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LUCIUS WALKER

Após um mês que Megan foi colocada em coma induzido, o médico disse que iria iniciar gradativamente o processo para despertá-la.

E assim fez. Hoje, duas semanas depois, após a cessarem os medicamentos, estamos apenas aguardando ela acordar.

Segundo o médico, muito provavelmente Megan acordaria hoje.  Enquanto isso eu estou aqui.

Aguardando ansiosamente para ver seus olhos abrindo e ouvir sua voz de novo.

Ryan, Samantha, Alec e a pirralha também estão comigo na sala de espera, igualmente ansiosos.

- Ela acordou. - Doutor Mudock anuncia. - Podem vê-la, mas um de cada vez. Quem será o primeiro?

Todos me encaram automaticamente.

- Ryan, podem ir primeiro. - Ordeno para meu irmão e cunhada.

Eu queria muito ver ela. Muito.

Mas.. porra! Como iria olhar para seu rosto e dizer que falhei em protegê-la?

Como vou encará-la depois de não ter tido a capacidade de resgatá-la?

A culpa me corrói a cada instante.

- Ela é forte. - Alec pontua, e então me dou conta que ele continuou comigo.

O rapaz vem se mostrando cada dia mais leal a Bratva. Desde o dia que trouxe seu pai até mim, ele foi mandado para o nosso campo de concentração onde todos os meus soldados ficam internados. Com rotinas pesadas de treinamentos de todos os tipos.

Ordenei que o liberassem para que pudesse ver a irmã.

- Sim, ela vai ficar bem.

- Sabe, enquanto estávamos lá, sempre que eu perguntava se alguém viria salvá-la, ela desviava do assunto. Mas, eu podia ver em seus olhos o brilho.

O encaro confuso.

- O que está querendo dizer?

- Megan sabia que a encontraria. Por mais que não falasse, ela sabia que você não iria desistir dela. E você a encontrou, não foi?

- Não... - Suspiro. - Não cheguei a tempo.

- Claro que chegou, acha mesmo que eu teria conseguido salvá-la sozinho? - Indaga. - Você a salvou. É graças a você que Megan está viva hoje.

Opto pelo silêncio. Não é isso que minha consciência diz.

Logo Ryan e Samantha saem do quarto e Alec entra.

- Ela perguntou por você. - Samantha diz enquanto tenta pôr a filha para dormir a balançando nos braços.

- Duas vezes. - Meu irmão completa.

- Vou ficar com ela por mais tempo, por isso priorizei vocês.

Eles acenam e se despedem, amanhã pela tarde voltarão para a Itália. Ryan já ficou tempo demais longe dos negócios.

Alec fica lá dentro por quase uma hora, e quando eu já estou quase indo o arrastar do quarto, ele sai.

- Finalmente. - Alfineto.

- Ela perguntou por você. - Ele diz, assim como minha cunhada e irmão.

- Terá o resto do dia e noite livre hoje, pode retornar amanhã pela manhã para o campo.

Desvio do assunto. Ele confirma e sai.

Respiro fundo, me preparando para encara-la. Já na porta do quarto, dou duas batidas leves antes de entrar.

Ela está sentada e sorri ao me ver. Ou melhor, tenta, já que os pontos no corte do seu rosto não ajudam.

- Ouvi dizer que a Baronesa precisava de ajuda. - Falo me referindo ao que Alec disse naquela ligação.

Megan revira os olhos e sorri novamente enquanto me aproximo da cama.

- Quando acordei achei que estava em uma floricultura. - Estreita os olhos em minha direção.

Dou de ombros. Depois que Samantha disse que Megan gostava dessa flor, mandei que trouxessem todos os lírios possíveis para cá.

- Sua amiga disse que você gostava. Só queria que se sentisse feliz ao acordar.

- Estava me evitando?

Sento ao seu lado em um canto da cama e seguro sua mão, entrelaçando nossos dedos. Sinto minhas emoções se misturarem dentro de mim.

- Eu só..  não sei como olhar para você sem me sentir culpado.

Ela passa sua mão pelo meu rosto em um gesto carinhoso. Eu senti tanta falta disso.

- Nada disso é culpa sua, Lucius. Ele viria atrás de mim de qualquer forma, ainda bem que eu tinha você para procurar por mim, ou estaria morta agora.

Ao ouvir isso, sinto todas as tentativas de controlar minhas emoções são em vão. A primeira lágrima escorre em meu rosto.

Logo depois a segunda.

E então eu já chorava copiosamente, bem ali na sua frente.

Logo eu, que costumava nunca mostrar emoções. Estava desmoronando na frente da mulher que amo incondicionalmente.

- Me perdoe, Megan. Por favor. - Imploro pelo seu perdão. - Eu demorei demais, poderia ter me esforçado mais....

Eu me vi implorando perdão, eu faria qualquer coisa para que ela esquecesse o que passou.

- Pare! - Me interrompe segurando meu rosto com as duas mãos. - Tenho certeza que fez tudo podia, não quero que se culpe por nada, meu amor. Eu estou bem, não estou? É isso que importa no final.

E assim a puxei delicadamente para um abraço. Sentindo seu cheiro único novamente depois de tanto tempo. Acariciando seu cabelo que continuava macio, como eu lembrava.

Depois de alguns minutos abraçados, Megan faz uma pergunta que faz meus demônios internos revirarem por dentro.

- Pegou ele?

Hesito antes de responder. Pérez ainda estava no porão, sendo torturado todos os dias, implorando para morrer. Ele ainda iria sofrer bem mais.

Mas ela não precisava saber disso.

- Não quero que pense em nada disso. Você vai se preocupar somente com a sua recuperação.

Ela faz um bico, assim como uma criança mimada que foi contrariada.

- O médico disse que os pontos serão retirados amanhã.

- Ótimo. Não vejo a hora de irmos para casa, meu bem.

Depósito um leve beijo em seus lábios, antes de avisar que iria pegar algo para comer.

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