Incendeia-me | Kacchako

Capítulo Trinta e Um - Salve-se sozinha

Proteger os civis antes de começar a lutar.

Justo.

Tudo bem.

Aceitável.

Mas por que, raios, justo a Melissa Shield tinha que ser a sua protegida? Que saco! Tudo bem, Uraraka se esforçava para não pensar dessa forma. Deixe as implicâncias de lado e se concentre na luta! Assim que ouviram o barulho da explosão, ao longe, um breu se instalou pelo salão e somente as luzes de emergência brilhavam nas extremidades das paredes. A maioria dos civis ficou preocupado e alguns dos colegas dela foram instruídos a evacuar o local, levando-os em segurança para outro lugar no prédio. Izuku recebeu um comunicado de All Might, ordenando-o que escoltasse Melissa para uma torre de controle, no centro da I-island, onde ele e o pai da garota estavam indo para tentar resolver a falha de segurança do local. Alguém havia hackeado o sistema e os seus robôs invadiram a ilha para executar a família Shield e outros nomes importantes que se encontram ali. Uma birra. Uma briga que Ochaco não fazia ideia de como havia começado ou o porquê. Vilões são assim, certo? Fazem de tudo em prol os seus objetivos sádicos e cruéis.

Como ela estava com Deku na hora, resolveu segui-lo e proteger a retaguarda. Shoto voltou para o quarto a fim de pegar seu armamento e disse para tomarem cuidado no caminho. Uraraka viu a preocupação genuína do rapaz ao dizer a frase e beijar, de forma casta, o namorado antes de partir. Ela gostaria de saber onde o homem dela havia se metido, mas tinha plena consciência de que o loiro sabe se virar até melhor que a própria... Infelizmente, a preocupação dela é genuína também e, apesar de conhecê-lo bem o suficiente para saber que Bakugo vai fazer um inferno na terra ao destruir aqueles robôs, não consegue evitar.

Que ele se proteja ao fazer o seu trabalho.

"Vamos pela floresta!" Melissa exclamou, puxando Deku pela manga do terno.

"Você tá maluca?!" Ochaco ignorou a pequena explosão de indignação na sua frase. Ela havia passado tempo demais na companhia de seu amor que tinha se esquecido de não mostrar, tão expressivamente, as suas opiniões. "Deve tá cheio de robôs querendo te matar!"

"Mas é mais rápido!" A garota mais velha exclamou de volta, encarando brevemente Uraraka, totalmente decidida. "Eu sei que vocês têm capacidade de me proteger." A convicção da loira em ambos os dois quase fez a mais nova se arrepender de não ter ido com a cara dela.

Ela encarou a loira nos olhos e acenou com a cabeça, afirmando.

"Vamos então." Izuku concluiu, deixando Melissa guiá-lo.

Buscaram ser o mais cautelosos possível, sem deixar de andar rapidamente, e ela estava certa por ser mais rápido mesmo pela floresta. Ochaco avistou ao longe, por cima das árvores, a torre de controle altíssima. Por um momento, ficou esperançosa. Sem lutas, sem feridos! Mas, a cada passo que davam se aproximando, notou que havia um aglomerado de robôs próximo do lugar que deveriam ir e a escada estava quebrada. Que ótimo! Uraraka revirou os olhos, com a expressão mais tediosa que conseguia no momento. "Precisamos de uma distração pra aqueles robôs saírem dali de perto." Avisou a menina e o seu melhor amigo, quase num sussurro. "Eu tive uma ideia."

"Mas a escada tá quebrada!" Melissa retruca, descrente. A bochechuda tinha certeza de que, se fosse Midoriya-Bakugo falando, a loira teria aceitado.

Ochaco a encarou, assustadoramente séria. "Eu tenho um plano."

"Mas-"

"Já sei como distraí-los!" Deku exclamou, interrompendo a nova amiguinha, acenando com a cabeça para a outra heroína ao colocar a mão no bolso interior do terno, procurando o que quer que fosse. Ele retirou, então, as mesmas bombinhas do tamanho de um botão que Katsuki comumente utiliza. "Me esperem aqui." É chocante o quão bem se entendem mesmo sem trocar uma palavra sobre o plano que pensaram.