Capítulo Dezoito - Liberdade, Katsuki?

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Ochaco Uraraka encara o teto do seu quarto com uma expressão chorosa, muito diferente de Katsuki Bakugou, que o encarava com uma expressão de tédio. Ele havia dito a castanha tudo o que descobriu em sua leitura e ela fizera o mesmo, agora estão deitados lado a lado, absorvendo as informações quase que inacreditáveis. O loiro não poderia dizer que sabe o que a garota ao seu lado está sentindo, nem sequer sabe o que ele próprio está sentindo no momento, e tudo o que poderia fazer - como um bom parceiro de investigação - é ficar consigo, aguardando o próximo passo que Ochaco julgaria ser o melhor a ser seguido. Não que ele não tivesse nada melhor para fazer! Até tinha, como treinar até desmaiar enquanto evitava pensar que tio Hisashi é um escroto do caralho e Deku não pode saber disso de jeito nenhum, mas Uraraka parecia precisar de um amigo. E, bem, só haviam eles dois no dormitório da 1-A até o final das férias. Como um bom amigo, não que o loiro soubesse muito bem como ser um, o adequado é ficar até que ela o expulse.

Mas esse foi o problema, ela não o expulsou. Passou dez minutos e nada! Katsuki, com a sua hiperatividade, já estava ficando sem paciência. Mas, claro, foi choque atrás de choque e pra assimilar tudo de uma vez parece complicado demais. Como ele ficaria se soubesse que, além de ser filho adotivo, sua mãe é uma criminosa e o seu pai é um herói? Perdão, ex-criminosa. Que se dane. Ou se o seu pai fosse o homem mais procurado do Japão? Aquele que bateu de frente com All Might e quase o matou, além de quase ser morto pelo herói? Por Deus, que dor de cabeça. Por que ele havia aceitado fazer parte dessa bagunça?

Merda.

Não foi somente por curiosidade...

Não, havia algo a mais ali que Katsuki procurava evitar a qualquer custo. O loiro não queria admitir que estava começando a gostar da castanha. Na verdade, não queria admitir que já gostava dela fazia um tempinho. Foi inevitável, Ochaco é uma garota incrível. Ninguém se compara com a maneira como sorri ou a forma como se esforça para ser melhor a cada dia. Ela é linda, sonhadora, astuta e elegante. Por Deus, ela é graciosa demais; ela é perfeita. Mas, obviamente, ele não se sentia digno de tê-la para si - apesar de ter um ego maior que o prédio mais alto do Japão. O seu irmão, por outro lado... Desgraçado! Por que Deku tinha toda a atenção da única mulher, do colégio inteiro, que Katsuki desejava romanticamente?

Hn.

Mas, bem, analisando melhor.

Katsuki virou o rosto para encará-la, que ainda persistia encarando o teto.

Não é o Deku que se encontra deitado ao seu lado, certo? O pensamento quase fez o loiro sorrir. Mas, infelizmente, ele já previa como tudo acabaria: consigo a amando ardentemente para, no final, ser iludido pelas míseras demonstrações de preocupação da castanha e não ser verdadeiramente correspondido. O que ela poderia ver num cara como ele? Tirando os defeitos gritantes que dizem que possui. Não que Katsuki quisesse que ela o visse com outros olhos... estava tudo bem a admirando 'de longe'.

Por enquanto.

"Cara de lua." Quebrou o silêncio ensurdecedor, encarando-a. Ou tentou. "Oa, Cara de biscoito." Ela parecia estar perdida em pensamentos, com uma expressão facial de quem ia soltar um choro escandaloso a qualquer momento. "Cara." Então ele se estressou. "OCHACO, PORRA!" Tadinha, quase sentiu pena pelo susto que ela levou. "EU TÔ TE CHAMANDO MAIOR TEMPÃO!"

"NÃO GRITA COMIGO, EU TÔ SENSÍVEL!" Ochaco o encarou de volta e Katsuki viu alternância entre raiva e tristeza no olhar da amiga. Ele arqueou a sobrancelha, fazendo ela se tocar que havia gritado. "Desculpe..." Pediu, num sussurro, olhando para baixo. "Eu não sei como... reagir a tudo isso."

"Você é livre pra fazer o que bem entender com essas informações." O loiro observou, sério e usando um tom de voz baixo. Ele só fala baixo com ela. "Você tem liberdade pra isso."

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora