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MEGAN STILL

Durante a retirada dos pontos de todo meu corpo, Lucius ficou ao meu lado grudado como um carrapato. Segundo ele, para garantir que se a enfermeira fizesse algo que me causasse dor, seria mais fácil cortar a garganta dela, estando tão perto.

- Prontinho. - A mulher mais velha se pronuncia sorrindo e sai da sala.

- Está bem? Sente algo errado? - Lucius indaga enquanto me analisa.

Desde que acordei, ele me ronda como um soldado cuidando de algo precioso. Pergunta a cada hora se estou bem, se preciso de algo, ou se sinto fome.

- Estou ótima.

- Seu almoço chegará em cinco minutos, e hoje você vai comer, seja por bem ou por mal.

Um pequeno detalhe que vem irritando Lucius é que desde que acordei do coma, não sinto vontade de comer. Passar tanto tempo comendo apenas pão e água, por mais doentio que isso fosse, fez meu corpo repelir outros alimentos, segundo o médico.

Para isso, tomo várias vitaminas diariamente para repor tudo que perdi enquanto estava presa.

Eu sinto ânsia, minha barriga dói, dentre várias outras sensações e reações ruins que a comida vem me fazendo sentir.

Hoje não vai ser um dos dias que vou conseguir contornar a situação com Lucius, e terei que comer.

Respiro frustrada.

- Tudo bem...

Logo a comida chega e ele a coloca na minha frente.

- Pedi que Susi fizesse algo que você gosta, dessa vez.

Meus olhos brilham. Eu estava farta da comida do hospital, sem sal, sem cor, sem vida. Só me dava mais ânsia ao comer.

- Quero te perguntar algo, e espero que seja sincera comigo.

Com a boca cheia, apenas balanço a cabeça em afirmação.

- Podemos confiar no Alec?

Lentamente o encaro. Que tipo de pergunta é essa?

Por um momento um vislumbre de raiva passa por meus olhos ao ver a desconfiança de Lucius em relação ao meu irmão.

Mas isso logo se dissipa quando lembro que ele só está sendo cuidadoso.

Quando acordei e Alec veio me ver, ele me explicou tudo sobre nosso parentesco. É claro que fiquei imensamente feliz por sermos irmãos, mas, sinceramente? Isso não me importava.

Independente de ser meu sangue ou não, eu faria de tudo para que Alec ficasse bem pelo resto de sua vida.

- Ele cuidou de mim todas as vezes depois que me espancavam. Muitas vezes deixou de beber a própria água para que eu bebesse. No dia que um homem tentou me estuprar, Alec o matou. Ele me ajudou a sair daquele buraco mesmo sem nem conhecer o mundo aqui fora. Se ele não tivesse chegado a tempo, aquele homem me esfaquearia até a morte.

O rosto de Lucius é duro diante das minhas palavras, maxilar travado e punhos cerrados.

- Então sim, meu bem. Alec é alguém de confiança.

- Ótimo. - Afirma depois de soltar o ar.

- Porque essa pergunta agora?

- Alec foi iniciado, Megan. Em breve se tornará um soldado da Bratva.

Meu queixo cai. Como assim?

- Porque permitiu isso?

- Não o obriguei a nada, na verdade, ele implorou para se tornar um de nós.

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