Capítulo vinte e um - Família Feliz

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Izuku poderia se considerar um cara de sorte pela vida que possui. O seu mentor é o seu ídolo desde a infância, tem grandes amigos no colégio e é querido por todos, está conseguindo evoluir suas habilidades e físico, e está numa família que o ama e o acolhe sempre. As suas férias foram resumidas em: ou ficar treinando com o aposentado All Might ou ficar ao lado de Shoto ou da sua mãe. Claro, ele jamais esqueceria a sua verdadeira mãe de sangue, mas a senhora Bakugo age como se ele tivesse saído do útero dela; como se fosse realmente seu. Ele ama muito a sua família um tanto explosiva! O esverdeado só ficou minimamente chateado com o fato do seu irmão dificilmente parar em casa e optar por ficar na escola! Katsuki era muito difícil de lidar quando queria, mas o amava de qualquer forma. Mesmo ele tendo queimado o seu caderno início do ano (ele pediu desculpas, mas os dois estavam errados por causa da discussão besta e infantil), ou ele o chamando de inútil desde sempre (ele também se retratou disso) ou vários outros erros que o loiro cometeu ao longo da adolescência por falta de maturidade.

Ao menos, nessa questão de chamá-lo de Deku, Kacchan não pediu desculpas; ele se retratou de uma forma mais meiga ao falar que o apelido não apenas significava inútil, mas também parecia uma outra palavra - algo mais parecido consigo. "Você não é um verdadeiro inútil, é apenas quieto no seu canto, emotivo e chorão. Isso é bom às vezes. Mesmo sendo um tampinha atrasado, você nunca perdia o brilho no olhar... sempre quis mais. Deku, além de inútil, também parece com outra palavra..." Então o menor perguntou o significado da outra palavra. "Significa: você consegue." Isso bastou para que Izuku chorasse por quase meia hora e Kacchan o consolando, pacientemente, reclamando pelo esverdeado ser tão chorão. Ao menos o loiro estava certo, o seu irmão sempre conseguia quase tudo o que queria pelo imenso esforço que fazia.

Pra não falar que não tiveram um momento em família nas férias, teve um almoço na casa de campo de Shoto num domingo qualquer onde basicamente a família inteira se reuniu. Endeavor e All Might, que costuma aparecer em várias reuniões visto que ele e o tio dos meninos são melhores amigos (meio irônico, pela personalidade totalmente diferente de ambos, mas fazer o quê?), ficaram encarregados da churrasqueira, enquanto a senhora Bakugo e senhora Todoroki estavam sentadas bebendo já que haviam feito a comida, e o senhor Bakugo fumava num canto afastado. Izuku e Katsuki estavam ao seu lado, fazendo o mesmo, até a mãe deles chegar gritando e batendo na cabeça de ambos, reclamando que não deveriam seguir o mal exemplo do pai e jogando fora o cigarro dos três. O esverdeado anotou mentalmente para nunca mais fumar na frente da mãe. Ou beber exageradamente como a sua mãe, o seu tio e o seu mentor fizeram minutos depois que a maioria das carnes haviam ficado prontas.

Izuku procurou ao máximo fingir que não ouvia a gritaria do trio para se concentrar na partida de poker que jogava com o irmão, os primos e sua tia - Rei Todoroki. Cada um mais concentrado que o outro. Katsuki Bakugo, com o seu espírito delinquente, para piorar a situação e deixando eles com risco de apanhar de novo, havia acendido outro cigarro. O esverdeado evitou ao máximo a vontade de se render ao vício por medo da mãe, então procurou se concentrar ao máximo nas cartas e fichas. Ele tinha um único objetivo: ganhar da tia - algo quase impossível porque ela tinha face inexpressiva, tão fria quanto gelo, e pela albina ser a campeã da família há anos. "Você está blefando, mãe." Natsuo acusou, ansioso.

"Você acha mesmo, amor?" Rei retrucou, com um sorriso curto.

"Anos de curso e você não aprende nunca, porco-espinho!" Kacchan exclamou e Izuku percebeu o quão se segurando ele estava para não acabar com o jogo de uma vez. "Seus merdas!" Era em dupla. Rei e Kacchan ganharam a primeira partida... E todas as outras cinco.

O seu irmão jamais admitiria em voz alta, mas estava muitíssimo feliz com a recuperação e volta pra casa da tia deles. O almoço era uma desculpa, onde nas entrelinhas estava escrito que era uma comemoração por Rei Todoroki estar de volta ao lar; a sua família... ao seu marido. Izuku fingia não saber do assunto, porque era isso o que sua mãe gostaria, mas ele sabe que o relacionamento de Enji e Rei, por longos anos, havia sido complicado. Principalmente pelo jeito hostil do ruivo e sua impaciência e, principalmente, por sua ausência. Por longos anos, ele havia sido distante. Um homem bom para outros civis e em contrapartida, um péssimo marido - apesar de inteiramente fiel e devoto a uma única mulher, a mãe de seus filhos. Rei teve pequenos ataques de depressão, principalmente por conta de Endeavor, e havia ficado por anos em um hospital para cuidar da própria saúde. Foram sete longos anos longe da família. Porém, isto serviu como gatilho de mudança para Enji Todoroki. Ele, segundo a mãe de Bakugo, sempre teve um coração bom - e agora era possível ver vislumbres dessa bondade pessoalmente. Izuku acredita que, pelo menos, o seu tio sempre foi louco pela esposa. E ele era o mais feliz pelo seu retorno e por ter sido aceito pela mesma novamente.

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora