Capítulo Dezesseis - Melina Assuma

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Os estágios haviam começado e, com eles, um pouco de sua aflição aumentou. Estar próxima de Gunhead fazia ela se questionar o motivo de seus pais não serem como ele: que a incentiva, ensina a lutar e se esforça para que fique animada. Também a fez lembrar daquela enfermeira que foi examiná-la, que era muito parecida consigo, porque Tsu e Shoji escolheram estagiar justo naquele hospital e, vez ou outra, mencionaram ter visto uma mulher parecidíssima com Ochaco. O que quase ninguém sabia é que a castanha foi adotada quando ainda bebê e, ao acabar se esbarrando com pessoas assim, o seu coração ficava em pedaços. Os seus pais nunca souberam a identidade daqueles que trouxeram Ochaco a vida e ela teria ficado grata se eles jamais houvesse levantado esse assunto em pauta.

Justamente por estar sozinha com Katsuki quando a mulher loira apareceu, e ele a questionou um bocado quando a mesma saiu, Uraraka contou a verdade que conhecia: Que é filha adotiva, ninguém conhece os seus pais e somente Tsu e Izuku (os de fora da família) sabiam desse fato. Ele ficou surpreso, claro, como não ficaria? Ochaco se parece muito com a mãe, porém, disse que a ajudaria a descobrir quem era aquela mulher e, bem, ele era conhecido por sempre cumprir sua palavra. Mas como a castanha não se aguentava, conseguiu visitar Tsu no estágio, logo após de sair da agência do Gunhead, e pediu informações no balcão.

"Ela cuidou de mim quando eu estava aqui e eu gostaria de agradecer, mas nem sei o nome dela para começar." A castanha falou, sorrindo de forma inocente, para a recepcionista - que a olhou de cima a baixo, com um olhar cético, e por fim decidiu ajudar a mais nova.

Melina Assuma

Agora ela tinha um nome e esperanças melhores do que no início.

Já era um começo, certo?

Todavia, Ochaco não conseguiu descobrir nada tendo essa informação.

Ela passou horas na biblioteca do colégio em busca de qualquer mísera indicação que estava no caminho certo, mas tudo o que encontrou foi o registro de entrada do hospital - onde trabalha atualmente -, a idade - a mesma da sua mãe - e suas especializações. Nenhuma foto ou registro de carteira de habilitação! Ochaco bufou, deitando a cabeça na mesa de madeira. Parecia a mesma reação de quando perguntava à vovó, por parte de mãe, quem era a garotinha sentada no balanço que a sua mãe segurava, pronta para empurrar a menina. Vovó sempre agia da mesma forma: se estava risonha, mudava drasticamente como que água pro vinho, ficando raivosa em questão de segundos, resmungando: "Essa é uma traidora de sangue nojenta! Não sei porque o seu avô ainda quer ter essa foto na minha casa! Não me pergunte sobre essa mulher, Ocha, nunca mais! Ela é uma escória nojenta que-" e algum parente sempre a interrompia. Depois o seu avô explicou que era a irmã gêmea da sua mãe, Asami, e vovó não gostava de falar sobre ela - por isso jamais deveriam desrespeitá-la a mencionando em casa. Era um pouco chato ao seu ver. Asami e Atsuko, as gêmeas da família e que Ochaco sequer sabia tamanhos detalhes sobre a sua tia.

Asami e Melina Assuma são o maior caso de mistério de toda a sua vida, mas ela não ficaria no escuro por muito tempo. Pelo menos, não sobre a enfermeira! Tanto que, com esse pensamento em mente, cogitou pedir ajuda a Katsuki. Ora, ele era o único que sabia sobre aquela loira e a castanha não queria de forma alguma envolver mais gente nessa busca. A sua intuição dizia que deveria ser um segredo muito grande e, por isso, o ideal era mantê-lo assim até segunda ordem. Pensando assim... Ochaco enviou uma mensagem para o loiro explosivo da sua classe e ele não tardou a responder, de forma tão curta e direta que ela quase se sentiu ofendida - isso se não soubesse das reclamações do Kirishima sobre Kacchan ser péssimo em conversas online. Deveria ser grata! O loiro não a xingou, não mandou ela morrer, apenas respondeu "OK" depois do pequeno texto de Ochaco sobre o que havia descoberto sobre a loira e da pergunta que fizera sobre: "Você pode me ajudar a descobrir quem ela é?"

Incendeia-me | KacchakoOnde histórias criam vida. Descubra agora