Ainda que fosse dia, o céu estava em tons cinzentos e escuros. As nuvens carregadas cobriam o céu e tornavam o clima frio e a energia pesada. Parecia um bom dia para acabar com a vida de um velho conhecido mal caráter.
Em todos os anos desde que as coisas entre mim e Zayn começaram a não serem mais tão pacificas quanto um dia já foram, eu nunca imaginei que o mataria pelo o motivo o qual estava me fazendo dirigir até sua casa com a arma carregada no banco do passageiro.
Eu matei muitas pessoas, por muitos motivos diferentes. Contra a minha vontade, para me defender, por dinheiro, interesse, até mesmo raiva e orgulho. Mas matar por vingança, seria a primeira vez.
E me parecia ser a pior e a melhor das razões, ao mesmo tempo.
A pior porque eu precisava admitir, para mim mesmo, que pela primeira vez eu me importava com alguém a ponto de querer vingar a morte dessa pessoa. Querer morto o homem responsável por tirá-lo de mim.
E a melhor porque seria – ao menos – satisfatório saber que eu dei a Malik o castigo merecido pelo o que ele tinha feito.
Ele matou Louis Tomlinson.
Ouso dizer ainda que, não só fez isso pelos motivos iniciais a que me contratou também, há meses. Mas sim para me fazer sentir a dor da perda. Como ele sentiu quando Payne foi morto.
Ele merecia morrer por isso. Pela sua crueldade e egoísmo.
Estacionei meu Audi em frente ao portão grande e me identifiquei na campainha. A porta se abriu, revelando a imagem de um de seus homens, desarmados.
Eu o segui pelos corredores e passamos direto pela porta do escritório de Malik, indo até o fim do corredor principal, no andar de cima, onde havia uma porta dupla de madeira. Dava acesso a uma sala grande, com sofás ao centro e uma mesa pequena de apoio, a parede do fundo toda revestida por prateleiras com livros e objetos de valor. A cortina branca flutuava de leve para longe das aberturas das enormes janelas, e Maik estava ali, em minha frente, no centro da sala.
A forma como ele me encarava, como se tivesse aguardado por muito mais tempo do que alguns minutos desde que me identifiquei no interfone, me irritava profundamente.
Eu deveria ter lhe cumprimentado e perguntado o que ele sabia sobre o paradeiro de Louis. Mas ao fita-lo, não consegui pensar em nada além de tudo que ele já havia arruinado na minha vida.
Malik foi ambicioso a ponto de aceitar o perdão de Wright apenas por dinheiro e luxo. Ele sabia que eu era merecedor daquela herança, e ainda assim não fez nada a respeito. Um completo egoísta, que agora tinha tirado de mim – novamente – algo que era meu por direito.
Pouco me importava se ele e Louis haviam tido desentendimentos. No dia do resgate de Charlotte ele soube que tínhamos um envolvimento, e ainda sim, escolheu tirá-lo de mim. Escolheu matá-lo. Que tivesse o sequestrado, ou que Louis tivesse se entregado e sugerido o acordo de morrer em meu lugar, não importava. Malik deveria ter negado. Deveria ter seguido sua vida e nos deixado em paz, ou então ao menos, se restasse alguma gota de humanidade em seu sangue, deveria ter me matado também. Porque eu, jamais, teria feito o mesmo com ele. Eu traí a confiança de Wright por ele. Para tentar salvar a vida do homem que ele dizia amar.
E foi assim que ele me devolveu o favor. Matando o meu coelho branco. Tirando a vida da única pessoa que significava para mim, o que ele dizia que Payne um dia significou para ele.
Por isso, minha primeira reação foi apontar a arma em direção a sua cabeça.
- O que fez com ele? – Perguntei alto, e ouvi apenas um ruído de arma sendo carregada atrás de mim.
Malik fez um sinal para que seus homens deixassem a sala, ficando apenas nós dois ali, e então ele inspirou o ar antes de me responder, sem parecer nenhum pouco intimidado pela arma.
- Styles, acho que entendeu errado – Ele disse numa voz calma.
