𝐂𝐚𝐩í𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐋𝐈𝐕

1K 173 52
                                    

Então Louis esteve em ligação com Zayn enquanto estávamos em Los Angeles, e não me disse nada a respeito.

Pior do que antes, as coisas se encaixavam muito menos agora. Já não estava fazendo sentido Louis ter sido sequestrado – levado à força – por Malik ou seus homens, sem que alguém percebesse, ou eu acordasse. E como ele teria tempo para fazer a encomenda da documentação falta se estava literalmente sendo levado contra sua vontade para alguém que gostaria de matá-lo? O bilhete fora escrito por ele, isso eu tinha certeza.

A caligrafia era a dele.

Se algo tivesse acontecido a ele, um de seus funcionários silenciosos teria me dito pela manhã, ou até mesmo me acordado a tempo. Mas eles sequer dirigiram a palavra a mim quando me levantei e deixei a mansão de Londres, como se estivessem seguindo uma ordem dada a eles.

Sobre a documentação, Malik poderia ter usado o nome de Louis para encomendá-la, e para conseguir as fotos não deveria ter sido tão difícil. No galpão, Wright tinham fotos nossas exatamente para tais fins, e Zayn poderia ter deixado algumas em reserva caso precisasse.

Confirmei que essa era uma forte possibilidade quando fui até a documentação falsa que havia deixado na mala e reconheci as fotos. Eram as mesmas que Wright tinha, quando eu tinha acabado de fazer dezoito, pouco antes de tudo acontecer.

Ou seria Louis que teria feito a encomenda e conseguiu as fotos em minhas coisas? Por incrível que pareça, agora não me lembrava se andava com elas ou não em minha carteira.

Talvez eu não estivesse conseguindo pensar direito.

Abri uma garrafa de whisky, e me servi com duas pedras de gelo no copo. Com a documentação falsa na mesa e o bilhete deixado por Tomlinson, eu dei meus primeiros goles na bebida e continuei tentando encontrar possibilidades.

Louis poderia ter sumido por conta própria afinal? Malik poderia estar atrás dele tanto quanto eu estava?

Mas então o que eles teriam conversado no celular?

Dei mais um gole no whisky e enquanto engolia o líquido gelado que queimava minha garganta, descendo o pulso e deixando o copo tocar a mesa, me dei conta de uma forte possibilidade do que poderia estar acontecendo afinal de contas.

Louis sabia que o alvo inicial de Malik era apenas ele. Mas o fato de eu não ter feito minha parte irritou Zayn o suficiente para que eu me tornasse o alvo também.

Agora parecia fazer sentido do porquê Louis sugeriu que na ida ao cassino ele fosse até Malik, ele sabia que não seria tão fácil, ele na verdade esperava que apenas um de nós dois saísse da cidade vivo. Eu.

Será que ele havia feito um acordo com Malik? Disse que se renderia no cassino e em troca eu permaneceria vivo? Era loucura pensar que ele trocaria a vida pela minha, mas eu teria feito tal acordo facilmente, se tivesse a chance.

Acontece que – se caso o acordo tenha mesmo sido feito – Zayn não o cumpriu, sabia que estaríamos a caminho de Las Vegas e mandou seus homens para nos matar, desprevenidos. Obviamente não conseguiram o que queriam, mas foi por isso que Louis percebeu que Malik não cumpriria sua parte do acordo.

Nesse caso, só lhe restou partir. Ir ele mesmo, totalmente sozinho, até Malik e resolverem entre eles. Louis sabe que eu jamais teria deixado ele ir sem que eu fosse também, se tivesse me dito toda a verdade.

Agora eu sabia que estava certo sobre ele estar com Malik, mas não porque fora sequestrado a força, mas sim porque ele tinha ido até lá. Ele foi se render, para acabar com tudo e finalmente me libertar desse ciclo vicioso.

"Não espere por mim"

Li mais uma vez as palavras escritas por ele no bilhete. Era sua despedida.

Ele sabia qual seria seu destino no momento que decidiu me deixar sozinho naquela mansão em Londres.

A morte o aguardava, como se ele fosse o convidado de honra do mais fino e refinado jantar da cidade de Nova York. E ele sabia disso.

A vibração do celular sob a mesa me tirou a concentração e o olhar fixo nas letras que começavam a parecer se embaralhar no papel. Na tela acesa, o nome de Horan insistia que eu o atendesse, mesmo que minha voz parecia nunca ter existido naquele momento.

- Harry? – Ele perguntou após ser atendido pelo silêncio do meu apartamento – Tá me ouvindo?

- Sim – Foi tudo o que eu disse, ainda sem conseguir assimilar o que poderia de fato ter acontecido a Louis Tomlinson enquanto eu segurava o celular na orelha, com minha mão viva, o sangue quente nas veias, o coração pulsando.

Eu ainda estava vivo, ele não mais.

- Tenho uma boa noticia e uma ruim – Horan continuou e eu me forcei a prestar atenção nas suas palavras.

- Fala

- A ruim é que eu não achei nada sobre o Louis desde a última vez que nos falamos – Ele começou com um tom calmo demais para o que isso significava para mim – Mas a boa é que eu sei onde o Za...

- Onde? – O interrompi com a voz mais firme do que eu esperava. Sem notar que o tom de pele dos meus dedos era mais claro por conta de pressão com que eu segurava o celular em uma mão e copo meio vazio de whisky na outra

- Ele voltou para casa dele de Nova York – Niall continuou, ignorando minha interrupção – Não sei exatamente quan...

- Certo, obrigado – Disse rapidamente, me levantando – Tenho que ir.

- Vai ir atrás dele?

- Preciso acertar algumas coisas – Falei sério, em seguida encerrando a ligação.

Caminhei até me quarto e me troquei, colocando meu terno preto risca de giz, uma camisa em tom branco e minha gravata azul marinho. Escolhi meus melhores sapatos italianos, que combinavam com a minha pistola produzida no mesmo país, que seria usada para vingar a morte Louis Tomlinson naquele dia nublado em Nova York.

***

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora