Capítulo Vinte e Dois - Briga entre irmãos

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Izuku tinha que concordar com Iida numa questão: ele adora a volta às aulas. Apesar de ter aproveitado imensamente as férias, ainda sim ele gosta de toda a turma reunida. O esverdeado choraria, e muito, quando se formassem. Ele não havia esquecido do plano mirabolante de fazer Kacchan admitir o quão interessado por Ochaco está, porque o loiro não falaria tão facilmente. Pelo menos não para Izuku. Então, numa noite qualquer, quando estavam voltando para o dormitório de um treino pesado, ele resolveu testar a paciência do irmão. "Acho que vou chamar Ocha-chan pra sair final de semana." Izuku com certeza não tinha medo da morte.

"O quê?" Kacchan quase se engasgou ao tragar o cigarro, pego de surpresa pela fala do menor.

"É." O esverdeado tentava ao máximo não sair do personagem. Precisava fingir que tinha interesse genuíno na garota! Tudo bem, estaria correndo um risco, talvez desnecessário, de morte, mas valeria a pena. Ou não, né? Talvez fosse melhor falar com Kirishima. Porra! Deveria ter pensado nisso antes. "Por que não, sabe? Nós nos damos muito bem e-"

Para de falar! Para de falar! Sinal vermelho!

"Você estava querendo a bandeira do Canadá até ontem!" Exclamou o loiro, indignado, começando a se exaltar. "Que merda é essa?"

"Mas eu sei que não vou mais ficar com Shoto. Não temos quase nada em comum, aliás, diferente da Uraraka." Explicou, sentindo as bochechas arderem e tentando não olhar o irmão nos olhos, senão acabaria entregando a mentira. Se Kacchan fosse menos explosivo e impulsivo, teria sacado na hora que era um truque. "A gente se conhece a vida toda e sempre nos demos muito bem. Ela é uma linda mulher, muito inteligente e prestativa." Izuku percebia a raiva do irmão aumentando gradativamente. "Não é como se eu nunca tivesse reparado nela antes, sabe." Meu Deus, que mentira mais lavada. Tudo bem, Izuku sempre reparou tanto nas qualidades quanto defeitos de Uraraka, mas nunca a viu com outros olhos. Ela era quase uma irmã para si!

"Deku, você é gay?" O esverdeado encarou o loiro, com a testa franzida.

"Eu sou bi, você sabe disso."

"Porra. Gosta de todas as mulheres que me beijam, seu desgraçado! Parece até que quer me beijar de tabela. Não é possível que-"

"Espera aí! Você e Uraraka..."

"O QUE TEM ELA, CARALHO?" Ele havia explodido. Pronto. Izuku já poderia se considerar um homem morto. O menor fez a expressão mais surpresa que conseguiu, como se não tivesse conseguido arrancar de Ochaco o que já fizeram quando sozinhos, nas férias escolares.

"Vocês já... hn..." Izuku não conseguia completar a frase porque, para ele, era impossível imaginar que tanto Kacchan quanto Ocha-chan tinham uma vida sexualmente ativa. "É..." O loiro havia deixado o cigarro cair no chão, apagando-o com a sola do coturno. O seu caminhar, apesar de permanecer lento, estava visivelmente tenso.

Não, cabeça de merda. Ela não me quer! "SIM!" Gritou, olhando para frente. Katsuki sabia que, caso encarasse o irmão, explodiria de uma forma bem pior. Ele perderia o controle e começaria uma briga. "SIM, SEU MERDA!" Deku jamais mostrou interesse em Ochaco, para estar falando besteiras assim. Ela mesmo afirmou para o loiro que não tem sequer atração pelo cabeça de espinafre. Então, por que o seu irmão está afirmando que irá chamá-la para sair? Do nada? Até ontem, Deku estava gostando de Shoto e deixando que o meio a meio dormisse em seu colo. O que mudou? Por que ele a deseja também? Por que ele quer tirá-la de Katsuki?

"Mas, se foi apenas um caso passageiro, você não pode me proibir de ficar com ela." O loiro piscou, parando num sobressalto e fechando as mãos num punho.

"O quê?" Sussurrou. Katsuki não conseguiu mais se controlar e, em questão de segundos, o seu punho foi em direção ao rosto do irmão. A sorte de Deku, é que ele tem um grau elevado em atributos chamados sobrevivência e agilidade, então não foi um problema para ele desviar. O loiro deu um soco no caule da árvore mais próxima, fazendo com que a própria quebrasse ao meio. Izuku engoliu o seco, observando a ira do irmão. Uma das características mais marcantes da sua família, é que eles são leais e possessivos em demasiado por natureza. Katsuki respirou fundo, com o rosto inclinado para o lado, encarando-o. Quando o maior se encontra com raiva, os seus olhos adquirem um brilho sanguinário, independente de quem seja o alvo. Izuku não se assusta mais com o irmão, porque agora também tem muita força bruta e sua cura é fenomenal de tão rápida, mas ele odeia quando precisam lutar. "Ouse se aproximar dela com segundas intenções e você morre." Não foi uma ameaça, foi um simples e mero aviso; uma promessa. Recitada em tom baixo, como se tivesse sido outra pessoa que acabara de destruir a árvore do colégio. "Eu não me importo se somos irmãos, Izuku. Toque nela e você morre." Leal e fiel como um cão de guarda. "Ochaco é minha!" Possessivo feito um felino. Midoriya-Bakugo engoliu o seco, permanecendo sério.

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora