✨ Jamais Vu

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✴️ Trancendental✴️
#AmorUniversal

O clima dentro do carro estava sufocante e Jimin não conseguia entender porque sua mãe ainda chorava e porque seu pai não dizia nada. Parecia tudo tão perfeito e as explicações de Seulgi foram tão interessantes.

Ele poderia ser de fato um menino? As pessoas olhariam para ele como olham para um menino? Poderia frequentar o banheiro masculino, sem ser arrancado de lá como um intruso?

Era tão fantástico, era tudo o que ele queria.

Mas porque Haru chorava tanto?

— Papai? — Jimin chamou o mais velho que dirigia apressado, tentando chegar o mais rápido possível em casa e colocar os pensamentos em ordem.

Contudo ele não respondeu Jimin. Não sabia o que dizer a ela e temia estragar mais ainda o que já estava danificado.

— Em casa conversamos, Jimin. — limitou-se a dizer.

A sensação era terrível. Dongwoo sempre prometeu que tudo ficaria bem e a atual conjuntura dizia justamente o contrário. A esposa estava ao seu lado chorando dolorosamente por ter que processar algo tão complicado e substancialmente tenso que era ter a ideia de como sua filha, uma menina, seria vista pela sociedade e por ela mesma após as modificações corporais que viriam com a transição. Não negava que para ele também havia sido chocante ouvir que Jimin se transformaria inteiramente em um garoto, que era possível fazer todos aqueles procedimentos cirúrgicos e hormonais para adequar a garota em seu gênero verdadeiro.

Estacionou mal em frente à residência. Seu senso de percepção espacial e pensamentos permaneciam desorganizados por mais que ele tentasse recobrar o equilíbrio.

O que faria quando entrasse em casa?

O que Jimin queria dizer?

Haru bateu a porta do carro e sem que dessem conta, ela já estava dentro de casa. Dongwoo ajudou Jimin a descer do banco de trás e ele viu naquela aproximação a chance de começar a reparar os danos.

— Jimin, lembra quando eu disse a você que tudo ficaria bem? — abaixou-se para encarar a filha.

— Lembro sim. — ela disse em meio à ansiedade que apertava o peito e atrapalhava o compasso dos batimentos cardíacos.

— Eu sempre cumpri, não é? — a garota acenou em concordância e ele continuou: — Pois bem, nós vamos entrar e quero que você vá para seu quarto e espere enquanto eu vou conversar com a mamãe, tudo bem?

— Por que a mamãe tá chorando, pai? — a menina ignorou a fala anterior do homem e perguntou o que a preocupava no momento.

— A mamãe está um pouco confusa, Jimin. Por isso eu quero que faça o que estou pedindo enquanto eu converso com ela. Você pode fazer isso?

— Tá bom.

Jimin sabia que deveria seguir as instruções e esperar que ele conversasse com Haru, haja vista que os ânimos da mulher estavam visivelmente alterados e a garota sabia que o pai sempre conseguia contornar essas situações.

Os dois entraram na residência e Jimin seguiu para o quarto, assim como havia combinado com o pai e Dongwoo entrou na suíte.

Haru estava sentada na cama com as mãos apoiando a cabeça, como se pudesse segurar o choque que ainda percorria-lhe o ser.

— Haru...

Dongwoo aproximou-se devagar e sentou ao lado da mulher que agora já mantinha a cabeça erguida. Os olhos dela possuíam um vermelho intenso e estavam encharcados devido ao choro incessante.

Transcendental 🏳️‍⚧️ | JIKOOKOnde histórias criam vida. Descubra agora