𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐕𝐈𝐈

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- Falo com você depois – Disse a Niall, afastando o celular do ouvido e desligando em seguida, ainda com os olhos fixos nos azuis em minha frente.

Com as mãos para trás, ele engoliu seco, semicerrando os olhos em minha direção, e sem dizer nenhuma palavra sequer, dei abertura para que Tomlinson entrasse no apartamento. Fechando a porta, com uma inevitável e incontrolável curva no canto dos lábios, afinal, se estivéssemos em um jogo, isso com certeza seria um ponto para mim.

Assim que virei meu corpo, para minha surpresa, tive meus movimentos interrompidos pelo metal do cano de uma pistola Glock G19 tocando o lado direito da minha cabeça.

- Onde ela está? – Sua voz ríspida soou entre os dentes, enquanto eu involuntariamente rolava os olhos.

- Ela quem? – Fingi não saber do que se tratava.

Não iria dar o gosto para ele de saber que eu tinha informações de sua vida, como se tivesse algum interesse.

- Não minta pra mim de novo, Styles – Ele alertou – Onde escondeu ela? – Insistiu

- Não tenho mais porquê mentir pra você – Falei simples – Não sei do que está falando, Tomlinson.

- Vai me dizer que não tem nada relacionado com o sequestro da Charlotte?! – Ele empurrou um pouco minha cabeça com o cano da arma, ameaçando.

Passei a língua sobre os lábios os umedecendo, inspirei o ar uma vez e em seguida, movi meu braço direito num único movimento, agarrando a pistola pelo cano, e com o esquerdo segurando o pulso de Tomlinson, torcendo levemente seu braço nas próprias costas.

Deixei meu corpo junto ao dele e aproximei o rosto sobre seu ombro esquerdo.

- É exatamente o que estou dizendo – Disse num tom baixo e minha voz rouca pareceu sair mais grave, enquanto ele parecia ter a respiração levemente alterada – Mas fique à vontade para dar uma olhada pelo apartamento, se preferir – Disse o soltando, pegando a arma de sua mão e me afastando.

Caminhei até o centro da sala colocando a arma sobre a mesa de centro e sentando-me de forma relaxada sobre o sofá, levando meu olhar até Louis, ainda em pé me fitando.

- A casa é sua, Tomlinson – Disse de forma irônica, erguendo as sobrancelhas.

- Certo – Ele concordou no mesmo tom.

Em seguida apenas pude ouvir seus passos por todo meu apartamento, abrindo portas, batendo em paredes para conferir se nenhuma era falsa, olhando cada mínimo centímetro, provavelmente até mesmo minhas gavetas.

Esperei alguns minutos e me levantei, caminhando até o minibar e servindo dois copos de whisky, enquanto ele voltava para a sala, com uma expressão levemente aliviada, mas principalmente tensa.

- Quem você está procurando afinal? – Perguntei dando passos até ele e estendendo o copo com a bebida.

- Charlotte, minha irmã – Louis disse com clara derrota na voz, aceitando o whisky e levando aos lábios em seguida, ao que meus olhos corriam pelo seu corpo, com algumas lembranças na mente.

- Não tem ideia de quem pode ter sido? – Perguntei agora recostando o quadril no encosto do sofá preto da sala, cruzando as pernas e os braços, enquanto Louis passava a mão pelo cabelo, negando com a cabeça.

- Além de você? – Disse erguendo as sobrancelhas – Não, não tenho.

- Não trabalho dessa forma – O corrigi, pausando minha fala para dar um gole na bebida – Quanto menos pessoas envolvidas, melhor – Afirmei e ele levantou os olhos até mim, como se analisasse o que eu tinha dito, ou o que queria dizer – E como eu já lhe disse, não precisa mais se preocupar comigo, estou fora do seu caminho.

- Claro – Louis concordou com uma risada breve e seca, passando a caminhar em minha direção a passos lentos – Você realmente disse... – Ele dizia fitando o chão, com o copo em sua mão esquerda e a direita afundada no bolso da calça, até estar próximo o suficiente para que sua respiração quente fosse contra a minha pele – Mas não é como se fosse alguém em quem eu devesse confiar, certo?! – Provocou, num tom baixo de voz, enquanto os olhos azuis deixavam os meus e fitavam brevemente meus lábios.

- Não ligo se não confia em mim – Respondi no mesmo tom – Mas eu estou pouco me fodendo pra você e sua irmã desaparecida – Falei, erguendo o copo o levando até meus lábios, dando goles no líquido gelado ainda com os olhos no rosto dele.

Abaixei a mão com o whisky novamente, e ele permanecia próximo demais a mim, com os olhos azuis e irritados nos meus. Com certeza o que eu disse havia causado uma reação ruim nele, estava frustrado pois não esperava, ou não gostaria, de ouvir que não me importava com ele. Mas não estava mentindo dessa vez, eu de fato não dava a mínima.

- Prefiro você quando está amarrado, implorando para que eu te bata – Sua voz saiu num tom irônico e provocativo, e eu sabia que ele estava tentando me humilhar.

Quanta falta de princípios.

- É claro que prefere – Disse em tom óbvio – Mas sinto informar que tenho uma agenda cheia hoje, não tenho tempo para isso – Continuei agora caminhando até a porta e segurando a maçaneta – Que pena que perdeu sua viagem – Falei cínico, com um sorriso pequeno e sobrancelhas erguidas, abrindo a porta para que ele saísse.

Louis soltou uma risada seca e desviou o olhar para os lados, deixou o copo meio vazio sobre a mesa de centro e pegou novamente sua pistola, a guardando dentro do suporte escondido no blazer, em seguida caminhando até a porta.

Parou em minha frente, já no corredor, e então correu os olhos azuis pelo meu corpo, lentamente, como se pudesse ver através da calça que eu usava, ou contornasse cada traço da tinta sob minha pele em meu peito desnudo.

- Sabe Styles – Ele começou a dizer com ambas as mãos no bolso – Bom saber que pelo menos um de nós está tranquilo quanto a tudo isso – Falou de modo simples e levemente debochado – Alguém por aí quer muito me ver morto, e ainda não conseguiu – Ele interrompeu a fala, umedecendo os lábios e passando a ponta dos dedos sobre o queixo – E você é o culpado por isso, como me disse.

Continuei o fitando, com o cenho franzido, segurando com um pouco mais de força a maçaneta da porta, enquanto a expressão que ele carregava era debochada.

- Passar bem – Falou acenando com a cabeça – Styles – Enfatizou, antes de se virar e entrar no elevador.

Puta que pariu.

Assim que fechei a porta entendi exatamente o que Louis queria dizer, e por mais que eu odiasse admitir, ele poderia estar certo.

Malik queria acabar com a vida dele, contratou a mim para que fizesse isso, e depois de semanas eu voltei atrás no acordo. Ele no mínimo estaria muito irritado comigo.

Peguei o celular no bolso da calça e disquei no numero dele, e como já esperava, caiu diretamente na caixa postal, o que me fazia crer cada vez mais que, assim como Tomlinson, eu também correria riscos, mas diferente de Louis, não havia ninguém que Malik pudesse ameaçar para me atrair até sua armadilha.

Ele teria que vir até mim.

E eu estaria pronto para recebê-lo, depois de tanto tempo. 

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora