𝐂𝐚𝐩𝐢́𝐭𝐮𝐥𝐨 𝐗𝐕𝐈𝐈𝐈

2.8K 403 317
                                    

O garoto de olhos verdes, agora com seu corpo magro e alto, em uma camiseta preta surrada e uma touca cobrindo os fios de cabelo castanhos e encaracolados, entrou. Seguido pelo loiro de olhos azuis e o outro de cabelos castanhos e lisos, caindo sobre a testa, cada um segurando uma mala preta de tecido nas mãos e as colocando sobre o balcão em seguida.

- Abram – O homem mandou, enquanto o garoto loiro, que agora já tinha seus 16 anos, dava um passo à frente e abria o zíper da primeira mala, revelando vários montes de notas de cem dólares.

Ele então se levantou, pegando um dos montes nas mãos e passando a ponta do dedo indicador sobre as notas, com o olhar fixo nelas, enquanto o moreno de olhos mel continuava sentado, com os olhos baixos.

- Saiu tudo como planejamos? – O homem perguntou, agora fitando o garoto de olhos verdes, que afirmou com a cabeça.

- Mas ajudaria se tivéssemos em quatro – Ele respondeu um pouco ríspido, encarando o outro garoto ainda sentado.

O homem ergueu as sobrancelhas, e sua pele grossa e com cicatrizes iluminou-se pelo pequeno feixe de luz que entrava por um dos basculantes do local, ele semicerrou os olhos em seguida, fitando o moreno sentado e voltando aos olhos verdes.

- Você acha? – Ele perguntou num tom irônico e frio, e Harry, com seus olhos verdes e agora amedrontados, engoliu seco – Acha que sabe arquitetar um golpe melhor do que eu? – Ele continuou, agora se aproximando a passos lentos do garoto – Você se acha mais inteligente, dois? – Disse entre os dentes, agora bem próximo do garoto – Responda! – Gritou, assustando o garoto, que negou rapidamente com a cabeça

O loiro hesitou em fazer algo, mas fora interrompido pelo braço do outro garoto ao seu lado, o impedindo de avançar.

- Não é porque foi o primeiro a chegar aqui – O homem continuou, novamente entre os dentes – Que pode falar como quiser comigo, entendeu? – Harry confirmou com a cabeça, ainda em silêncio.

Eles continuaram todos em silêncio, enquanto o homem continuava fitando o rosto e pele lisa e jovem do garoto em sua frente, e ele sentia a respiração quente, junto ao cheiro forte de cigarro e álcool.

- Desculpe – A voz rouca do menino soou baixa – Sei que faz o que é melhor, fui idiota – Ele respondeu.

O homem manteve os olhos escuros no garoto por alguns instantes e em seguida se afastou, voltando a se sentar na poltrona ao lado do garoto moreno, pegando o revólver em cima do balcão e o manuseando com os dedos grossos e calejados.

- Eu já disse a vocês... – Ele começou a dizer mais alto, ainda observando calmamente a arma em suas mãos – Podem sair daqui quando quiserem – Continuou, agora carregando a arma e apontando em direção ao garoto loiro, que permaneceu imóvel – Mas vocês sabem o que o mundo faz com garotos como vocês lá fora... – Ele disse fechando um dos olhos e afundando o dedo no gatilho, fazendo um estouro soar e o menino fechar com força os olhos azuis, esperando seu fim, mas os abrindo em seguida, olhando para os outros garotos e depois para a mesma direção onde eles fitavam, atrás de si, o portão de ferro com a bala afundada nele – Ele destrói.

O homem finalizou a frase, levando o cano da arma até próximo a boca e soprando sobre ele.

- Podemos ir agora senhor? – O garoto de cabelos lisos perguntou baixo.

- Claro, oito – O homem franziu a sobrancelha, fingindo um tom bondoso, carregado de maldade – Só não esqueçam de pegar a parte de vocês – Falou retirando três montes de notas e estendendo para os garotos, que pegaram em suas mãos, sérios – Isso, comprem algo para vocês, tênis novos talvez – Abriu um sorriso amarelo, onde era possível ver uma de suas obturações com um canino dourado. – O que acha, nove?

𝐓𝐚𝐬𝐭𝐞𝐝 𝐋𝐢𝐤𝐞 𝐁𝐥𝐨𝐨𝐝 | 𝐥.𝐬Onde histórias criam vida. Descubra agora