Capítulo Sete - Cara de Anjo

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A porta está aberta.

Chegou a hora daquela luta.

Uraraka repetia as mesmas duas frases em pensamento a cada passo. Ela engoliu o seco, procurando não demonstrar a pequena euforia que se instalou em seu peito, enquanto ia para dentro do retângulo, marcado por tinta branca, para começar a sua apresentação de poder. Essa luta não vale nota, mas é inevitável dizer que Uraraka daria tudo de si para tentar vencer um dos melhores alunos da sua turma. Ela se perguntava como foi que fora cair justamente com ele, sendo que é bem óbvio que está um degrau abaixo dele no quesito educação física. Bakugou está parado bem ali na sua frente, no lado oposto do retângulo, encarando-a. O loiro não tem ainda uma opinião muito formada sobre a colega de turma, apenas sabia que ela arrumaria um problema caso magoasse o seu irmão adotivo novamente. Um problema alto e perigoso.

Uraraka está de cara fechada, como Bakugou, mas ele acha graça de como o seu rosto redondo fica ainda mais um pouco dessa forma quando emburrada. Quase fofo, se ele se permitisse achar outra pessoa que não fosse Himiko Toga assim. Uraraka e o loiro se encaram, sem desviar o olhar, aguardando a permissão para começar a luta. Ele não se importa se ela é uma garota, não pegaria leve porque isso iria contra os seus princípios. E, muito dificilmente, o loiro fazia algo contra a sua natureza.

"De um lado, cursado o primeiro ano da U.A. para te tornar um policial... Katsuki Bakugou!" O professor apelidado como Present Mic apresentou o garoto, animado. Ele realmente sabe como conduzir uma multidão, seja um grupo de civis de um prédio em chamas a uma multidão que assiste o Festival da U.A. "E do outro, cursando o primeiro ano da U.A. para se tornar uma detetive... Ochaco Uraraka!" A garota fechou suas mãos em punho, aguardando ansiosamente a partida iniciar. Nessa altura do campeonato, ela não estava se importando tanto com o que os seus pais diriam se soubessem daquela luta ou do que Present Mic havia dito ao apresentá-la para o pessoal. "Comecem!"

Eles permaneceram imóveis por um momento.

"Ei, cara de anjo. Você quer se tornar detetive, certo? Acho melhor desistir e lutar com outra pessoa. Eu não vou pegar leve com você." Foi o aviso de Bakugou para sua colega de classe, que engoliu o seco e corou por esse novo apelido.

Não vou desistir. Foi o que ela pensou, o encarando.

Ochaco havia observado Bakugou o suficiente para saber seus golpes previsíveis, como o gancho de direita que sempre começa a luta, e ela sabia bem sua fraqueza contra o garoto. Por esse motivo correu em sua direção com uma armadilha em mente, a garota sabia que se ele desse o primeiro passo a luta estaria fadada ao fim e à glória do loiro. "Hn. Morre, garota." Bakugou resmungou, desviando do soco, que ela havia mirado em seu peito, para o lado esquerdo e retribuindo a mesma com um soco no meio de suas costas, a empurrando para o chão. Uraraka esperava por esse movimento, logo não se espantou com o soco, apenas em como doía demais quando não era na sua imaginação. Ela usou suas mãos para evitar que seu rosto se encontrasse com a terra do ginásio, e rapidamente se moveu para dar uma rasteira no seu adversário.

Bakugou, apesar de surpreso, conseguiu pular antes que a perna de Uraraka tocasse os seus calcanhares. A garota se levantou num pulo, focada em investir socos em lugares aleatórios do corpo do loiro, fazendo-o desviar e indo cada vez mais para trás. Apenas quando estava a dez passos de sair da linha do retângulo, foi que notou a estratégia da garota... e amaldiçoou seu irmão por isso. Bakugou, então, interceptou o braço esquerdo de sua oponente e a rodopiou para jogá-la para fora, usando a mesma estratégia que Uraraka tentou realizar. Mas a garota, ágil e habilidosa que se orgulha de ter passado muito tempo assistindo e absorvendo conteúdo do canal dos heróis do Japão, conseguiu enroscar suas pernas na cintura de Bakugou e dar um soco próximo ao seu nariz. Em resposta, quase automática, gritou para ela morrer e puxou o casaco da mesma, que faz parte do traje esportivo que utilizam, e a jogou para longe.

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora