Capítulo Trinta e Três - Eu também te amo, Ochaco.

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"Entre menino e menina, você acha que teria qual filho primeiro?"

Ochaco abriu os olhos, sentindo uma terrível dor no lado esquerdo da cabeça, próximo ao ouvido. Ela tocou, tentando a todo custo ver se diminuia o latejo, mas não parou. Levou as mãos aos olhos, esfregando-os devagar, descendo-as até as bochechas para só então perceber que está com luvas cor de rosa. Uraraka franziu a testa, confusa, sentando-se apenas para notar que está em uma maca. O que será que aconteceu? Ela lembra muito bem de, ontem à noite, ter ido dormir abraçada com o marido, após uma conversa estranhamente divertida e nada tensa. Após... Ochaco piscou, levando as mãos até a barriga, estranhando estar tão pequena. O que será que aconteceu?! Ela franziu a testa, levantando a camiseta moletom cor de rosa que não se lembra de ter colocado. A barriga lisa; A barriga sem aquela cicatriz na diagonal próximo ao umbigo que ganhou numa luta à meses; A barriga pequena. O que será que aconteceu?

"Ah... uh... Ochaco-chan?" A garota quase pulou de susto ao ouvir a voz jovial de Midoriya-Bakugo. Ela o encarou. Por que ele está tão jovem, e com metade do cabelo cortado, como quando tinha por volta de dezoito? O esverdeado havia sido obrigado a fazer esse penteado por ter sofrido muito dano e precisavam conectar alguns... tubos..? No lado esquerdo da cabeça dele para tentarem não deixá-lo falecer... após... lutar contra o pai e um dos capachos dele. "Oi, Ochaco-chan." Ela o encara com estranheza genuína, permanecendo com a testa franzida. "Bom dia." E por que também não está sentindo os cabelos caírem feito cascata nas próprias costas? Uraraka lembra de parado de cortar há anos. "F-fico feliz que tenha acordado!" Ele parece apreensivo, mas como, já que se viram no dia anterior num almoço em família na casa da mãe dele? "Você... tá bem?"

"Deku-kun, eu..." Ochaco estranhou a própria voz. Por que tão jovial? Ela havia passado dos vinte e sete tem uma semana. "O que... o que aconteceu?" Perguntou, com uma curiosidade genuína. O que está acontecendo? Onde está o seu marido? Onde está... onde está sua filha?! "Onde... onde estamos?"

Deku levantou da poltrona, ao lado da cama, para se aproximar dela.

"Nós tivemos a luta final e... e... todo mundo se machucou feio e... eu... você... eu..." Do que ele está falando?

"Luta... final?" Ochaco perguntou, visivelmente preocupada, afastando o lençol das próprias pernas. Essa conversa estava esquisita, deixando-a enjoada e tão nervosa ao ponto de sentir calor. "Contra... contra aqueles... mas... mas isso já faz nove anos! Como que você tá me dizendo isso?" Ela levantou, ficando tonta ao tocar os pés descalços no chão, e quase tombou para frente caso Izuku não fosse rápido o bastante para segurá-la. "Por que... as minhas pernas estão tão fracas?!" A garota ainda estava agarrada ao braço do amigo, como se fosse a única forma de manter a sua sanidade. "E-eu..." A pupila de Uraraka está dilatada e ela alerta, assustada por ter acordado na enfermaria do colégio sendo que não pisa nele há anos! E... O que está acontecendo?! O coração dela começa a acelerar, enquanto ela tenta, inútilmente, fingir normalidade ao se afastar um pouco do Midoriya-Bakugo... Todoroki, quer dizer. Midoriya-Bakugo-Todoroki. "Onde... Deku-kun, onde... onde está o seu irmão?" A essa altura, era visível o tom de desespero nas palavras que saíam de sua boca.

O esverdeado piscou, estático.

"Ir... irmão?" Ochaco franziu a testa, dando um passo para trás, abraçando o próximo corpo. "Mas eu não tenho irmão." Também era nítido o desespero crescente nos olhos da garota, cada vez mais sem entender o que está acontecendo. Por que estão falando de um assunto que já morreu? Por que eles estão na U.A? Por que o seu marido não está ao seu lado? Onde está o Katsuki?! Cadê o pai da sua filha? Cadê o... cadê o seu marido? Ela toca a própria cabeça, sentindo a dor aumentar drasticamente. "Ochaco-chan, o que houve? Eu sei que você dormiu por três meses, mas-"

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora