usa o cabo da arma para acertar o rosto do verme, dessa vez abrindo um corte feio lá.
- O que você está fazendo? - Pérez grita.
- Agradecendo! Não é óbvio?
Alec ri enquanto continua socando o rosto dele com o cabo da arma.
- Obrigado por matar minha mãe.
Um soco.
- Obrigado por me manter prisioneiro a vida inteira.
Outro soco.
- Obrigado por me tratar que nem um animal.
Mais um.
- Já chega, Alec. - Interrompo, mas ele não para. - Já chega! - Grito o puxando de cima de Pérez, que estava quase desacordado.
Sua respiração estava desregulada e as mãos ensanguentadas, mas agora seu olhar estava vazio. O ódio que existia ali, evaporou. Seu olhos se tornaram vazios.
- Tira ele daqui. - Ordeno a Ryan que antes de levá-lo para fora, tira a arma de Alec.
- Agora, somos apenas eu e você.
Pude ver o exato momento em que terror surgiu em seu rosto.
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RUSSO
RomanceUm sonho e um rosto foi o bastante para Lucius ficar obcecado por ela. Mas quem é essa mulher? Ela existe mesmo ou é tudo imaginação de sua cabeça? Megan é uma garota com marcas do passado que faz de tudo para esquecer o terror que viveu, mas o pas...