- O que você fez com ele, porra? – Repeti a pergunta, mais alto. Meus olhos fitavam Zayn com ódio, apenas porque tudo que eles desejavam ver era Louis. Vivo.
- Por que você se importa tanto? – Ele perguntou, franzindo o cenho.
Sua calma e indiferença me faziam querer matá-lo naquele exato segundo, mas eu precisava saber o que tinha sido feito com Tomlinson. Ou pelo menos, onde seu corpo estava.
- Não importa! – Falei alto – Nem venha me dizer que se importa, você sempre foi fraco e egoísta demais – Disse entre dentes – O que você fez, nem mesmo eu, teria coragem de fazer a você Malik. – Comecei a dar passos em direção a ele, meu braço estendido, com a arma em sua direção – Sua ambição tem te destruído desde o dia que Payne morreu para nos tirar daquele inferno. Ele estaria completamente decepcionado com você. – Colei a ponta do cano da arma sobre sua testa, olhando no fundo de seus olhos amendoados – O único orgulhoso desse enorme pedaço de merda que você se tornou, Malik – Eu cuspia as palavras com desdém em seu rosto – Seria o seu querido Wright.
- Você não sabe o que diz, Styles – Ele retrucou baixo, com a raiva em seus olhos.
- Ah eu sei – Disse em meio a uma risada breve e sem humor – Eu sempre fui o mais inteligente e ágil, e você? Era apenas o brinquedinho dele, não é?!
- Cala a boca Harry! – Zayn gritou contra mim e eu o empurrei até a parede com livros, segurando seu corpo contra ela com o braço esquerdo e posicionando a ama na lateral do seu rosto.
- O que – Gritei – Você – Meu coração pulsava forte de pura raiva – Fez – Com meu rosto a centímetros do dele – Com ele?
Senti meus olhos levemente marejados, minha pele suava, e eu queria apertar o quanto antes aquele gatilho. Os olhos de Zayn eram incrédulos para mim.
Se ele não respondesse minha pergunta no segundo seguinte, eu afundaria o dedo naquele gatilho e estouraria seus miolos.
- Nada.
A voz de timbre agudo, baixa, e num tom levemente ríspido soou ao meu lado. Por um milésimo acreditei estar delirando, mas precisei virar meu rosto para ter certeza.
Foi quando eu vi, em uma camisa branca de botões, uma calça preta de corte reto, um cinto marcando sua cintura, com as mãos no bolso e os olhos azuis. Vivos e azuis, me encarando.
Louis. Completamente vivo e inteiro em minha frente.
Sem nenhuma marca de arranhão nem nada que indicasse que alguém tivesse encostado um dedo nele sequer.
Soltei Malik sem nem voltar meus olhos até ele, abaixando a arma e encarando, ainda incrédulo, a imagem do homem em minha frente.
- Olá, Harry – Ele disse com uma curva pequena e sem humor no canto dos lábios finos e eu finalmente consegui me recompor.
Encarei Zayn ao meu lado, em silêncio, e voltei a encarar Louis. Ele não deveria estar tentando nos matar agora mesmo?
- Louis? – Perguntei confuso, enquanto parte de mim ainda não era capaz de processar sua imagem ali – O-o que...? – Iniciei a pergunta mais óbvia, fitando Zayn por um breve segundo e voltando meus olhos até ele.
Não fui capaz de finalizar minha frase. Ainda estava surpreso demais, já que a maior parte de mim já acreditava que Louis Tomlinson estava morto.
Mas não estava. Louis estava vivo e parado bem na minha frente. Depois de dias longe dele, tentando entender o motivo do seu desaparecimento repentino, ele estava ali. Com seus olhos azuis frios e indecifráveis sob mim, as mãos no bolso da calça, o cabelo levemente bagunçado, dentro da casa do homem que o queria morto há meses.
Vivo.
***
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𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬
FanficHarry é um assassino por recompensa altamente treinado. É contratado por um chefe do crime para executar Louis Tomlinson, um homem poderoso e milionário, que deixou para trás muitos inimigos em sua jornada. A tarefa parece simples, até ele conhecer...