Capítulo Onze - Quarto da Ochaco

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O loiro percebeu o olhar da castanha fraquejar quando bateu na mesa, com força, derrubando metade do suco de Kirishima. Mas, mesmo assim, ela bateu o pé e se manteve firme, ficou claro para Katsuki que Uraraka não iria se render tão fácil ao medo que ele poderia causar. Definitivamente ela estava sendo uma dor de cabeça desde que inventara de revelar a verdadeira face de Toga para o loiro e, apesar das boas intenções e a gentileza de pedir desculpas por enganá-lo ao ter dito que iriam estudar, a castanha conseguia ser tão irritante quanto o seu irmão esverdeado. Mesmo não tendo a visto no final de semana, seus pensamentos hora ou outra recaiam sobre Uraraka. Por que ajudar alguém que mal conhece? No fim, ele resolveu aceitar que ela poderia ter o mesmo coração bondoso que Deku. E que formariam um casal perfeito se o seu irmão adotivo de merda, como o loiro friza ao mencioná-lo, não fosse cabeça de vento e estivesse apaixonado por Himiko Toga.

"Ou é isso ou você está apaixonada por mim." A castanha corou com a insinuação, constrangida. Katsuki sabe que não é essa a razão, mas não podia negar que é uma boa frase para se deixar uma pessoa envergonhada. O loiro percebeu que poderia ter um dedo de Toga no meio da suspeita aproximação de Uraraka assim que a castanha dissera que seriam colegas de treino e se confirmou ao vê-la se aproximando da mesa onde ele e seus amigos estavam almoçando. Katsuki não é ingênuo, conseguia perceber os padrões. Uraraka acordar antes do sol nascer para correr e querer se sentar na mesma mesa que ele ao invés de ficar com Asui ou Deku? Suspeito. Ele conhecia Toga o suficiente para saber como ela é manipuladora. "E todo mundo sabe que você é louca pelo meu irmão!"

"O mundo não gira em torno de você, Kacchan!"

"Calem a boca!" Mina exclamou, irada. Katsuki encarou a rosada, com uma sobrancelha arqueada. "Kats, meu bem, você não sabe o quanto eu insisti para que Ochaco sentasse com a gente. Sabe, para mudar os ares. De calmaria e nerds para inteligentes e fortes!" Ela foi para trás da amiga, empurrando delicadamente a castanha para mais perto da mesa, para a cadeira vazia ao lado de Katsuki. "Minha melhor amiga está aqui e você quer arrumar uma briga com ela? Faça isso com seu irmão!"

"A Mina é tão máscula, Denki! Agindo assim com Katsuki." Bakugou ouviu os sussurros dos cabeças de vento ao seu lado, como o próprio os chama algumas vezes, e se segurou para não dar um soco no rosto de ambos.

"Com toda certeza!"

"Hn. Não parece muito sensato vir sentar aqui só por causa da Ashido. Olhe só, sentar com mais três garotos que só pensam em treinar para se tornarem os melhores." Katsuki lançou um sorriso de canto desafiador para a castanha.

"Definitivamente escolhi a mesa certa para sentar então." Ochaco retrucou, mordendo o interior da bochecha. O loiro perguntou a si mesmo quando que a garota havia se tornado tão ousada daquela forma. "Agora... nós podemos comer em paz, Kacchan? Estou morrendo de fome! E preciso do meu mochi de morango de sobremesa."

"Senta bem aí, garota." Mina ordenou, alegre, e Ochaco sentou ao lado de Bakugou. O loiro revirou os olhos, bufando, mas se sentou no seu lugar. Katsuki ficou o mais silencioso possível, de braços cruzados, apenas bufando. Havia perdido o apetite. Ele tinha certeza que a castanha não aguentaria nem dois dias naquela rotina nova que criara para si.

Para a surpresa de Bakugou, Ochaco foi para a pista de corrida no dia seguinte e no outro e no outro. Uma semana depois, se pegaram descendo para a cozinha ao mesmo tempo, tomando suco de laranja e comendo ovos com bacon juntos, feitos pelo loiro enquanto a castanha fazia palavras cruzadas na bancada. E na semana seguinte, mais precisamente em uma quarta-feira, Katsuki Bakugou saiu entrando, aos berros e bufando, na ala feminina do dormitório da 1-A porque Ochaco não havia descido no mesmo horário que ele. Não foi difícil descobrir o quarto dela, sabia que era uma porta depois de Mina porque a rosada mencionou mais de uma vez naqueles dias.

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora