Incendeia-me | Kacchako

Capítulo três - Katsuki

"Vamos começar o tour pela escola, pessoal." Um menino, não muito mais velho do que eu, de cabelos e olhos na cor roxa, falou. Ele interrompeu os meus pensamentos nada agradáveis sobre o irmão adotivo de Midoriya, o que eu ainda acho totalmente sem sentido porque eles dois possuem uma personalidade muito diferente, para chamar todos os calouros para o tour pelo Colégio U.A. "Eu me chamo Hitoshi Shinso, deveria ter dito isso primeiro, mas isso não ia chamar a atenção de nenhum de vocês." Ele estava em cima de uma cadeira, na entrada do refeitório.

"Gostei dele." Tsuyu comentou para que apenas eu ouvisse.

"E, então, quem são os calouros aqui no Colégio e Universidade U.A.?" Pergunta retórica, imagino. "Sigam-me." Eu, Tsu, Koda, Midoriya e seu irmão adotivo formamos um pequeno grupo para seguir Shinso, junto de todos os outros quarenta e cinco novatos da U.A. Se Tsuyu não estivesse ao meu lado, eu com toda certeza teria ficado mais nervosa. O garoto nos levou para conhecer a escola, desde o refeitório, as salas de aula, ao ginásio, os dormitórios e o pátio. Quando notei, eram mais de três da tarde. Percebi então que o colégio realmente é grande demais, teria demorado mais tempo ainda se Shinso tivesse nos levado para o prédio da Universidade, coisa que faria apenas se algum de nós quisesse se formar ali dentro. Outra pessoa além de mim, digo. "Vocês terão o restante do dia livre, mas o toque de recolher é às nove em ponto. Sugiro que não estejam fora dos dormitórios, em seus respectivos quartos, após esse horário."

Eu não quero imaginar o que aconteceria caso não estivéssemos em nossos devidos quartos às nove horas da noite. Shinso e suas palavras me deram calafrios! Pode acontecer qualquer coisa, como algum cachorro vigilante te atacar ou você levar uma advertência. De qualquer forma eu não tenho vontade de descobrir, mas, já que faltavam cinco horas para o toque de recolher, resolvi ir com Tsu conhecer o seu quarto. Sei muito bem que isso é apenas um pretexto para que eu a ajude com as suas malas, mas evitei deixar muito óbvio o quanto a conheço. Antes de irmos, certifiquei que Midoriya estava com seu cartão estudantil para não sofrer tentando abrir a porta... novamente. Eu com certeza não iria me esquecer disso tão facilmente.

"Não se preocupe, eu estou com ele bem aqui no bolso!" Exclamou, sorrindo.

"Você é uma procedência totalmente duvidosa. Desculpe, Midoriya." Cruzei os braços, suspirando. "Não é como se eu estivesse falando que você é ruim, mas..."

"Ele não esquece a cabeça porque está grudada no corpo." Katsuki interrompeu minha fala, totalmente ignorante. Encarei o loiro, que está a três passos de distância do irmão adotivo que nada se parece consigo. "Hn. E ainda quer ser um policial renomado..."

"Kacchan, não é como se você nunca tivesse esquecido as chaves em casa."

"Menos vezes que você, eu posso afirmar."

"Mas esqueceu. Você não pode me julgar por esquecer também." Eu, Tsu e Koji Koda estávamos observando a cena, olhando de um lado para o outro como se fosse uma partida de pingue pongue. É inacreditável como uma conversa amigável havia se tornado uma discussão entre Izuku e Katsuki. Eu não me lembro de nada disso acontecendo no colégio antigo.

"Enji não se orgulha nem um pouco de você exatamente por isso." Resmungou o loiro, por fim, cruzando os braços e olhando para o lado oposto. "Cabelo de merda."

"Ele não se orgulha nem do próprio filho!" Midoriya reclamou, resmungando, imitando o gesto do outro. Eu respirei fundo, negando com a cabeça.

"Vocês dois aí!" Chamei, em alto e bom som, para que os irmãos adotivos prestassem atenção. Eles olharam rapidamente para mim, com a sobrancelha arqueada. "Se vão implicar um com o outro, por favor, fiquem quietos de uma vez. Ninguém merece ficar ouvindo seus problemas familiares. Discutam num quarto!" Exclamei, por fim, irritada.