Andamos cerca de alguns minutos, lado a lado, sem falar muita coisa. Eu realmente até pensei em puxar papo com ele, acontece que ele não parecia estar muito interessado em conversar. Vez por outra, eu reparava no seu rosto, que calmante mantinha seus olhos fechados sentindo à brisa do verão bagunçar levemente, seus cabelos.
Achei que depois do que eu disse a pouco, ele não iria mais querer que eu segurasse seu braço enquanto caminhávamos, mas eu estava errada. No meio do caminho parece que ele esqueceu disso. Uma carruagem passou correndo na estrada, eu estava distraída e quase fui atropelada. Antes que uma tragédia acontecesse, ele me puxou pela cintura, me afastando do meio da rua.
— Você parece que vive em outro planeta. — Ele falou revirando os olhos.
— Eu só estava distraída.
— Você é distraída, Lira.
Quando éramos crianças Draco sempre me chamava pelo primeiro nome, o problema foi quando começamos a crescer. Lucius começou a criar uma miniatura dele. Draco não podia mas brincar no jardim comigo ou passar horas conversando besteiras. Isso fez com que nós nos afastássemos bastante, e foi aí que ele passou a me chamar de nomes.. não muito amigáveis.
Chegamos no Três vassouras, e o lugar estava bem movimentado, mas não cheio. Draco rapidamente soltou minha mão, quase como se fosse um pecado me ver agarrada a ele. Sentamos em uma mesa para duas pessoas que ficava no fundo do lugar, e esperamos o garçom chegar.
— O que você vai pedir? — Ele perguntou.
— Não sei, ainda estou indecisa.
— Ah... — Ele suspirou impaciente. — Além de distraída é lerda, isso é um saco.
— Ei, deixe de ser resmungão. Eu já escolhi. Quero uma cerveja amanteigada e um bolo de caldeirão. — Eu afirmei ao garçom que se retirou para pegar o pedido. — Você é muito impaciente.
Enquanto esperava o pedido chegar, eu parei para imaginar como seria se eu estivesse no Brasil com meus pais.
— Pare de me encarar! — Ele disse e eu saí universo paralelo que havia criado em minha mente.
— Eu só estava pensando.
— Então pense olhando para outra direção. — Ele disse e eu revirei os olhos.
— Por que você é assim?
— Assim como? — Ele franziu o cenho.
— Assim tão asqueroso... — Ele pareceu ofendido com o que eu tinha dito.
— Eu não sou asqueroso!
— Claro que é Draco. Você se incomoda com a felicidade dos outros, vive perseguindo pessoas que nunca te fizeram nada e ainda implica com as poucas pessoas que gostam de você, se é que alguém gosta. — Falei com um pouco de raiva.
— Você vive andando com os sangues ruins só pra tentar passar a imagem de "boa moça" e quer falar de mim?
— Isso não é verdade!
— Ah não? Então, defina o que significa "verdade" para você. — Eu me segurei para não dar um tapa no seu rosto. — Você só consegue ter todas essas pessoas por perto, porque finge ser alguém que não é! Eu sei quem você é de verdade, é uma baratinha nojenta, falsa e manipuladora que usa o passado trágico como forma de se livrar dos problemas.
— Draco cala-boca!
— A verdade dói né Lira? Mas acredite, ela fortalece. — Ele debochou.
— Draco... Já chega! — Eu juro que tentei ao máximo segurar o choro, mas chegou um momento que eu não consegui e deixei uma lágrima escapar.
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𝐒𝐨𝐛 𝐚 𝐥𝐮𝐳 𝐝𝐨 𝐥𝐮𝐚𝐫
RomanceLira é filha de dois dos maiores lordes de sua época, mas não é só isso que faz com que ela possua uma certa fama. Entre decepções com a família e relacionamentos amorosos conturbados, ela ainda tem que buscar saber sobre o seu passado. Lira não s...